Tecnologias de base ao modelo deveriam operar sob demanda, de forma transparente, como a eletricidade; contudo, ainda estão em construção.
O modelo ideal de computação em nuvem deveria oferecer serviços tal como fazem as empresas de eletricidade: para conseguir mais watts/hora, basta que o usuário espete um aparelho na tomada. Mas estamos longe disso, avalia o diretor da Intel para o segmento corporativo na área de ecossistema, Maurício Ruiz.
"Num ambiente de cloud, eu deveria pagar por uso. No fim do mês, você receberia uma fatura com a discriminação de sua utilização de recursos. Não é o que ocorre hoje com a eletricidade? A cloud computing deveria funcionar da mesma maneira", argumenta.
Em encontro com a imprensa promovido pela Intel em Campos do Jordão (SP) na sexta-feira (19/11), Ruiz disse acreditar que a computação em nuvem em breve funcionará assim. Mas antes ela precisa superar alguns obstáculos, como a questão da segurança dos dados e a padronização das tecnologias - para que, por exemplo, dados e aplicações possam migrar de nuvem ou se estender por várias, de forma dinâmica.
"Como mover dados de uma nuvem a outra, sem que haja padronização? Isso é necessário para que a cloud aconteça", comenta.
Uma outra questão envolve a aderência a métricas transparentes e a capacidade de auditoria. "Como você contrata cloud hoje? O que garante para o usuário que ele está mesmo recebendo o que contratou? Nada", afirma Ruiz.
Visão para 2015
Para estabelecer o que acredita ser a melhor abordagem para a implantação de cloud computing, a Intel vem investindo no que chama de "Visão Intel Cloud 2015".
Segundo essa visão – que a empresa espera ajudar a tornar realidade daqui a cinco anos -, uma nuvem permitirá o compartilhamento de dados com segurança entre nuvens públicas e privadas; terá gestão automatizada; e entenderá que tipo de dispositivo cliente a está acessando, para ajustar-se às limitações desse aparelho e de sua conexão à Internet.
O compartilhamento seguro entre nuvens públicas e privadas é necessário, explica o diretor, para que os data centers possam oferecer estratégias de "spill over" - se a capacidade de um ambiente privado for alcançada, a sobrecarga será transferida imediatamente para uma nuvem pública (ou outro data center), sem risco para a segurança da empresa.
Entender o dispositivo cliente, por sua vez, significa que os ambientes de computação em nuvem devem detectar o tipo do terminal em uso para ajustar a entrega do aplicativo ao usuário (que, dependendo do poder computacional e de rede disponível, pode ser desde via download até a simples troca de telas bitmap, por exemplo).
"Até um tempo atrás falávamos de dispositivos clientes pouco gerenciados. Hoje a maioria já é gerenciada. E agora chegamos a esse ponto de inflexão. Cada vez mais o usuário consome conteúdos mais elaborados, a partir de vários dispositivos, e a nuvem precisa se adaptar a essa realidade", ressalta Marcos Lacerda, também diretor da Intel para o segmento corporativo, mas da área de usuários finais.
'Client aware'
A resposta ao problema passa pela adoção, nos projetos de cloud, de tecnologias 'client aware', capazes de perceber as características do terminal em uso e de se adaptar a elas.
"Este cliente virtual dinâmico é o meio termo entre dois extremos: o thin client terminal, que depende da conexão à rede, e o rich client gerenciado, que é o desktop tradicional. Com ele, você pode adequar a entrega do acesso à nuvem de acordo com o dispositivo", explica Lacerda.
Em relação à segurança e à estabilidade, o diretor Maurício Ruiz diz que a Intel tem trabalhado em tecnologias como VT, ou Virtualization Technology (tecnologia de virtualização apoiada por hardware, que aumenta a confiabilidade dos sistemas virtualizados) e TXT – Trusted Execution Technology, que checa a consistência de ambientes computacionais, afastando ameaças como malwares.
Ela também tem trabalhado com os fornecedores de tecnologia do mercado em associações como a Open Data Center Alliance, que ajudou a fundar e da qual é uma conselheira técnica sem direito a voto.
Muitas das tecnologias estão sendo elaboradas neste momento, conta Ruiz. "Já fizemos APIs (interfaces de programação de aplicativos) para descobrir velocidade da rede, capacidade de processamento e resolução gráfica. Nós oferecemos essas tecnologias para a comunidade e ela começa a criar aplicativos."
A empresa também mantém, em seu site, uma área - Intel Cloud Builder - com um elenco de estratégias para montagem de computação em nuvem.
"Não somos nós que vamos definir o que é cloud, e sim a indústria", assegura Ruiz.
Site: Computerworld
Data: 22/11/2010
Hora: 07h30
Seção: tecnologia
Autor: Robinson dos Santos
Link: http://computerworld.uol.com.br/tecnologia/2010/11/22/modelo-da-cloud-computing-esta-longe-do-ideal-afirma-intel/