Embora anuncie a intenção de levar para a internet todos os dados disponíveis em órgãos públicos brasileiros, o governo tem um grande trabalho pela frente para fazer com que as informações sejam acessíveis a todos. Um censo realizado sobre as páginas governamentais, realizado pelo Comitê Gestor da Internet e o consórcio W3C, mostra que há pouca aderência aos padrões HTML e de acessibilidade, além da predominância de documentos em formatos que não permitem o uso dos dados.
“Será preciso atuar fortemente senão não teremos dados abertos”, afirma o gerente da W3C no Brasil, Wagner Diniz. Não é por menos, segundo o censo sobre as páginas .gov.br, apenas 5% delas são aderentes a padrões HTML – e quanto mais aderentes, mais fácil é o acesso por qualquer usuário, independentemente do equipamento e dos softwares utilizados.
“Dos 6,3 milhões de páginas HTML coletadas, cerca de 91% apresentaram mais de uma incorreção de aderência, apenas 5% estão completamente de acordo com o padrão, e 4% não puderam ser avaliadas”, diz o censo. Além disso, “98% não apresentaram nenhuma
aderência aos padrões de acessibilidade”.
Um dos dados mais reveladores desse censo é o que diz respeito ao formato em que as informações estão colocadas na internet. Os arquivos em formato .PDF representam 80% dentre todos os tipos de documentos coletados, enquanto os arquivos em formato .DOC representam 13%.
Aí reside um dos principais entraves ao objetivo de incentivar um ambiente de dados abertos. Afinal, 80% dos documentos, por estarem em formato PDF, não permitem que os usuários manipulem os dados – ou seja, que os utilizem da forma como desejem, o que é uma das intenções que baseiam a estruturação de uma norma sobre dados abertos.
Por outro lado, o censo percebeu que apesar de grandes diferenças em cada estado, as tecnologias baseadas em software de código aberto foram encontradas em mais de 60% das páginas coletadas – ao todo a pesquisa observou 11,8 mil sites e 6,3 milhões de páginas.
Além dos problemas de aderência a padrões de acessibilidade, o censo sobre as páginas governamentais também percebeu que simplesmente não existe nenhuma preparação em relação à versão 6 do protocolo IP – IPv6. As contas sugerem que até meados do próximo ano não haverá mais endereços disponíveis no padrão IPv4, mas embora existam normas que prevejam a coexistência dos dois padrões, nenhum sítio governamental tinha o IPv6 disponível.
Site: Convergência Digital
Data: 22/11/2010
Hora: 14h34
Seção: Internet
Autor: Luís Osvaldo Grossmann
Link: http://convergenciadigital.uol.com.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=24366&sid=4