Tecnologias pessoais desafiam segurança corporativa

17/01/2011

Estudo da Unisys mostra que, no Brasil, 92% dos profissionais usam ao menos um dispositivo pessoal na empresa, colocando em risco a segurança dos dados estratégicos.

O uso de dispositivos pessoais, como PDAs, iPads, netbooks, smartphone e eBooks, é cada vez mais comum nas empresas. Cenário que pode comprometer a segurança da informação, na opinião do diretor de Negócios de Outsourcing e Serviços de Infraestrutura da Unisys Brasil e América Latina, Paulo Roberto Carvalho. “A consumerização, conceito definido pelo Gartner para essa modalidade, reflete no crescimento das aquisições de TI de consumo, mas, por outro lado, traz à tona um desafio. Como fica a segurança?”, questiona em evento sobre o tema realizado hoje (14) pela Amcham em São Paulo.

Essa movimentação tem motivo. “A tecnologia de consumo atingiu um patamar que é perfeitamente adequado aos requerimentos das empresas e isso encoraja as companhias que adotam posições tradicionais a aceitar as inovações”, avalia Carvalho.

A constatação está baseada em um estudo realizado pela Unisys, em parceria com a IDC, para mapear como esse fenômeno afeta as organizações. Dez países participaram do levantamento: Brasil, Estados Unidos, Canadá, Reino Unido, Alemanha, França, Bélgica, Holanda, Austrália e Nova Zelândia.

Verificou-se que, no mundo, dos iWorkers (consumidores que usam informática para realizar o trabalho) entrevistados, 95% utilizam ao menos um dispositivo pessoal profissionalmente. No Brasil, 92%. Para chegar a essa conclusão, foram ouvidos 646 executivos de TI globalmente e cem no Brasil, além de 2.820 iWorkers no mundo e 301 no País.

Proteção dos dados em risco?
O estudo também identificou onde os profissionais costumam ler e-mails. “No período de férias, por exemplo, 90% acessam mensagens pessoais, e 53% profissionais, situação que expõe as empresas”, diz o executivo. Por esse e outros motivos (como uso da rede interna), muitas não liberam o uso de dispositivos.

Segundo a Unisys, dos executivos de TI entrevistados no Brasil, 85% acreditam que seus colaboradores internos usam desktops. Enquanto 30% dos iWorkers afirmam que utilizam o equipamento. “Esse resultado mostra que a TI está com uma percepção equivocada sobre os dispositivos usados. Com isso, não os protegem adequadamente”, avalia.

Outra revelação do estudo é que iniciativas essenciais de segurança são menos aplicadas em empresas brasileiras que em outros países. “Somos menos preocupados ou menos efetivos em relação às medidas de proteção, embora 95% dos executivos de TI considerem a empresa moderadamente segura e 63% acreditam que há algum risco”, avalia Carvalho.

O benefício da "consumerização"
Qual é, afinal, o benefício da consumerização? Dos que responderam à pesquisa, 47% consideram satisfação e produtividade. Isso se deve, especialmente, ao fato de o usuário ter mais familiaridade com os recursos da tecnologia.

A consumerização atrai também, segundo Carvalho, melhores profissionais para a organização, uma vez que 50% dos que buscam recolocação no mercado de trabalho pensam ser positiva a possibilidade de usar smartphones e outros dispositivos.

“O Brasil é líder mundial em pioneirismo tecnológico. Somos grandes usuários de novos produtos. Por isso, a dificuldade de fechar a porta para a consumerização no País”, afirma, completando que para garantir a entrada dos recursos no ambiente corporativo, será preciso preparação, não só por parte da tecnologia, mas das demais áreas.

Walter Sanches, CIO da Bunge Brasil, diz que o uso de aparelhos pessoais na empresa ainda não é permitido. “Estamos em fase de reestruturação devido à unificação da Bunge Fertilizantes e da Bunge Alimentos. Essa é a nossa prioridade no momento”, diz.

A modernização acontece, de acordo com o CIO, como forma de melhorar a infraestrutura, de rede especialmente, para, no futuro, possibilitar também uma base sólida para o uso de tecnologias pessoais dos profissionais.

Site: Computerworld
Data: 14/01/2011
Hora: 12h47
Seção: Segurança
Autor: Déborah Oliveira
Link: http://computerworld.uol.com.br/seguranca/2011/01/14/tecnologias-pessoais-desafiam-seguranca-corporativa/