Órgãos públicos omitem informações sobre ataques às redes

02/12/2010

Há um caminho difícil para disseminar a cultura de segurança da informação no Brasil, especialmente na administração pública, e preparar o país para evitar e responder aos ataques cibernéticos. Pelo menos dois terços dos servidores públicos ainda não foram sensibilizados para a questão, enquanto a maioria dos administradores de rede prefere esconder os problemas.

A avaliação é do diretor do Departamento de Segurança da Informação e Comunicações (DSIC), ligado ao Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, Raphael Mandarino Jr, feita durante o 4º SICGOV - Congresso de Segurança da Informação e Comunicações.

“A maioria dos administradores de rede dos órgãos públicos do Brasil escondem os erros. Os ataques não são reportados. Neste exato momento há três órgãos sendo atacados e a maior dificuldade é que essas empresas nos digam o que está acontecendo”, lamentou Mandarino. Ainda segundo ele, “a cultura de segurança cibernética não é levada a sério”. Além disso, mesmo os princípios dessa cultura só chegaram a uma pequena parte do funcionalismo.

“Temos um milhão de servidores, mas somente 40 mil já foram capacitados apesar dos esforços que temos feito nos últimos anos. Sendo bem otimista, com o efeito de multiplicação um terço dos servidores ouviu falar em segurança da informação. Mas nos outros dois terços ainda temos aqueles que usam, por exemplo, uma mesma senha para toda a repartição”, disse ele.

As dificuldades de segurança são crescentes, inclusive com a adoção de medidas em benefício dos cidadãos. “Têm propostas fantásticas do ponto de vista social, mas que são de arrepiar o campo da segurança. É o caso da inclusão digital, da TV Digital e mesmo do RIC”, afirmou o diretor do DSIC.

No caso específico da administração pública, revelou receios com a adoção da computação na nuvem pelos órgãos. “Nosso problema de segurança passa por gestão. Mas só procuram segurança os órgãos que foram atacados, ou melhor, aqueles que sabem que foram atacados”, concluiu Mandarino.

Site: Convergência Digital
Data: 01/12/2010
Hora: 17h25
Seção: Segurança
Autor: Luís Osvaldo Grossmann
Link: http://convergenciadigital.uol.com.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=24468&sid=18