Microsoft versus Google: o império contra-ataca

25/02/2010

Conheça os ambiciosos planos de Ray Ozzie para revitalizar os softwares da Microsoft, melhorar os serviços e vencer grandes rivais como Google.

Estar na posição de Ray Ozzie não deve ser fácil. O principal arquiteto de software da Microsoft só está há 18 meses no cargo, sucedendo Bill Gates, mas há quem diga que seu mandato será tanto o sinal de uma nova era para a empresa como o início do seu declínio.

Pela perspectiva dos acionistas da Microsoft, a imagem não é das melhores. Após uma década de desempenho tímido de ações, o ano fiscal que terminou em junho de 2009 viu o lucro líquido da Microsoft cair pela primeira vez na história. Também foram anunciadas as primeiras demissões que excederam as estimativas iniciais de cinco mil cortes. Mas o pior de tudo, pela primeira vez na história recente a Microsoft enfrenta um rival de proporções gigantes, que se mostra capaz de brigar de igual para a igual com a gigante dos softwares.

O rival, claro, é o Google, e a recente expansão da gigante das buscas está batendo em todas as frentes da Microsoft. A ênfase do Google na web como uma plataforma de aplicativos desafia a premissa de softwares e sistemas operacionais, o pote de ouro da Microsoft. As incursões nos dispositivos móveis chamam a questão do conceito de computação no desktop. Seus serviços baseados na web e softwares de código aberto afetam o modelo de negócios da Microsoft. Filosoficamente falando, o Google é a anti-Microsoft – e está conseguindo prejudicar a rival.

Em comparação, a Microsoft se adaptou pouco às mudanças no mercado. Na web, o Internet Explorer está morto em alguns padrões e vulnerabilidades críticas passam meses sem ser corrigidas. O Windows Mobile possui apenas 7,9% do mercado de smartphones, de acordo com a Gartner, e as vendas estão caindo. O novo serviço de busca da empresa, o Bing, ganhou alguns pontos do Google, exceto no principal: a popularidade do rival continua alta. Em resumo, a Microsoft está fora da zona de conforto em outras áreas, além do desktop.

Mas Ray Ozzie tem um plano. Com a divisão do Windows se fortalecendo e a nova versão do Office para ser lançada este ano, “softwares mais serviços” são o novo mantra da Microsoft. É uma estratégia de implantar softwares em suas relações com consumidores. Ozzie não quer bater o Google com seu jogo: ele prefere lembrar ao Google que a gigante dos softwares continua sendo a Microsoft. Mas, para ser bem sucedido, ele precisa reescrever o livro de jogadas da Microsoft.

Regras de Ozzie: A visão “software mais serviços”
Quase cinco anos atrás Ozzie, então recentemente nomeado Chief Technology Officer (CTO) da Microsoft, soltou um memorando com sua visão sobre o próximo passo da evolução da empresa. “As pessoas estão buscando simplicidade de serviços e softwares com serviços habilitados que ‘apenas funcionam’”, escreveu. “Executivos estão considerando a economia que serviços em escala podem fazer para ajudá-los a reduzir custos de infraestrutura, ou implantar soluções conforme a necessidade de assinaturas.”

Em outras palavras, Ozzie sentia que era a hora certa para a Microsoft competir com o Google em seu gramado, mas de uma maneira diferente da gigante das pesquisas. Enquanto o Google vê o browser como o software principal, com a nuvem sendo a origem dos dados, Ozzie via uma oportunidade de oferecer serviços e melhorar aplicativos tradicionais de desktop.

A visão do especialista não era surpreendente. Antes de entrar na Microsoft, Ozzie construiu uma carreira no conceito de que PC e rede juntos são melhores do que a soma de suas partes. Em meados dos anos 1980, Ozzie e sua empresa, a Iris Associates, desenvolveram uma plataforma que se tornou o Lotus Notes. Ele também fundou a Groove Networks, produtora de softwares de colaboração peer-to-peer, após a aquisição da Lotus pela IBM em 1994. Quando a Microsoft comprou a Groove em 2005, Ozzie foi junto para a empresa de software.
 
Atualmente, Ozzie lidera 36 mil desenvolvedores da Microsoft e tenta inserir a empresa de Redmond na era da computação em nuvem. O plano dele inclui serviços grátis para consumidores, softwares como serviço (SaaS) para executivos, integração de serviços com softwares de desktop, além de novas plataformas para ampliar a comunidade de desenvolvedores e construir novos aplicativos de web para a empresa.

O plano teve um início fraco. Muito por causa da posse antecipada de Ozzie, desenvolvedores da Microsoft estavam envolvidos com o Office 2007, o Windows Vista e o Windows 7. Mas, por trás das cortinas, a Microsoft estava reestruturando seus grupos de produção e designando times para colocar a visão de Ozzie em prática. Como resultado, o Office 2010, que será lançado esse ano, será um marco por dois motivos: junto com o Windows 7, vai atualizar o ciclo de produtos da Microsoft. Mais importante, será o primeiro ataque da visão de Ozzie contra o Google.

Site: Computerworld
Data: 24/02/2010
Hora: 7h
Seção: Gestão
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