Investimentos por uma cidade mais do que digital: inteligente
“Uma cidade inteligente vai além do processo de conexão e serviços básicos, aí começa nossa discussão. Uma cidade inteligente para além de uma cidade digital, conectada, é criativa, que utiliza seus talentos, é dinâmica culturalmente, além de ser sustentável”, afirmou Franklin Coelho, secretário especial de Ciência e Tecnologia da cidade do Rio de Janeiro, na abertura do seminário “Das cidades digitais às cidades inteligentes”. Coelho destacou que a prefeitura já está trabalhando em uma agenda estratégica e acaba de consolidar um projeto de instalação de 256 km de fibra ótica, com investimento de R$ 5 milhões do governo federal, com contrapartida da prefeitura de R$ 400 mil.
A cooperação internacional também integra o plano estratégico da cidade e é fundamental para que se possa realizar todas as transformações necessárias para abrigar os eventos de grande projeção mundial os quais, em poucos anos, acontecerão na capital. “Novas tecnologias serão necessárias em várias áreas e mudanças no setor de ciência e tecnologia são essenciais. Ao mesmo tempo em que estamos buscando parcerias, temos recebido muitas missões comerciais, em cooperação com o Itamarati. Espanha e Suíça estiveram recentemente aqui, por exemplo, e Dinamarca, Alemanha e Itália serão os próximos. Eles buscam acesso por meio da prefeitura e oferecem grandes parcerias para troca e intercâmbio de tecnologia. A cidade deve aproveitar esse momento único”, ressaltou Bruno Neele, assessor de relações institucionais do gabinete do prefeito.
Um dado interessante sobre a procura de oportunidades no Rio, segundo Felipe Góes, assessor-chefe para assuntos econômicos da prefeitura do Rio e presidente do Instituto Pereira Passos, foi a ótima receptividade da agência de investimento criada há dois meses pela prefeitura em parceria com Associação Comercial do Rio de Janeiro. “A agência funciona como empresa privada e recebe investidores interessados em colocar suas empresas aqui, e já iniciamos com trinta grandes empresas”, disse.
Góes falou especificamente do projeto Porto Maravilha – região entre o gasômetro e a Praça Mauá – dentro do contexto da inovação tecnológica: “Achamos que o porto pode concentrar empresas da área de tecnologia e temos grandes atrativos para isso. Além da localização absolutamente estratégica, o preço do metro quadrado é bem menor em comparação com outros lugares da cidade. E, agora, a notícia do cabeamento melhora a infraestrutura da área. O projeto do Porto Maravilha é a maior parceria privada que já houve no Brasil, de R$ 6 a R$ 8 bilhões de investimentos privados e prevê infraestrutura de galerias de energia e telecomunicações”.
Segundo o Góes, a primeira fase do projeto – atrair empreendimentos para a área – atende à necessidade de gerar credibilidade para a iniciativa, já que o assunto é discutido há trinta anos. “Quem investir nos próximos dois anos e meio terá dez anos de isenção do IPTU, de ITB e de ISS. Para atividades de hotelaria, educação e entretenimento, serão 2% de ISS, por exemplo”, enfatizou.
Entre os primeiros empreendimentos confirmados, de acordo com Góes, está a GVT, empresa de telecomunicações, “que já está fazendo grande investimento”, e o Parque Tecnológico Barão de Mauá - parceria do Instituto Brasileiro de Petróleo, PUC e Miicrosoft. Inspirada na revitalização do porto de Barcelona em prazo recorde, a prefeitura do Rio aposta também na derrubada da Perimetral, que desqualifica a área, assim como os trilhos foram retirados da região portuária da cidade espanhola. “Os Jogos Olímpicos funcionam como catalisador desse processo. Temos seis anos pela frente e se Barcelona conseguiu, nós também conseguiremos”.