Quase 70% dos brasileiros com acesso não usam internet móvel, diz estudo

28/10/2010

Preço é uma barreira para 55% dos usuários; 90% dos entrevistados apontaram problemas com suas conexões.

Quase 70% dos brasileiros que poderiam estar usando internet em seus celulares não o fazem. É um mercado potencial de 44 milhões de pessoas, aponta um estudo da Acision apresentado na Futurecom 2010.

De acordo com o estudo, realizado com 2500 pessoas, o principal fator de resistência é o preço - 55% apontam a web móvel como "muito cara". Para 31%, ela simplesmente "não é necessária". No entanto, o mercado pode crescer em breve, e rapidamente, pois 14% (6,1 milhões) estão "pensando em usar", enquanto outras 7,3 milhões de pessoas não sabem das vantagens do serviço.

De maneira surpreendente, a pesquisa também revela que os níveis de satisfação com o serviço de internet móvel são semelhantes aos dos EUA e Inglaterra, mercados bem mais desenvolvidos. Há dois fatores para isso, aponta a pesquisa: a adoção no Brasil ainda é incipiente, portanto as expectativas são relativamente baixas; e o fato de a web móvel ser o único meio de acesso para 52% dos entrevistados - portanto, eles não a comparam com a banda larga fixa.

Entre os 22 milhões de usuários móveis, apenas 10% não reclamam de nada. Para os outros 90%, os problemas que mais irritam são lentidão (75%), falta de conexão (73%), dificuldade para permanecer conectado (68%) e falta de cobertura (67%). São níveis muito altos se comparados aos EUA e Inglaterra, aponta o estudo.

Steven van Zanen, vice-presidente sênior de marketing da Acision, diz que as "as operadoras precisam investir em qualidade do serviço antes que o acesso cresça mais, o que pode levar a uma forte queda na satisfação, como aconteceu nos EUA e na Inglaterra".

Ele diz que o Brasil está em uma fase de incentivo à adoção, na qual as operadoras estão mais preocupadas em incentivar o uso do que na experiência do usuário.

O mercado nacional em outras particularidades. Aqui, quase 40% dos usuários pagam por KB ou MB, contra apenas 4% na Inglaterra e meros 2% nos EUA. Além disso, outros 32% pagam penalidades se ultrapassam uma cota - logo, 63%  usam um modelo "que penaliza o uso", diz o estudo.

Talvez por isso, 62% usem o serviço regularmente (mais de uma vez por semana), abaixo dos 70% dos EUA e 77% dos ingleses. A insatisfação com os preços atinge 45% dos consumidores - reclamação de 34% dos americanos e 22% dos ingleses.

A pesquisa mostra também que vídeo é uma preferência dos brasileiros - 44% assistem, mais do que na Inglaterra (36%) e perto dos americanos (49%). Nesse aspecto, o que mais incomoda os usuários é quando o vídeo trava (59%), seguido de atraso superior a 30s para iniciar (15%). De maneira supreendente, a qualidade da imagem é problema para apenas 3% dos entrevistados.

Quase 70% das pessoas aceitam que a qualidade do vídeo seja diminuída para que ele rode mais rápido, mas 48% são contra pagar mais por isso.

O que fazer
As operadoras no Brasil precisam se preparar para não enfrentar os problemas ocorridos na Europa e EUA. Para a Acision, elas já devem pensar em ações como otimização de vídeo e da web, detecção de conteúdo e priorização de tráfego.

Zenen disse que uma recomendação é criar pacotes com limitação de velocidade nos horários de pico ou quando o cliente está acessando o serviço fora de casa, por exemplo. Isso incentiva um uso mais comedido da rede móvel. Esse modelo está sendo adotado por uma operadora na Holanda.

“Os consumidores estão receptivos a pagar uma pequena tarifa extra por serviços que melhorem a qualidade de seu conteúdo móvel, assim como aceitar soluções que otimizem vídeos e diferenciem serviços", diz van Zanen.

A Acision também anunciou que terá um laboratório para estudar o uso e gestão de banda larga móvel em sua sede em São Paulo. Será o segundo no mundo - o primeiro fica na sede da companhia, na Holanda.

Site: IDG Now!
Data: 27/10/2010
Hora: 12h24
Seção: Telecom e Redes
Autor: Renato Rodrigues
Link: http://idgnow.uol.com.br/telecom/2010/10/27/quase-70-dos-brasileiros-com-acesso-nao-usam-internet-movel-diz-estudo/