Segundo pesquisa, houve mais avanços nos produtos do que dentro das empresas.
Embora a indústria de tecnologia da informação e comunicação reconheça a pauta da mudança climática e da sustentabilidade como uma nova oportunidade de mercado, ainda não a incorporou de fato aos negócios. Os avanços do setor são maiores na oferta de sistemas inteligentes para reduzir emissões de CO2 nos clientes do que dentro das próprias empresas fornecedoras. A conclusão é de um estudo feito pelo Gartner e pela organização não governamental WWF, que avaliou 28 empresas globais de TIC.
Segundo o documento, o setor responde por 2% das emissões globais de Gases Efeito Estufa, ou CO2 equivalente. Alguns fabricantes de hardware, como HP, Ericsson e Fujitsu, demonstram preocupação crescente com a eficiência energética dos seus produtos e em tornar essa qualidade parte do seu negócio. Mas não é o caso das empresas de software e serviços: poucas estariam pensando sobre a ideia da “desmaterialização” de forma efetiva. A Xerox seria uma das poucas exceções, reusando e reciclando peças.
O trabalho, divulgado em outubro, afirma que a indústria de TIC evoluiu na oferta de soluções para outras áreas, por exemplo, transporte e construção. O que falta é melhorar as operações internas. “Ninguém está fazendo esforço para valer, de modo a aumentar a vida útil dos equipamentos para além da expectativa básica”, critica o vice-presidente do Gartner, Simon Mingay. “Com a gestão de lixo eletrônico, a transformação dos chamados ‘metais de terras raras’ em um desafio global e o crescimento dos mercados emergentes, a indústria precisa considerar seriamente as ideias de desmaterialização, reciclagem e longevidade.”
Durante 2009 e 2010, ele reconhece que houve avanços no amadurecimento da indústria de TIC, tanto em seus programas ambientais internos quanto na oferta de soluções de baixa emissão de carbono ao mercado. Mas ainda há muito a fazer. “Temos agora, claramente, um grupo de formadores de mercado, integrado por BT, IBM, Cisco, Ericsson, HP, Fujitsu e SAP. Acreditamos que essas empresas começaram a construir uma capacidade específica nessa área. Mas, no estágio atual, ainda não consideram a mudança climática e da sustentabilidade no core de seus negócios e estratégias; e continuam a questão como um recurso adicional, com visão de curto prazo”, lamenta Mingay.
O Gartner e a WWF avaliaram 28 fornecedores (18 responderam com as informações pedidas). IBM, Fujitsu, HP, Cisco and BT estão entre as melhores do ranking. A Fujitsu, em segundo lugar, é a única que tem iniciativas de longo prazo e uma meta de redução de emissões de GEE, com soluções TIC de baixo carbono nos usuários, maior do que a fixada para sua própria operação.
A Microsoft, em 13º, teria feito “progresso razoável, mas em comparação a um ponto de partida relativamente fraco”. Também enviaram dados Accenture, Alcatel-Lucent, CSC, Dell, Deutsche Telekom, Ericsson, SAP, Sun (a Oracle se recusou), TCS, Wipro e Xerox.
É a segunda edição do trabalho (a primeira foi em 2008), que verifica o comprometimento do setor de TIC em gerir aspectos ambientais de suas operações e de sua cadeia de suprimentos. “A boa notícia é que não houve retrocesso”, diz Mingay. De acordo com o documento, o setor de software e serviços melhorou em relação a 2008, mas continua imaturo. A SAP, em oitavo lugar, registrou o melhor desempenho, por ter inserido a questão de forma substancial na sua comunicação e bem vinculada a suas estratégias. As empresas da Ásia (com exceção do Japão), de modo geral, ainda estão atrasadas, mas fazendo melhoras.
Os pesquisadores afirmam, em nota distribuída à imprensa, que o discurso de 2008 evoluiu para a prática. “Passamos a ter um número de fornecedores de TIC com um portfólio real de baixo carbono e prontos para migrar de uma contribuição incremental para um estágio central, que significa prover a sociedade com soluções para redução de emissões”, diz o diretor do programa de Clima da WWF da Suécia, Magnus Emfel.
O relatório “Baixo Carbono e Liderança Ambiental na Indústria de TIC, pelo Gartner e pela WWF, 2010” também constatou que começam a surgir parcerias entre empresas, por exemplo, Cisco, Alcatel-Lucent e IBM. Passo considerado importante para dar viabilidade econômica às soluções de baixo carbono, especialmente em smart grid e infraestruturas de cidades inteligentes.
Site: CIO
Data: 16/12/2010
Hora: 07h40
Seção: Tecnologia
Autor: Verônica Couto
Link: http://cio.uol.com.br/tecnologia/2010/12/16/gartner-e-wwf-avaliam-sustentabilidade-das-tic/