IPv6: Empresas não devem deixar migração para última hora

26/08/2010

Conselho é da operadora americana de telecomunicações Verizon, que recomenda: estudos e testes de laboratório podem começar desde já.

A Verizon Business tem uma mensagem para as empresas que ainda relutam em migrar suas redes para IPv6: você faria melhor se não deixasse para a última hora.
William Schmidlapp, gerente de produto da Verizon Business para serviços de acesso dedicado à Internet, diz que a chegada de aparelhos para as redes LTE e WiMAX, ambas 4G, só fará aumentar a necessidade de migração para o IPv6, já que cada um desses aparelhos irá exigir seu próprio endereço de IP.

Assim, se uma empresa quiser entregar seu conteúdo para aparelhos móveis nos próximos anos, ela terá que adquirir a capacidade de lidar com o tráfego IPv6.
“Se todo celular na China se tornasse um smartphone, então todo celular precisaria de um endereço IP”, explica Waliur Rahman, gerente técnico da Verizon para serviços IPv6. “Você terá de incluir o IPv6 como parte de sua arquitetura de rede.”

Gargalo
O IPv6 é um protocolo de Internet de próxima geração que foi projetado pela Internet Engineering Task Force (IETF) para resolver o problema da escassez de endereços IP apresentado pelo protocolo atual, o IPv4.

Enquanto o limite máximo do IPv4 é de cerca de 4 bilhões de endereços IP, o limite do IPv6 é exponencialmente mais, da magnitude de 3,4 vezes 10 elevado a 38.

O problema que os defensores do IPv6 e os provedores de Internet têm enfrentado, no entanto, é que muitos dos clientes corporativos desses ISPs não enxergam a lógica de investir tempo e dinheiro no desenvolvimento de IPv6 durante uma recessão que impõe necessidades muito mais imediatas, e isso apesar de o fim do estoque dos endereços IPv4 estar previsto já para o ano que vem.

Jason Schiller, engenheiro sênior de redes Internet, diz que parte do desafio para CTOs e departamentos de TI consiste em entender que a atualização para IPv6 não tem necessariamente que ser um processo caro e que colocará abaixo toda sua infraestrutura atual.
Na realidade, poderá ser preciso substituir alguns itens de hardware, mas é possível também usar atualizações de software para resolver as necessidades em IPv6, especialmente se for o caso de uma empresa menor que não lida com grandes quantidades de tráfego de rede.

“Redes menores que têm menos tráfego podem ser atualizadas por software”, diz. “Contudo, não estou dizendo que vai ser barato. Em alguns casos o contrato de software pode ser caro e algumas vezes você terá de atualizar também seu motor de roteamento. E para algumas redes, você terá de passar por alguns testes importantes de IPv6 em laboratório para certificar-se de que tudo funcionará conforme o necessário.”

Retaguarda
Schmidlapp diz que outro desafio que as empresas enfrentam em relação ao IPv6 é assegurar que todos seus equipamentos de retaguarda estejam prontos para o protocolo.

Se uma empresa utiliza um sistema de rastreio de pedidos IPv4 feito em casa e sob medida, então ela pode ter de reprojetar seu sistema para certificar-se de que ele possa enviar e receber tráfego em IPv6. Schmidlapp destaca que, enquanto isso possa parecer muito doloroso de implantar, não significa que seja preciso refazer completamente sua infraestrutura inteira de rede.

“Algumas pessoas podem achar que terão de atualizar sua infraestrutura inteira para lidar com o novo protocolo”, diz. “Mas na verdade, pode haver certos segmentos onde você não vá precisar de um sistema IPv6 nativo e seja possível fazer isso por tunelamento”, o processo pelo qual uma rede joga tráfego IPv6 dentro do que parece, por fora, tráfego IPv4, para que possa circular em redes IPv4.

Schmidlapp recomenda que as empresas que ainda relutam em investir na migração para IPv6 que pelo menos mergulhem seus dedos na água para ter uma ideia de quais serão suas necessidades futuras para IPv6. Isso envolve estudar quanto tempo se passará até que sua empresa fique sem endereços IPv4, descobrir que ferramentas de retaguarda precisam ser atualizadas e então testar e certificar o IPv6 em sua rede.

Schiller diz que este “investimento limitado” vai pelo menos oferecer aos departamentos de TI uma experiência valiosa na transição, o que ele diz que virá gradualmente em um período de anos em vez de tudo de uma vez.

Mas em algum ponto, observa Schmidlapp, as empresas terão de ir todas para o IPv6 ou se arriscarão a ter suas capacidades de comunicação seriamente limitadas.

“Eu penso que a transferência de IPv4 para IPv6 será semelhante à transferência da TV analógica para a digital”, diz. “Em algum ponto o governo dirá que está puxando o plugue do IPv4 e, nessa hora, você terá de atender ao IPv6.”

Site: IDG Now!
Data: 25/08/2010
Hora: 09h15
Seção: Telecom e Redes
Autor: Brad Reed
Link: http://idgnow.uol.com.br/telecom/2010/08/25/ipv6-empresas-nao-devem-deixar-migracao-para-ultima-hora/