CEO da Red Hat, Jim Whitehurst, alerta CIOs para as armadilhas na promessa da computação em nuvem e diz: open source é a saída.
As melhores experiências oferecidas pelo avanço de TI ainda são experimentadas no ambiente doméstico. Exemplos disso são as redes sociais, o Google, o Twitter, o iTunes e outros softwares parecidos. Já no ambiente corporativo os orçamentos de TI inflam, ao passo que os serviços oferecidos pelos sistemas melhoram a passos tímidos.
A afirmação é do CEO da empresa de sistemas operacionais Linux Red Hat, Jim Whitehurst e foi feita nos auspícios do Red Hat Summit, em Boston, nos EUA.
“Em uma conversa com um CIO, ouvi que 'o Google é o meu maior concorrente'”, afirmou Whitehurst.
O CIO, que prefere se manter anônimo, trabalha para um grupo de logística industrial. Há alguns meses esse profissional foi abordado pelo CMO e deveria definir uma maneira de os departamentos de marketing de vários países compartilharem documentos e executarem tarefas de maneira conjunta.
Depois de consultar os integrantes do departamento de TI da companhia, o CIO voltou a conversar com o executivo de marketing e lhe propôs a realização da tarefa ao custo de 14 milhões de dólares, em um prazo de nove meses.
“Do que você está falando?!” foi a resposta do CMO ao ouvir a proposta do CIO. O executivo do marketing emendou: “Eu estava ajudando minha filha no projeto de escola dela e percebi que fazia tudo usando o Google Docs; se não me engano, o custo era zero”.
Condenado
O CEO da Red Hat cita essa conversa para ilustrar um ponto bem maior; Whitehurst quer mostrar que o modelo de negócios usado pela concorrência de plataforma proprietária, como o da Red Hat, está “condenado”.
Os softwares ficam cada vez mais lerdos, mesmo com o avanço na performance do hardware. O motivo disso é que fornecedores de sistemas, como a Microsoft e a Oracle, passarem o tempo todo incrementando os pacotes de software com recursos que só são vantajosos para um pequeno grupo de usuários finais. Acontece que todos os usuários são obrigados a realizar as atualizações; é o que Whitehurst dá a entender.
“Quantas vezes já foi obrigado a realizar a atualização do sistema mesmo não tendo qualquer utilidade para os novos recursos implantados, e tudo isso porque, se não comprar a atualização, não pode mais contar com o suporte oferecido pela empresa?”, indaga Whitehurst.
“Se, por um lado, isso não significa que a empresa fabricante de software seja “má”, isso denota um modelo de negócios “falido”. Se o produto principal de um fornecedor são os recursos para as plataformas, por que eles não vendem somente os recursos, e deixam a cargo dos clientes a aquisição ou não dos implementos?”, continua.
Nuvens particulares
Isso não quer dizer que a Red Hat não desenvolva os recursos mencionados. Durante o evento, a empresa anunciou a disponibilidade do pacote Cloud Foundations; o nome já revela do que se trata. O produto oferece suporte à formação de nuvens particulares com base na integração de vários serviços do sistema Red Hat Linux.
A organização também aproveitou o evento para anunciar o lançamento do Enterprise Virtualization para Desktops e a versão 2.2 do software de virtualização para servidores.
Mas, de acordo com Whitehurst, a empresa não reajusta o valor do suporte para a versão Server do Red Hat Linux há oito anos. “E nós não inchamos o nosso software, só para fazer mais dinheiro com uma versão nova. Se o cliente é um consumidor, tem garantia de suporte. Ponto.”, diz.
O CEO dá a entender que poderia gerar receita maior, se espremesse os usuários. De acordo com Whitehurst, outras empresas do segmento Linux têm feito mais dinheiro com o sistema que eles. “Temos dez vezes mais sistemas instalados nos servidores que licenças compradas”, diz.
Iate e as nuvens
Em um slide seguinte, Whitehurst mostrou um iate enorme, supostamente de propriedade de Larry Ellison (Oracle) e disse “Esse é o iate de um CEO de uma grande empresa de software e, uma dica, não é meu”, disse.
A arquitetura típica de TI em uma empresa costuma ser confusa, intimidadora e conduz muitos CIOs em direção à estratosfera. “A nuvem por si só”, argumenta Whitehurst, “é uma saída 'estratégica pela direita', quando muitos dos problemas internos poderiam ser resolvidos com a disponibilidade das ferramentas apropriadas”.
Os clientes querem arquitetura modular e padrões abertos que possibilitem a portabilidade dos arquivos e dos dados. Se, por um lado, a nuvem oferece essas soluções, ela também pode ser considerada a “maior armadilha de todas”, ao atrair as empresas para o ambiente e, se decidir, não permitir a migração desses serviços de volta para a terra.
A Red Hat é uma das muitas empresas atuantes no segmento de software aberto e proprietário, e afirma fornecer tecnologia com ampla escolha para o consumidor. O cliente pode decidir livremente entre as opções de recursos de hardware ou de software que julgar melhor para a empresa e para os negócios.
Whitehurst afirma que a diferença entre a Red Hat e as outras empresas é que eles trazem junto uma variedade de parcerias com outras companhias.
Apesar de estar envolvida em uma solução de virtualização própria, a Red Hat trabalha em conjunto com a Microsoft e com a VMware para garantir uma integração entre as plataformas e possibilitar que os sistemas operacionais Linux rodem eficientemente em bases ESX e Hyper-v. Nada fora do comum, se admitirmos que é comum vermos sistemas Windows rodando em cima de VMware.
Ao mesmo tempo que o CEO da Red Hat tenta, de certa forma, diminuir o impacto da nuvem, ele lança os softwares de código aberto como solução ideal para esse ambiente. Em resumo, Whitehurst disse que “o software de código fonte aberto é imprescindível para as tendências como o SaaS, a Web 2.0, para a nuvem e a computação em geral; sem a economia gerada pelo uso de software livre essas tendências jamais seriam viáveis”.
Fonte: Network World/EUA
Site: IDG Now!
Data: 29/06/2010
Hora: 8h05
Seção: Computação Corporativa
Autor: Jon Brodkin
Link: http://idgnow.uol.com.br/computacao_corporativa/2010/06/28/sucesso-nos-lares-cloud-computing-ainda-causa-tempestade-nas-empresas/