A produção e o consumo sustentável de software foram o tema do 16º Fórum SEPRORJ, que ocorreu na última quinta-feira, 16/12, na sede do Sindicato. O objetivo era levantar questionamentos e possíveis soluções para a relação de produção e consumo de software, considerando as mudanças culturais trazidas pela responsabilidade social empresarial, em busca da sustentabilidade.
Benito Paret, presidente do SEPRORJ, lembrou que a temática da responsabilidade socioambiental já era discutida há algum tempo no Sindicato e que neste ano a sustentabilidade ganhou fôlego com a edição da cartilha “Diretrizes para a prática em responsabilidade socioambiental”. Segundo Paret, a sustentabilidade empresarial dá-se em três dimensões: responsabilidade do setor de TI com a sociedade, relação entre empresa e funcionários e a responsabilidade da empresa como fornecedora de soluções.
- Com a informatização da sociedade, com software cada vez mais presentes no dia a dia das pessoas, o SEPRORJ entende que a responsabilidade socioambiental deve ser tratada como um todo, no conjunto de todas as dimensões. Diante de programas de inclusão digital temos o aumento do lixo eletrônico, necessitando que sejam criados investimentos como redes de coleta, de reciclagem e aproveitamento desse lixo.
Para debater sobre estes aspectos foram convidados pelo diretor do SEPRORJ Luiz Bursztyn, mediador do fórum, e pela pesquisadora da Coppe/UFRJ Rita Afonso, colaboradora do tema para o Sindicato, os seguintes participantes: Samyra Crespo, secretária de Articulação Institucional e Cidadania Ambiental do Ministério do Meio Ambiente, Armando Caldeira-Pires, professor do departamento de engenharia mecânica da Universidade de Brasília, Bruno Salgado, diretor executivo da Clavis Segurança da Informação, e Ricardo Doner, diretor da Nexo CS Informática.
Samyra Crespo contextualizou a situação da sustentabilidade nas empresas no Brasil, destacando o avanço da Política Nacional de Resíduos Sólidos, que está em fase de regulamentação. “Esta política terá impactos virtuosos para o meio ambiente, porque mexerá com a cadeia de produção das empresas”, afirmou. Segundo a secretária, na mente dos consumidores o lixo eletrônico é apenas a carcaça de eletroeletrônicos, a maioria não tem dimensão do material interno desses equipamentos.
- Atualmente o governo federal trabalha sobre três aspectos: aglutina as iniciativas de todos os ministérios e autarquias, acolhe iniciativas voluntárias, como a redução do uso de sacolas plásticas e a responsabilidade compartilhada, ou seja, o governo legitimando iniciativas do setor privado, explicou Samyra Crespo.
Segundo o professor Armando Caldeira-Pires o software deve atender à informação de qualidade, levando em consideração o consumo energético e o ciclo de vida de hardware e software. “Uma das alternativas para que este software seja identificado seria a criação de um sistema de classificação dos software, uma espécie de certificação”, defendeu o professor
Bruno Salgado ressaltou que o lado econômico está intrinsecamente relacionado à responsabilidade socioambiental nas empresas. “Uma pequena empresa, por exemplo, leva em consideração o custo/benefício ao trocar dez servidores por um mais potente e adequado a sua necessidade. Isso significa uma economia de energia, há um retorno imediato”, explicou. Ricardo Doner lembrou que muitas vezes há uma distância entre a prática na empresa e o que ela prega como responsabilidade. “A criação de indicadores socioambientais que não estejam vinculados a índices econômicos seria uma das alternativas para servirem de modelos às empresas. A partir desses modelos poderiam ser criadas as certificações para os software”, opinou Ricardo Doner.
Atualmente, 94% do setor de TI é formado por pequenas e médias empresas, e o grande desafio é o desenvolvimento buscando características sustentáveis. O 16º Fórum SEPRORJ foi um dos passos para a geração de novas ideias e abertura do tema para debate entre as empresas.