Código aberto entra na estratégia da SAP

03/08/2010

Além de ser uma resposta à rival Oracle, o movimento representa uma forma de facilitar o desenvolvimento de aplicações.

Apesar de não ser tradicionalmente conhecida por sua contribuição para a comunidade de código aberto (open source), a SAP tem dado mais atenção ao tema. Pelo menos, essa é a mensagem do diretor para a unidade de padrões tecnológicos e open source da companhia, Claus Von Riegen.

“No passado, não tínhamos uma estratégia de código aberto”, informa Riegen, que garante: “Isso tem mudado ao longo dos últimos dois anos.”

Um dos fatores que levaram a fornecedora a investir nessa estratégia, certamente, foi a principal rival da SAP, a Oracle. Esta última tem se posicionado como um ativo – embora controverso –defensor dos projetos de código aberto, em especial, após a incorporação da Sun.

No caso da SAP, em 2007, a empresa começou a fazer contribuições significativas para o projeto Eclipse, de open source. E, no último ano, a companhia foi a terceira corporação que mais contribuiu com a iniciativa. Além disso, em 2009, a fabricante entrou para a Apache Software Foundation.

Assim, embora a SAP não possa ser considerada uma empresa de código aberto, “representa um bom estudo de caso de como fornecedores que trabalham com soluções proprietárias têm aprendido que é do seu próprio interesse contribuir para os projetos de open source”, avalia Matthew Aslett, analista da consultoria 451 Group.

Para a SAP, o uso de recursos abertos representa uma questão de produtividade no desenvolvimento. “Nós temos várias áreas nas quais desenvolvemos nosso próprio software, mas existem outras nas quais não enxergamos muitos diferenciais. E é aí que queremos ganhar mais eficiência com o uso do open source”, explica Riegen. Ele lembra que, hoje, a companhia usa mais de 100 aplicações de código aberto desenvolvidas fora da SAP.

Gestão centralizada
Como forma de utilizar todo o código gerado externamente, a SAP optou por padronizar a forma de gerenciar o uso do software open source. Para isso, adotou um programa chamado Code Center, fornecido pela Black Duck. Com ele, a equipe de Von Riegen gera um registro de quais aplicações (baseadas em código aberto) já foram aprovadas pela SAP para uso em seus produtos. Ela também especifica quais as versões dos sistemas que foram homologadas, o que agiliza o processo de manutenção para a empresa.

Essa abordagem centralizada também ajuda a companhia a lidar com as questões de licenças, diz a diretora global de licenciamento para open source da SAP, Janaka Bohr. “No passado, nossos desenvolvedores gastavam algumas horas procurando um produto open source para encontrar as licenças e as informações técnicas”, explica.

O Black Duck também inclui uma biblioteca na qual é possível verificar se o código-fonte aberto está inserido dentro de outras aplicações. Com isso, a SAP pretende evitar problemas com violação de licenças.

Por fim, a habilidade para revisar códigos também tem sido crucial para ajudar a fabricante no processo de aquisição de outras empresas, no sentido de incorporar todos os softwares de código aberto usados pelas companhias compradas. Ao todo, o grupo realizou 15 aquisições desde 2007 – sem incluir a Sybase –, o que exigiu examinar, pelo menos, 2 mil diferentes programas de software.

“Algumas dessas empresas adquiridas dizem que não usam open source, mas quando fazemos uma análise mais profunda descobrimos um monte de códigos de software aberto”, afirma Riegen.

Site: Computerworld
Data: 02/08/2010
Hora: 08h45
Seção: Negócios
Autor: ------
Link: http://computerworld.uol.com.br/negocios/2010/08/02/codigo-aberto-entra-na-estrategia-da-sap/