Para Anatel, oferta de telecom aos consumidores via smart grid ainda demora

08/10/2010

Ainda que exista um consenso sobre as possibilidades a serem abertas com a implantação no país do smart grid – a rede inteligente de energia elétrica – o uso da capacidade dessa rede para as telecomunicações ainda está distante dos consumidores, de acordo com a visão de integrantes do grupo de trabalho que discute uma política nacional para essa infraestrutura.

Mesmo a Anatel não vê aplicações imediatas para os usuários fora dos ganhos previstos para o setor elétrico – ou seja, a possibilidade de melhor gerenciar o consumo de energia, as vantagens econômicas nas operações de distribuição e consequentes ganhos para as tarifas e, até, a eventual possibilidade de transformar consumidores em fornecedores de eletricidade.

Isso significa que o primeiro passo se dará no uso das telecomunicações dentro do próprio setor elétrico – naquelas aplicações esperadas como telemetria, cortes e religações remotas, monitoramento da rede e gestão eficiente do consumo. É um território em que já existem associações de distribuidoras com empresas especializadas em smart grid, especialmente com tecnologia de radiofrequência.

A Anatel não tem assento formal no grupo de trabalho criado para discutir uma política para o smart grid, mas tem participado das reuniões. Até aqui, o principal quebra-cabeça das discussões está na elaboração de um modelo econômico viável, que atraia investimentos e ao mesmo tempo não resulte em impactos tarifários.

De acordo com integrantes do GT, o tema é tratado como questão estratégica e pelo leque de oportunidades que o smart grid abrirá para o país – e nesse caso o uso disseminado em telecomunicações faz parte do escopo a médio e longo prazo – é bastante provável que o Estado arque com pelo menos parte dos recursos para viabilizar a modernização da rede.

Nesse campo econômico-financeiro, a agência tem procurado encontrar uma solução relativa à cobrança das taxas relativas à infraestrutura de telecomunicações. Afinal, pelas regras atuais cada equipamento sofre impactos de taxas como o Fistel, mas a ideia é buscar uma saída para evitar que, por exemplo, cada novo medidor seja considerado como uma estação de comunicações.

É bastante reconhecida, porém, a capacidade do uso da nova rede inteligente para as telecomunicações. Experiências foram apresentadas ao GT por fornecedores, inclusive de aplicações práticas de construção de rede com uso da tecnologia WiMax, utilizada nos EUA pela associação da Sprint com a Grid Net.

Mesmo assim, a visão do GT do smart grid parece se manter restrita às aplicações diretamente ligadas ao setor elétrico. “É uma nova oportunidade e claro que essa rede abre grandes possibilidades, mas ainda é difícil vislumbrar a oferta de telecomunicações para os usuários agora”, afirma um dos integrantes do grupo.

Site: Convergência Digital
Data: 07/10/2010
Hora: 12h
Seção: Telecom
Autor: Luís Osvaldo Grossmann
Link: http://convergenciadigital.uol.com.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=23970&sid=8