O outro motivo que fez com que a SAP comprasse a Sybase

19/05/2010

As relações da Sybase com diversas instituições financeiras é mais importante para a SAP do que a perspectiva de adaptar seus aplicativos para dispositivos móveis.

A maior parte dos comentários a respeito da aquisição da Sybase pela SAP enfatizou a mudança que isso causaria no setor de mobilidade. Por anos, a Sybase se identificou como a “companhia sem fios” e é curioso constatar que essa empresa, apesar de sua longa tradição no mercado de gestão de dados, ficou mais conhecida por seu iAnywhere Mobile Office e seu e-mail seguro para iPhones e Widows Mobile.

Logicamente, o impacto que a aquisição provocará sobre o campo da mobilidade é maior do que foi dito. A Sybase trabalha com companhias de telefonia de modo a conseguir processar um volume gigantesco de mensagens, criar arquivos compactados para smartphones, e manejar e analisar dados para dispositivos móveis. A SAP, como uma grande empresa de aplicativos, pode, certamente, utilizar a experiência da Sybase para adaptar seus produtos para celulares, mesmo por que seu mercado de ERP (planejamento de recursos empresariais) não está em alta.
No entanto, há outra razão - mais convencional, para a fusão: a Sybase tem clientes muito atrativos.

Um segmento interessante de Wall Street está estagnado com a Sybase. Em uma entrevista concedida antes que os rumores sobre a venda começassem, o CEO da empresa, John Chen, me disse que “nossa base de clientes sempre foi corporativa, particularmente o governo e instituições financeiras como bancos e companhia de seguro”.

Chen espontaneamente admitiu que a Sybase quase fechou as portas no começo da década passada – e que um grande número de clientes, principalmente os da indústria financeira que construíam suas aplicações na base de dados da empresa, foram quem salvaram-na da falência. Uma vez que uma companhia financeira estrutura suas aplicações em sua plataforma, “isso é algo muito, muito difícil de ser mudado”, diz.

As relações com Wall Street são ainda mais profundos. Irfan Khan, CTO da Sybase, me contou que eles investiram muito em tecnologia para gestão de alto risco e ultra velocidade em comércio. Khan passou grande parte de seu tempo levantando os complexos requisitos que seus clientes necessitavam – e transformando esses requerimentos em produtos.

A esse respeito, gostaríamos, inclusive, de reclamar sobre os métodos da Sybase. Se os fornecedores de programas aderissem a modelos padrões, seus clientes poderiam trocar seus softwares corporativos sem que para isso toda uma estrutura fosse alterada. Em vez disso, poderiam simplesmente trocar uma solução antiga por uma mais nova.

O mercado de softwares corporativos é muito fechado. Especialmente para grandes empresas, é preciso características muito particulares, e, a partir do momento que se investe em seu desenvolvimento, em seu licenciamento ou customização, não há mais alternativas para alterar qualquer coisa.

A SAP, com certeza, espera vender aos seus novos, e ricos, clientes outros produtos. Por enquanto, a tendência é que a situação continue a mesma: Wall Street presa à Sybase.

Site: Computerworld
Data: 17/05/2010
Hora: 19h26
Seção: Negócios
Autor: Eric Knorr
Link: http://computerworld.uol.com.br/negocios/2010/05/17/o-outro-motivo-que-fez-com-que-a-sap-comprasse-a-sybase/