Seminário de Tecnologias Emergentes
No primeiro dia da Rio Info, o professor e pesquisador da PUC-Rio ecoordenador dos projetos ICAD-IGames/VisionLab Bruno Feijó, abriu a série de painéis que buscaram discutir o impacto das principais tecnologias e soluções que chegam ao mercado nacional. Com temas sobre TV digital, convergência digital e tecnologias centrada no usuário, o seminário que durou três dias contou com cerca de 300 pessoas.
Durante a primeira palestra, Feijó falou sobre a TV Digital, seus modelos de interatividade, sobre a estrutura da IP-TV e a diferença entre televisão na Internet. Para o professor, o inicio das transmissões digitais é a verdadeira grande oportunidade do século XXI, uma vez que o conteúdo se torna muito mais estratégico, a demanda aumenta e a oferta especializada ainda é pequena.
Bruno também garantiu que dominar o conceito de visualização (simulação visual de processos e ambientes com base tecnológica compartilhada entre diversas áreas) é extremamente estratégico para o país: “Efeitos especiais, tv, simulação, montagens de cenário. Tudo isso já é feitopor nós com muita qualidade. É uma quantidade tremenda de desenvolvimento, onde o trabalho conjunto entre programadores e criadores é fundamental”, explicou.
Em seguida, Feijó apresentou a Rede Brasileira de Visualização e mostrou como os trabalhos estão sendo realizados. Ele ressaltou, ainda, a vocação e o pioneirismo do Rio de Janeiro na área, já que a TV Globo foi a primeira no mundo a utilizar esse conceito, criando um diferencial de qualidade que tem reflexos até hoje.
Após essa primeira palestra, foi aberto um debate sobre o tema que contou com a presença de Eduardo Giraldez, Presidente da IPTV/VAT S.A., Luiz Fernando Soares, membro do Comitê Gestor de Internet da Câmara Executiva do Fórum de TV Digital, e Ricardo Guerra, Consultor de tecnologia em TV Digital no Senac-Rio. Todos os convidados falaram sobre suas experiências, apresentaram soluções e focos de trabalho.
Abrindo o painel, Giraldez explicou como funciona a IPTV (TV sobre rede de IP), sua vantagem emconseguir integrar televisão, rádio e Internet e suas variadas aplicações: executiva, corporativa, entre outras. Viabilizando transmissão de conteúdo televisivo via Internet, esse modelo precisará necessariamente de três condições para seu crescimento no Brasil: Banda Larga, regulamentação da tecnologia e investimentos.
Em seguida, ele destacou o sucesso na utilização do IPTV voltado para educação: “A IPTV aumenta o público com acesso à Internet, e assim o mercado potencial de educação à distância. Como aconteceu com o SESC, que utilizou esse método até em pós-graduação para gestores em todas as capitais do país”. Giraldez também falou sobre o sucesso do projeto da Secretaria de Educação do Amazonas, que conseguiu fazer com que 10 mil alunos do ensino médio de 200 comunidades rurais fossem atendidos por essa tecnologia, através do que Eduardo chamou de “aulas presenciais mediadas pela tecnologia”.
Apresentando o Ginga, midlleware desenvolvido no Brasil para a TVDigital, Luiz Fernando Soares falou sobre a importância dessa vitória para o país: “Essa é realmente a única inovação brasileira no Sistema Brasileiro de TV Digital (SBTVD). E, além disso, ele ainda garante compatibilidade com outros sistemas, o que oferece mercado fora do país para nossas produções”. Ele também explicou o funcionamento dos dispositivos tecnológicos que compõe esse midlleware, seus requisitos e especificações.
Já o Consultor de tecnologia em TV Digital no Senac-Rio, Ricardo Guerra, mostrou a importância em se ter um foco educacional no desenvolvimento de novas tecnologias e em pensar como o público receberá as informações que chegarão a ele. Guerra falou sobre alguns projetos desenvolvidos junto com parcerias voltados para formação profissional, educacional, corporativo e para qualificação na produção de conteúdo.
No Painel sobre Convergência Digital, temas como Wireless, VOIP e Wimax foram debatidos. Jorge Coelho da empresa Cisco, falou sobre o projetowireless na cidade de Tiradentes – MG. Essa tecnologia possibilitou acesso a computadores e Internet de muitos habitantes, além da conectividade que melhorou a produtividade do setor público.
Após apresentar um pequeno histórico sobre redes de telefonia, Cláudio Maurício da Avlis, explicou os conceitos de VOIP e a convergência feita pela empresa entre rede de voz e dados. Para ele, desenvolver planos de discagem (TOIP: analogia em a sigla VOIP e a palavra Telefonia) por gerenciamentos de chamadas de PABX é muito mais atraente para as corporações. “Entre os benefícios estão flexibilidade, plataforma aberta e padronizada, economia de escala. É uma solução completa, pois envolve IP, PABX, URA, correio de voz, entre outros aspectos. Dá agilidade e integração entre departamentos e mobilidade, pois onde quer que esteja terá seu ramal nas mãos”, explicou.
Bruno Malburg, da WiNGS Telecom, apresentou o projeto WiMax, que visa promover Internet banda larga sem fio residencial eem pequenos escritórios com difícil acesso de cabeamento. Ele falou sobre o trabalho em criar interoperabilidade entre padrões desse sistema europeu, norte americano e coreano, além da luta pela regulamentação da Anatel para operação desse tipo de rede: “Por causa do interesse das grandes operadoras de Internet a cabo na compra das licenças, o governo acredita que essa venda possa ameaçar a inclusão social, uma vez que concentraria mais esse acesso à Internet na mão dos grandes”, explicou. Entretanto, o uso de freqüências livres de Internet sem fio tem incentivado o uso de equipamentos com essa tecnologia, denominada Pré-WiMax.
Representando a IBM, Paulo Machado falou sobre o importante momento vivido pelo Brasil com o início das transmissões de TV Digital. Para ele, esse fato abre o leque de oportunidades e desafios para o setor de TI: “Atualmente tudo já se digitalizou. Só faltava o vídeo, e agora entramos nesse processo. E as convergências existentes fazem com que seja precisogerar novos conteúdos, como games na educação; saúde e consumo eletrônico, etc”, explicou. Machado ressaltou ainda o crescimento do mercado em mídias emergentes, que chega a atingir 20% ao ano, e afirmou que a tendência e que ele supere o de mídias tradicionais.
Fotos: Raul Moreira