EBX, de Eike Batista, entra em TIC com joint-venture com a Mitel Networks

01/04/2010

A EBX, de Eike Batista, e a Mitel Networks formalizaram uma joint-venture para o mercado de TIC. Essa aliança resultará numa empresa - ainda sem nome definido - que irá explorar o mundo de soluções IP, com oferta de aplicativos de telecolaboração e de comunicação unificada.

A iniciativa também possibilitará a criação de um centro de desenvolvimento no Brasil, com olhos para a América Latina, assim como, a produção local de telefones IP, mas não foram adiantados detalhes sobre investimentos, tampouco do modelo de negócios a ser adotado. Uma das apostas é a virtualização de serviços de comunicação.

O anúncio da joint-venture - o primeiro passo da entrada do megaempresário Eike Batista no mundo de TIC, depois dele ter verbalizado o interesse de apostar em banda larga - foi feito nessa quarta-feira, 31/03, pela Mitel Networks, no consulado do Canadá, na capital paulista. O evento contou com a presença de Terence Matthews, chairman da Mitel Networks, e considerado o 'Bill Gates' do Canadá.

Apesar de os principais detalhes do acordo não terem sido revelados - a EBX é uma empresa com ações na bolsa e a Mitel Networks retomou um processo de IPO- abertura de capital - no Canadá, previsto para acontecer em maio - a cerimônia teve tom solene, inclusive, com a presença da cônsul geral do Canadá, Abina Dann, apesar da ausência de executivos da EBX.

Para ela, o acordo da Mitel com a EBX é um sinal evidente do estreitamento das relações entre os dois países. "Temos muito pra crescer nesse relacionamento", destacou. O presidente da Mitel Networks do Brasil, Paulo Ricardo Pinto, adiantou que os detalhes da joint-venture serão conhecidos no final de abril.

Mas antecipou que a nova empresa - o nome será definido - irá incorporar as atividades atuais da Mitel no Brasil. A empresa, com presença local há dois anos, conquistou, segundo o executivo, 5% do market share no mercado chamado de Puro IP.

Fabricação local e Centro de Desenvolvimento de Software

O resultado efetivo dessa aliança com a EBX, que é cliente da Mitel Networks, é a retomada do plano de manufatura local, planejado desde o início das operações da empresa no pais. O primeiro produto manufaturado seria o telefone IP. A intenção é terceirizar a manufatura - a Flextronics pode ser parceira, uma vez que já atua em outras plantas, mas não há nada definido. "Queremos ter essa fábrica ainda em 2010", afirmou Paulo Ricardo Pinto.

Outra iniciativa é a criação de um Centro de Desenvolvimento de Tecnologia no país, voltado para a área de software. O local de instalação do centro não está definido, mas o presidente da Mitel Networks, deu a entender que a unidade não será instalada no Rio de Janeiro - sede da Mitel e da EBX.

Software, aliás, é a grande aposta da Mitel Networks. A intenção da empresa, afirma Terence Matthews é, exatamente, ser inovadora na área de aplicativos e serviços. Não à toa, Matthews não aceitou comparação com os tradicionais concorrentes - Cisco e Avaya.

“Nossa solução é diferenciada. Ninguém tem no mercado. Não fazemos telepresença, fazemos telecolaboração e o nosso segredo está na aplicação. Ela pode ser hospedada em qualquer servidor", destacou.

Para exemplificar, Paulo Ricardo Pinto, lembra que, hoje, boa parte dos clientes da Nortel Networks - empresa canadense em processo de concordata e que vendeu seus ativos para outros concorrentes, como a Avaya na área Enterprise - adota soluções da Mitel para não perder o legado de comunicação.

Indagado do porquê de investir no Brasil - um país onde a infraestrutura de Banda Larga é deficiente, mesmo nas grandes cidades - Terence Matthews não se fez de rogado. Segundo ele, o tempo de investir é 'agora'. Até porque, observou, as operadoras terão que investir em banda larga.

"Os preços desabaram. Não há mais desculpa de custo. Houve uma redução de equipamentos de US$ 1000 para US$9. Pode ter certeza: Banda larga virá e logo. O momento é esse", disse.
Na área de aplicativos de software, a aposta é verticalizar as soluções. Uma das áreas a ser explorada, é óbvio, será a de mineração e gás, onde a EBX atua."A conversa sobre a joint venture, iniciada em agosto do ano passado, inclusive, começou com a celebração de acordos de serviços. Verticais como hotéis, governo, saúde também estão na mira.

Site: Convergência Digital
Data: 31/03/2010
Hora: 17h20
Seção: Negócios
Autor: Ana Paula Lobo
Link: http://convergenciadigital.uol.com.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=22169&sid=5