Brasil disputa filão de US$ 40 bilhões em exportação de serviços de TI

10/06/2010

Desta terça-feira, 08, até quinta-feira, 10, as cidades de São Paulo e Rio de Janeiro serão sede do Brasscom Global IT Forum. Parte dos esforços da Associação Brasileira de Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (Brasscom) para posicionar o Brasil como um dos três principais centros globais de TIC do mundo, o fórum está sendo realizado em conjunto com o Gartner Outsourcing Summit 2010 – Latin America.

Com o apoio da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) e do Banco Nacional de Desenvolvimento Social (BNDES), a Brasscom trouxe para o país uma comitiva com representantes de 50 grupos internacionais, incluídos formadores de opiniões, potenciais investidores e potenciais compradores de serviços tupiniquins de TIC.

“Esses profissionais serão expostos à realidade brasileira. Terão contato com fornecedores, clientes e autoridades do governo local, que demonstrarão a importância que a oferta de serviços de TI tem para o Brasil”, explica Anotonio Gil, presidente da Brasscom.

De acordo com ele, o país tem um grande potencial e condições extremamente favoráveis de aumentar sua participação no mercado mundial de TI, que movimenta atualmente mais de US$ 1,3 trilhão ao ano. “Dessa cifra, entre US$ 700 bilhões e US$ 800 bilhões são serviços terceirizados anualmente”, detalha Gil, acrescentando que US$ 100 bilhões serão terceirizados a países não centrais, ou seja, fora dos Estados Unidos, Europa e Japão.

“Sabemos que a Índia exportará cerca de US$ 60 bilhões, o que significa que existe uma oportunidade de US$ 40 bilhões em exportações para os países do segundo pelotão, no qual estão incluídos China, México e Rússia, além do Brasil, entre outros”, destaca.

Gil reforçou a meta do Brasil de exportar US$ 5 bilhões (em software e serviços) em 2011 – este ano as exportações devem somar US$ 3,5 bilhões. Embora o mercado brasileiro de serviços de TI esteja crescendo à taxa de 11% ao ano – e ainda exista espaço para seguir aumentando esse setor –, Gil destaca a importância de promover o país como provedor de serviços de TIC de alta qualidade e competitividade.

Para o presidente da Brasscom, o que falta ao Brasil, mais do que qualquer outra coisa, é justamente esse trabalho de promoção junto aos mercados externos. “O fato de sermos excelentes e competitivos prestadores de serviços é um segredo”, lamenta Gil.

“Ninguém lá fora sabe disso e é para mostrar ao mundo a nossa capacidade que trouxemos esses 50 representantes do exterior”, afirma, acrescentando que eles também serão levados até o Congresso Internacional de Automação Bancária (Ciab), maior evento de TIC do Brasil, que acontece esta semana em São Paulo.

Competitivo, sim!

Ainda que muito se fale da falta de competitividade dos serviços oferecidos pelo mercado brasileiro, Gil afirma que ela não existe. O presidente da Brasscom não nega os obstáculos impostos pela alta carga tributária sobre a mão-de-obra e pela falta de domínio do idioma inglês pelos profissionais no Brasil, mas destaca que há contrapesos.

Entre eles estão a estabilidade econômica e política do país, a menor rotatividade de profissionais (que garante a manutenção do conhecimento dentro das empresas), o alto nível e qualidade gerenciais e a cordialidade do profissional no Brasil.

“Tanto o Lula [Luis Inácio Lula da Silva, atual presidente do Brasil], quanto os três principais candidatos à presidência têm entre os principais objetivos a revisão tributária, que também trata mudanças na taxação sobre a mão-de-obra”, lembra Gil. “Falta sim uma lei clara de terceirização no Brasil”, admite.

“Somos competitivos sim e a prova disso é o crescimento experimentado nos últimos anos”, diz o executivo, recordando que em 2004 o Brasil exportou menos de US$ 200 milhões. Além de conhecerem a qualidade dos serviços existentes no Brasil, os 50 representantes trazidos pela Brasscom também devem analisar o país como pólo para instalação de centros próprios de serviços de suas empresas, entre as quais estão Bank of America, GE, Johnson & Johnson e Société Générale.

Site: Convergência Digital
Data: 08/06/2010
Hora: 17h25
Seção: Gestão
Autor: Fernanda Ângelo
Link: http://convergenciadigital.uol.com.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=22835&sid=16