Política de neutralidade oferece benefícios, mas sua aplicação em estado puro dificultaria bastante iniciativas de sucesso como a da Amazon.
Neutralidade de rede é algo bom, certo? As operadoras da Supervia da Informação não deveriam construir pedágios que atuassem como policiais de trânsito, determinando quais e quantos dados devem chegar aos usuários. Dar às operadoras esse tipo de poder colocará a inovação em perigo – é o que se diz. Mas a neutralidade de rede em estado puro poderia ter seu preço.
Um exemplo pode estar no Kindle, o bem-sucedido leitor eletrônico da Amazon. O aparelho pode receber conteúdo por redes sem fio e os usuários não pagam pelo serviço wlreless. Em compensação, há limites precisos do que pode ser entregue ao Kindle dessa forma.
É um modelo de negócios bem diferente do que a AT&T pratica com o iPhone ou que a Verizon faz com o Droid, argumenta Peter Suderman, editor associado da revista Reason, de Los Angeles (EUA). “É um modelo de negócio que se baseia, de fato, na discriminação”, disse ele nesta manhã no On Point, um programa de entrevistas transmitido pela WBUR, uma emissora afiliada à National Public Radio dos EUA. “Você pode fazer apenas certas coisas com seu Kindle.”
“Em tese”, continuou, “uma versão muito, muito estrita da neutralidade de rede, levada a seu extremo, poderia de fato tornar ilegal – ou pelo menos dificultar bastante – a operação de um serviço comercial como o do Kindle”.
Claro que o presidente da Comissão Federal de Comunicações dos EUA (FCC, na sigla em inglês), Julius Genachowski, tentou aliviar esse tipo de medo optando por tomar decisões regulatórias caso a caso. “Eles querem fazer assim para não correrem o risco de tomar alguma decisão desastrada, como tornar o Kindle ilegal por acidente”, declarou Suderman.
Resta a questão de que uma neutralidade de rede aplicada à força pode ser tão ruim quanto não seguir regra nenhuma de neutralidade. “Isso faz com que a FCC fique no meio do desenvolvimento de novos modelos de negócio, o desenvolvimento de tecnologias novas e grandiosas como o Kindle, que dependem de coisas que são diferentes”, argumentou Suderman.
“A neutralidade de rede serviu muito bem à Internet como princípio”, acrescentou, “mas estou menos confiante, menos seguro, de que é algo que precise ser regulada por autoridades federais.”
Site: IDG Now!
Data: 17/08/2010
Hora: 09h05
Seção: Internet
Autor: John P. Mello Jr.
Link: http://idgnow.uol.com.br/internet/2010/08/17/aplicada-a-internet-sem-fio-neutralidade-da-rede-poderia-matar-o-kindle/