Em debate sobre a explosão da banda larga no ABTA 2010, ex-colaborador do Plano norte americano, executivos de operadoras e Rogério Santanna ressaltaram obstáculos e possíveis soluções para o projeto ser assertivo no Brasil.
No último dia de ABTA 2010, palestrantes se reuniram em debate para comentar a explosão da banda larga no Brasil e fazer um comparativo ao plano de internet implantado nos Estados Unidos. Presentes no evento estiveram Rogério Santanna, presidente da Telebrás; Carlos Kirjner, brasileiro que participou da formulação do projeto de internet norte-americano da FCC; Marcio Carvalho, diretor de produtos da Net; Fabio Bruggioni, diretor da Telefônica; Roberto Guenzburger, diretor de marketing da Oi e João Reino, VP do conselho da Acom.
Para Kirjner, o governo tem que ser cuidadoso ao estipular idéias e soluções para o seu plano de banda larga, oriundas de outros mercados. O executivo expôs alguns pontos ditos cruciais para que um Plano de Banda Larga seja assertivo no Brasil.
Segundo ele, 20% dos brasileiros vivem com menos de 1 salário mínimo. Se a intenção é um objetivo nacional, é fundamental que a indústria e o governo achem uma forma de levar inclusão às camadas mais pobres. A universalização é de interesse das empresas privadas, também. É necessário achar um modelo de negócios para atender todas as classes.
Uma das soluções indicada pelo executivo seria implantar uma espécie de “banda larga aberta”. Isto implica no fornecimento gratuito de uma velocidade mínima para toda a população para ajudar aqueles abaixo da linha da pobreza e criar um atrativo para outros planos que devem ser devidamente cobrados. Este projeto, segundo ele, não está efetivo em nenhum lugar, mas está sendo desenvolvido pelos Estados Unidos.
Sobre competição, o executivo citou quatro fatores. O primeiro é que ela é um meio de estimular preços mais acessíveis, inovação. Segundo por estar, muitas vezes, em oposição à disponibilidade. Terceiro porque, atualmente, é praticamente impossível concorrer vendendo apenas um serviço. Kirjner ressalta que, nos Estados Unidos, 90% dos clientes compram serviços agregados, como telefonia, internet e televisão paga. Por último, e um dos maiores obstáculos, é que quase sempre os objetivos de política pública são opostos aos interesses da indústria privada.
Backbones
Questionado sobre os backbones, Rogério Santanna afirmou que estes são importantes para levar largura de banda nas cidades ainda não atendidas e para estimular operadoras pequenas a concorrerem no mercado também. Ele explica que, atualmente, 85% da internet que serve o Brasil está nas mãos da Oi, Telefônica e Net e que, com os backbones livres, uma concorrência forçará os preços dos serviços serem baixados.
“Qualquer empresa poderá ser parceira do governo para fornecer banda larga. Já se pode notar que os preços baixaram”, ressaltou Santanna.
Santanna finalizou o debate afirmando que a Telebrás está trabalhando para ligar 100 cidades, além das 15 capitais, por fibra óptica até o fim do ano.
Os custos do backbone correspondem a 5% do valor total do serviço, ou seja, o resto é atribuído ao acesso da rede.
Plano de Banda Larga dos Estados Unidos
Segundo Kirjner, o plano norte-americano já dispõe de 300MHz de espectro, reforma dos direitos de passagem e das regras de atacado (backhaul) e uso de microondas. Além disso, há a competição entre os dispositivos (STB) e aplicações, com transparências de preços e performance.
Nos Estados Unidos há cerca de 70% de penetração de banda larga, o que equivale a 100 milhões de pessoas conectadas. O principal obstáculo, lá, ainda é a falta de recursos para comprar um terminal.
Contudo, lá, 95% das pessoas possuem pelo menos um provedor pelo qual elas podem se conectar a internet. “Há recursos lá que são captados – similar ao FUST -, que são distribuídos na rede privada. Assim, as operadoras se comprometem a levar os serviços para qualquer cliente”, destacou Kirjner.
Site: IP News
Data: 13/08/2010
Hora: ------
Seção: Voip
Autor: Andressa Nascimento
Link: http://www.ipnews.com.br/voip/especiais/abta/ex-fcc-sugere-internet-aberta-com-velocidade-minima-populac-o.html