Virtualização: modelo de licenciamento ainda provoca dúvidas

20/09/2010

A falta de políticas adequadas de uso das licenças no modelo virtualizado cria problemas para gestores de TI.

No último ano, a empresa de serviços de TI Dataprise fez consultoria para um cliente durante a implementação de um projeto para virtualização de desktops. E o que era uma simples adoção transformou-se em um verdadeiro pesadelo pelo fato de que a companhia descobriu que ninguém, incluindo os fornecedores, sabe como funcionam as licenças de software nesse modelo.

Depois de rodar um projeto-piloto bem-sucedido, o cliente da Dataprise decidiu expandir a virtualização para 700 desktops, conta o diretor de serviços de infraestrutura da fornecedora, Chris Sousa. “Foi aí que os problemas começaram”, relata. Assim como muitas empresas, o cliente – que atua na área de manufatura – tinha um acordo corporativo com a Microsoft, mas a equipe de TI não conseguia descobrir se o contrato cobria ambientes virtualizados.

“Aparentemente, nem a fornecedora do sistema operacional sabia isso”, conta Sousa.

A experiência da Dataprise não é incomum. Um estudo conduzido pelo instituto de pesquisas Info-Tech, no último ano, mostrou que o licenciamento do sistema operacional Windows, da Microsoft, foi a questão mais problemática para as empresas que estão na fase de implementação dos projetos para virtualizar desktops.

Em resposta, a Microsoft informa que tem buscado formas de melhorar as políticas para precificação de soluções virtualizadas. E a gigante de software chegou até a flexibilizar algumas regras para uso das licenças em ambientes virtualizados.

“As mudanças são um passo na direção adequada”, avalia o especialista em análise da Info-Tech, John Sloan. Ele informa, no entanto, que a Microsoft “não deve ir tão longe quanto as pessoas gostariam”. Entre as novas demandas, ele cita o direito para que os usuários entrem nas máquinas virtuais por meio de devices (equipamentos) que estão fora do firewall da companhia. O que não acontece hoje, assim como o fato de que, em alguns casos, as pessoas não conseguem acessar o desktop virtualizado de outro PC.

O problema com licenciamento de software, no entanto, vai muito além da Microsoft. Todos os fornecedores estão enfrentando as mesmas questões. Quando a Citrix lançou o XenDesktop 4 mudou o modelo tradicional para licenças baseadas no nome do usuário. Mas rapidamente os clientes se posicionaram ao pedir mais flexibilidade, já que, em algumas empresas, múltiplos usuários compartilham o mesmo equipamento.

Em resposta, a Citrix adicionou o modelo de licença por equipamento e trouxe de volta o sistema de licenciamento tradicional para a linha Virtual Desktop Infrastructure, informa o diretor de marketing de produtos da fabricante, Calvin Hsu.

Os gestores de TI, por outro lado, se preocupam com os impactos que essa confusão pode ter para seus negócios. O vice-presidente de sistemas da informação e tecnologia do banco Crescent State Bank, nos Estados Unidos, Michael Goodman, conta que ficou assustado quando descobriu que teria de comprar duas licenças para o mesmo sistema operacional – uma para os thin clients e outra para o sistema que roda nos servidores.  “Isso realmente afetou o ROI (retorno sobre investimento) do projeto de virtualização”, relata Goodman.

Ainda de acordo com ele, isso também exigiu uma mudança de planos: em vez do thin client, optou por adotar terminais burros conectados diretamente ao sistema operacional que roda no servidor, localizado no data center.

Em outros casos, os gestores de TI simplesmente aceitam a situação, fazendo um esforço a mais para pagar as licenças, sem saber, exatamente, de que forma isso funciona.

Site: Computerworld
Data: 17/09/2010
Hora: 07h05
Seção: Gestão
Autor: ------
Link: http://computerworld.uol.com.br/gestao/2010/09/16/virtualizacao-modelo-de-licenciamento-ainda-provoca-duvidas-1/