Software como serviço: modelo ganha fôlego no País

22/09/2010

Enquanto o setor amadurece, ainda precisa enfrentar barreiras, em especial, em relação aos custos de gerenciamento.

“Estamos prestes a ter uma ruptura na forma de comercialização de software”, prevê o professor Fernando Meirelles, da Fundação Getúlio Vargas de São Paulo. Para ele, os sintomas mais evidentes dessa transformação é o avanço do SaaS (software como serviço), observado durante 2009. Ambos, na opinião do pesquisador, resultados de uma “grande insatisfação do usuário com as opções atuais de oferta”.

Os especialistas consideram que SaaS faz parte do caminho de amadurecimento da oferta de recursos para cloud computing (computação em nuvem). O movimento da indústria confirma essa perspectiva. Entre meados do ano passado e o início de 2010, IBM, SAP, Oracle e Totvs começaram a comercializar alguns de seus programas como um serviço remoto. Até a Microsoft lançou em abril sua plataforma de nuvem para hospedar aplicações, com o Windows Azure, e colocou à venda, como serviços, soluções de colaboração e mensagens – o BPOS-Business Productivity Online Suite.

De forma geral, contudo, e em especial na faixa de aplicações complexas, o modelo de SaaS e as promessas de nuvem ainda recebem críticas e precisam superar problemas, como preços nem sempre competitivos (a taxa mensal do serviço pode chegar a duas vezes o da licença, segundo analistas e CIOs) e, principalmente, custos escondidos de gerenciamento. “Ninguém tem ideia de qual será o modelo que vai vingar. De um lado, há usuários bravos com o modelo tradicional; de outro, baixa aceitação às novas propostas”, analisa Meirelles.

O professor da FGV-SP garante que tem visto de tudo, até contratos de risco, nos quais, se não for obtida a economia prometida pelo fabricante, por exemplo de 20%, o cliente só paga 80% do valor acertado. “Mas não tem jeito, ou o usuário reduz o nível de serviços, ou vai pagar mais lá na frente, na governança e na gestão”, alerta o especialista.

Uma das primeiras entre as grandes do setor a se reinventar, a IBM obteve mais de 90% do seu lucro global, em 2009,  com negócios na área de software, serviços e finanças (o Banco IBM). A prestação de serviços já é mais de 50% do faturamento, inclusive no Brasil.

Como parte da estratégia, a IBM comprou 108 empresas na última década, principalmente na área de software, relata o vice-presidente de vendas da subsidiária local, Marcelo Spaziani. Nos últimos três anos, a empresa também absorveu três empresas que devem suportar ofertas de cloud computing: Cast Iron, Sterling Commerce e Coremetrics.

A Oracle também já sente os efeitos da oferta de software como serviço. Os sistemas de gestão de relacionamento com clientes (CRM) fornecidos pela companhia já têm receita igualmente dividida entre venda de licenças e prestação de serviços, segundo o presidente da empresa no Brasil, Cyro Diehl.

E Meirelles, da FGV, reconhece que foi um lance "inteligente" da Oracle ter adquirido a Sun Microsystems, com experiência notória em plataformas abertas e desenvolvimento, componentes importantes para o futuro modelo, baseado na internet.

Nem tudo são flores no mercado de SaaS. Um estudo do Gartner, por exemplo, chama a atenção para os custos escondidos na contratação de CRM como serviço. Diz que empresas como a Salesforce.com, RightNow Technologies, Oracle (Siebel CRM On Demand) e NetSuite cobram mensalidades parecidas, mas têm termos e valores muito diferentes quando se trata de níveis de serviço, garantias de testes, tempo de resposta, storage, segurança e manutenção.

Na opinião do gerente de pesquisas corporativas da IDC Brasil, Reinaldo Roveri, os eventuais desequilíbrios devem ser superados em quatro ou cinco anos, quando a computação em nuvem se tornar competitiva.

Site: Computerworld
Data: 21/09/2010
Hora: 7h
Seção: Tecnologia
Autor: Veronica Couto
Link: http://computerworld.uol.com.br/tecnologia/2010/09/21/software-como-servico-modelo-ganha-folego-no-pais/