A TI usada de maneira avançada nas cidades que sediarão os jogos poderá ajudar a minimizar as deficiências de estrutura.
Especialistas do Banco Mundial, presentes no Fórum Urbano Mundial das Nações Unidas, realizado neste ano no Brasil, alertaram para o fato de que a população urbana mundial, que já superou a rural, cresce entre cinco a dez vezes mais em países em desenvolvimento. É o caso do Brasil, que já enfrenta inúmeros desafios urbanísticos e habitacionais. Nesse quadro, a realização da Copa do Mundo de 2014 em solo nacional pode se tornar uma missão altamente complexa. Mas a saída pode vir do uso avançado da tecnologia da informação (TI).
A formação de cidades inteligentes é uma das alternativas apontadas por analistas do setor de TI para minimizar a carga que sofrerão as 12 cidades escaladas para sediar os jogos do evento: Belo Horizonte, Brasília, Cuiabá, Curitiba, Fortaleza, Manaus, Natal, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo.
Nesse desenho, a tecnologia é usada como suporte para a administração da infraestrutura pública, integrando as estratégias de órgãos do governo, sociedade e iniciativa privada, agilizando processos de realização de obras e oferecimento de serviços, ampliando a qualidade de vida do cidadão e tornando o meio ambiente sustentável. “E as redes sociais terão participação muito importante nesse ambiente. Contudo, com participação mais corporativa do que pessoal, como não acontece atualmente”, diz Cassio Dreyfuss, vice-presidente no Brasil do instituto de pesquisas Gartner.
O executivo acredita que a TI pode ser forte aliada em um quadro de estrutura antiquada e deficiente, não somente para a Copa de 2014, mas também para as Olimpíadas de 2016, que o País será anfitrião. “Mas o uso das tecnologias não pode ser apenas temporário. O investimento dever ser feito em algo que se supõe permanente, que a sociedade possa absorver e desfrutar mesmo depois da Copa e das Olimpíadas”, alerta.
Ele acrescenta que uma importante empresa fornecedora de soluções de TI anunciou recentemente que irá investir na construção de um megadatacenter no Brasil para ser um pólo mundial de prestação de serviços para a Copa de 2014, mas que depois irá prosseguir com sua função. “Esse tipo de iniciativa deveria ser seguida por outras empresas do setor, pois promove o desenvolvimento do nosso mercado e da sociedade. Não basta construir um quiosque durante a Copa e depois desmontá-lo”, reforça.
Os setores-chave para modernização nas cidades inteligentes são: transporte, energia e segurança. E para aprimorar sua execução durante o evento terão de sofrer reformas significativas. Talvez a ampliação de algumas áreas não seja suficiente, como a de aeroportos. Ainda que recebam em seus cofres verba de R$ 5, 1 bilhões, divulgada pelo governo federal, a situação dos passageiros não será nem um pouco agradável. É o que revelou estudo realizado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), encomendado pelo Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias (Snea).
A pesquisa constata que os aeroportos não têm capacidade instalada para receber a demanda considerável que a Copa do Mundo vai gerar. Aeroportos de Brasília e Porto Alegre são apontados como os mais críticos no documento. O primeiro deverá receber cerca de 20 milhões de passageiros em 2014 e Porto Alegre, 8,7 milhões.
Na avaliação de consultores do mercado, a tecnologia da informação usada de maneira avançada nas cidades que sediarão os jogos poderá ajudar a minimizar as deficiências de estrutura. Grandes centros de oferecimento de serviços móveis seriam interessantes na opinião desses profissionais. Dispositivos inteligentes, como smartphones, podem ser canais de informações sobre vôos, compra ou cancelamentos de passagens aéreas, entre outras conveniências.
“Todo e qualquer tipo de serviço que não exija o contato pessoal pode ser oferecido nessa grande rede integrada, em que o usuário entre e saia com total flexibilidade e segurança”, afirma Dreyfuss. “Mas não é nada fácil essa construção. É necessário empenho do governo, sociedade e iniciativa privada.”
Site: Computerworld
Data: 04/11/2010
Hora: 8h
Seção: Negócios
Autor: Solange Calvo
Link: http://computerworld.uol.com.br/negocios/2010/11/04/a-formacao-de-cidades-inteligentes-e-a-saida-para-a-copa-de-2014/