Interatividade e como gerá-la para o novo público consumidor da convergência de mídias. Este foi o grande questionamento do workshop “Publicidade, propaganda e marketing diante dos desafios da mobilidade e da interatividade”, que ocorreu ontem, 22/11, na ESPM. O evento organizado pela Rede Rio Convergência, da Riosoft, buscou debater os principais pontos que envolvem a interatividade e TV Digital, convergência digital, publicidade e produção de conteúdo.
As aplicações existentes atualmente são classificadas como não criativas pelo professor Luiz Fernando Soares, da Puc-Rio. Para ele, a produção do conteúdo interativo tem de sair da mão de engenheiros de telecomunicações e ser produzido pelas pessoas da comunicação, das artes. A personalização da TV Digital é a grande ramo que deve ser explorado.
De acordo com o professor Paulo Reis da ESPM, a sociedade do conhecimento implica em um novo tipo de cognição. “Esta sociedade gera um novo paradigma econômico, a inovação, a colaboração e a convergência pedem um entendimento diferente da nova forma de cognição, como se gera conhecimento”, afirma Reis. O professor ressalta que as empresas devem buscar a criatividade em seus colaboradores. E eles precisam saber como ser mais criativos. “Andar de bicicleta, caminhar na praia, em um parque podem ajudar a gerar novos inputs. Sair do foco do projeto ou do problema atrai a criatividade”, esclarece Reis, seguindo preceitos da neurociência.
Uma das empresas que já tem um produto em desenvolvimento de propaganda personalizada é a Peta 5. Maurílio Alberone, um dos fundadores da empresa, explica que o Targ.TV é uma aplicação que monitora o consumidor, possibilitando montar um horário nobre para cada consumidor. O objetivo, com esta análise, é aumentar a rentabilidade das empresas.
E o conteúdo a ser gerido nas mídias digitais, deve atender a que consumidor? Esta foi uma questão trazida pelo professor Marcio Rolla, da ESPM. Para o acadêmico, a comunicação on-line é mais fragmentada e diferentes aspectos da audiência devem ser levados em consideração. Rolla destaca que as expectativas do consumidor devem ser atendidas. “Se eu indico que minha atualização de conteúdo é a cada 10 minutos, não posso atualizar em 11 minutos, porque eu quebro a expectativa do consumidor, que vai reclamar”, exemplifica.
Quanto ao conteúdo, o Rio de Janeiro contará, a partir de 2011 com o Centro Experimental de Conteúdos Interativos Digitais (Cecid). O objetivo é transformar o Rio de Janeiro em um pólo de inovação e negócios em mídias interativas. “O Cecid será um catalisador unindo o mundo acadêmico, os negócios da tecnologia e outros atores, como o pessoal de audiovisual e da comunicação”, esclarece John Forman, vice-presidente do SEPRORJ e presidente do Conselho de Administração da Riosoft. “O Cecid será uma incubadora de projetos, experimental. Por meio do laboratório de transmissão, por exemplo, será possível simular uma grade de programação, com a inserção de comerciais”, acrescenta.
Um apoiador do projeto do Cecid, o Proderj, já usa algumas aplicações em TV Digital e em celulares para atender aos cidadãos. Para TVD já foram feitos conteúdos sobre a Dengue e a Gripe H1N1. Mas Paulo Coelho, presidente do Proderj, afirma que falta ainda uma cultura da TV Digital. Muita gente ainda não tem acesso às informações sobre o que é a TV Digital e como usufruir dos conteúdos oferecidos. Ele citou como exemplos de interatividade os SMS enviados pela Secretaria de Educação, durante a pré-matrícula da rede estadual e do clipping eletrônico que os gestores e secretários do Estado recebem via celular.
Finalizando o workshop, o roteirista Sérgio Duque Estada, da Coppe/UFRJ, trouxe os exemplos do Laboratório 3D implantado na universidade e dos testes de conteúdos que estão sendo realizados. Duque Estrada afirma que os produtores de conteúdo precisam deixar de pensar de forma análoga. Com a TVD e a interatividade, o conteúdo será individualizado, cada consumidor vai escolher sua programação. “Com a interatividade, não podemos impor uma programação, cada pessoa vai escolher a sua, seus assuntos preferidos, seus programas”, completa.