Salários mais altos, autonomia e maior poder na definição de estratégias são os principais fatores que levam profissionais a fazer troca.
Nesta segunda-feira (1º/2), a Itautec anunciou oficialmente a contratação de Mário Anseloni para o cargo de Chief Executive Officer (CEO) da companhia. Assim como Anseloni, que deixou o cargo de presidente da HP Brasil no dia 26/1, especialistas em recursos humanos dizem ser cada vez mais frequente executivos trocarem seus empregos em multinacionais por cargos de linha de frente nos grandes grupos nacionais, atraídos por melhores salários e bônus atraentes. Além, é claro, de maior autonomia, já que passam a ser peça-chave no desenho das companhias.
“Com o forte processo de internacionalização, há uns quatro anos, muitos executivos começaram a trocar seus estáveis cargos em multinacionais pelo desafio de comandar grupos nacionais”, diz o diretor da consultoria de recursos humanos Hay Group, Alexandre Fialho.
Este movimento vem se intensificado com a crise. O Brasil ganhou destaque por conta de seu desempenho econômico e o País tornou-se um importante mercado para proporcionar exposição e oportunidades. “Estar no Brasil é algo valioso para carreira nesse momento”, ressalta.
A questão cambial também se tornou uma questão estratégica para os profissionais. De acordo com Fialho, os ganhos para quem atua lá fora ou em uma multinacional já não são mais os mesmos. A remuneração total (bônus + salário base) no Brasil tem um patamar elevado se comparado a outros países, explica. “Há casos de executivos que chegam a ganhar 40% acima de seus chefes lá fora”, diz.
O que na opinião de Fialho deve trazer de volta o cenário de pré-crise, onde havia uma forte escassez de altos executivos. “Tanto que, para ter as melhores cabeças, muitas empresas estão ressuscitando a antiga prática de pagar luvas para tirar o talento de onde ele está”, afirma. O pagamento de luvas no mercado executivo funciona como arma para tirar um profissional de seu emprego, ou seja, o profissional recebe uma quantia (bônus) no momento da sua contratação.
Vantagens
Esse cenário de transformações é reflexo das mudanças que os grandes grupos brasileiros vêm enfrentando de cinco anos para cá. Muito mais profissionalizados, eles evoluíram e muito em seu modelo de gestão e hoje competem de igual para igual, inclusive no mercado internacional. Posição que as coloca na lista das mais desejadas pelos executivos. "É raro ver um profissional de uma subsidiária brasileira próximo ao poder ou ter ação direta nos resultados da companhia”, diz a consultora de remuneração da consultoria de recursos humanos Mercer, Ana Paula Henriques.
Essa é uma das razões que vêm contribuindo para que os executivos troquem as multinacionais por empresas nacionais, que por outro lado estão se tornando mais atraentes pelas fortes políticas de incentivos de curto (bônus) e longo prazo (programas de stock options ou opções de compra de ações da empresa por um preço prefixado). Segundo Ana Paula, ao contrário do que existia antes, as empresas nacionais passaram a apostar em ações de longo prazo.
“Ou seja, além de salários fixos melhores e bônus mais agressivos, executivos de companhias brasileiras contam com programas de stock options mais bem estruturados”, ressalta. “Enquanto as múltis que, depois dos problemas com a crise, optaram por políticas mais conservadoras de ganhos e massificadas, que não atendem às realidades locais das subsidiárias”, diz Ana Paula.
Para se ter um exemplo da diferença salarial, a última pesquisa da Mercer realizada com 311 empresas de grande porte instaladas no País mostrou que um presidente de companhia brasileira recebeu de bônus em 2009 o equivalente a dez salários, enquanto o número um de uma multinacional ganhou apenas seis salários extras de recompensa. No caso de diretores, o executivo de uma multinacional recebeu em bônus a metade se comparado a um executivo de empresa brasileira.
Site: Computerworld
Data: 02/02/2010
Hora: 7h
Seção: Carreira
Autor: Andrea Giardino
Link: http://computerworld.uol.com.br/carreira/2010/01/11/empresas-brasileiras-atraem-executivos-de-multinacionais/