Especialistas temem exclusão digital no Brasil

Com apenas um terço de sua população com acesso à internet e um índice de penetração de banda larga menor que o de países como Argentina, Chile e México, o Brasil corre o risco de ver seu crescimento econômico comprometido devido a este atraso. É o que dizem especialistas em desenvolvimento tecnológico, após analisarem os dados mais recentes sobre o setor.

De acordo com o IBGE, mais de 65% dos brasileiros com mais de 10 anos de idade não acessam a rede mundial, a maioria (60%) por não saber como ou por não ter acesso a computadores. O número de desconectados no Brasil é muito maior, por exemplo, que o do Uruguai, onde cerca de 40% das pessoas acessa a internet. As conexões de banda larga, fundamentais para aproveitar as possibilidades multimídia da internet, são um problema grave no Brasil, diz a União Internacional de Telecomunicações (UIT), agência da ONU para questões de comunicação e tecnologia. O órgão estima que apenas 5,26% dos brasileiros tenham acesso a conexões rápidas. O número é bem inferior ao da Argentina (7,99%), Chile (8,49%) e México (7%).

Outro estudo divulgado pela UIT no final de fevereiro coloca o Brasil atrás até de Trinidad e Tobago em um ranking de desenvolvimento de Tecnologias de Informação e Comunicação, área conhecida pela sigla TIC. Entre os motivos do atraso estão problemas institucionais, de infraestrutura e as dimensões territoriais do país, que dificultam a instalação de uma grande rede de banda larga, por exemplo. "O Brasil tem os custos de conexão mais caros do planeta", diz o sociólogo Sérgio Amadeu, professor da Universidade Federal do ABC e ex-presidente do Instituto Nacional de Tecnologia da Informação, órgão ligado à Casa Civil da Presidência da República. "Hoje, nosso maior problema de infraestrutura é o "custo Brasil de telecomunicação".

Dados da consultoria McKinsey apontam que um aumento de 10% nas conexões de banda larga pode levar a um crescimento entre 0,1% e 1,4% no PIB de um país. Outra pesquisa, do Banco Mundial, indica que esse crescimento pode ser de 1,38% em países subdesenvolvidos.

Mas não é só crescimento do PIB que o Brasil perde com o fato de a maior parte de sua população ainda estar desconectada. Para Gilson Schwartz, coordenador do centro de pesquisas Cidade do Conhecimento, da Universidade de São Paulo, as perdas atingem toda a produção, negócios e os serviços que poderiam ser feitos completamente dentro da rede e que não são feitos devido aos altos níveis de desconexão. "Quando você não tem banda larga, desenvolvimento digital, você está tirando trabalho e lazer. Nesse sentido você pode dizer que o déficit provocado pelo atraso digital é ainda maior do que o de qualquer setor tradicional", diz.

FONTE: BBC Brasil

Site: Revista Home Theater
Data: 30/03/2010
Hora: 10h05
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