Levantamento do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior é para evitar agravamento da falta de mão de obra qualificada na área.
Para medir a carência de mão de obra qualificada no Brasil, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) deverá fazer um censo dos profissionais da área tecnológica em todo o país. Ainda não há previsão para que os trabalhos se iniciem, mas fontes do ministério informaram à Agência Brasil que a ideia está em estudo.
A sugestão partiu do Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (Confea). Na última terça-feira (25), o presidente do órgão, Marcos Túlio de Melo, e o secretário de Comércio e Serviços do MDIC, Humberto Ribeiro, discutiram a necessidade de realizar o levantamento.
De acordo com o presidente do Confea, o censo é essencial para que um apagão de mão de obra qualificada não comprometa o crescimento do país no médio e no longo prazo. “Essa seria apenas a primeira de uma série de medidas necessárias para evitar um gargalo no mercado de trabalho e nos investimentos em infraestrutura, como os Jogos Olímpicos, a Copa do Mundo e a exploração do pré-sal”, ressalta.
Para Melo, o conhecimento da capacidade efetiva dos engenheiros e dos profissionais em tecnologia formados no país permitiria o desenvolvimento de políticas precisas para o setor.
“Temos de saber onde esses profissionais estão, se trabalham nas áreas em que se formaram, têm domínio de língua estrangeira e estão dispostos a se habilitarem”, afirma. “O conhecimento desse potencial viabiliza políticas concretas para oferecer atualizações profissionais”.
Numa segunda etapa, explica Melo, o censo serviria de base para a criação de cursos de capacitação por universidades e grandes empresas. Ele, no entanto, admite que, no curto e no médio prazo, parte das vagas terá de ser ocupada por profissionais do exterior porque o país não terá como suprir as carências de imediato. “De 2006 para cá, dobrou o número de engenheiros formados no Brasil, mas essa mão de obra não é especializada. A demanda é qualitativa, não quantitativa”.
O presidente do Confea diz estar disposto a acordos que acelerem a entrada de mão de obra estrangeira, desde que haja reciprocidade e profissionais brasileiros possam trabalhar em empresas dos países desenvolvidos no futuro. “Se realmente houver necessidade de entrada de mão de obra de estrangeiros, que eles atuem legalmente no país e sejam registrados nos conselhos profissionais, mas a Europa e os Estados Unidos precisam abrir o mercado de trabalho para nós quando se recuperarem da crise econômica”.
Segundo o Confea, o número de pedidos de registro de profissionais diplomados no exterior triplicou em 2010, de 115 processos anuais para cerca de 400. A fila de espera inclui engenheiros e arquitetos dos seguintes países: Estados Unidos, Espanha, Itália, Portugal, Inglaterra, Chile e Argentina.
A realização do censo envolverá a articulação de diversos setores do governo. Além do MDIC, que conduzirá os trabalhos, o Instituto Nacional de Metrologia (Inmetro) cuidará da certificação dos profissionais, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) desenvolverá a metodologia de pesquisa e o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) contribuirá com estudos já realizados.
Mercado para profissionais de TI permanecerá aquecido este ano
O bom desempenho da economia, o potencial de crescimento do segmento e o aumento do nível de exigência dos clientes vão manter aquecido o mercado de trabalho para os profissionais de TI em 2011. “As empresas estão reforçando seus quadros para vender mais e de forma mais inteligente e qualificada. Não basta apenas comercializar equipamentos, é preciso conhecer o cliente para oferecer soluções adequadas”, afirma a sócia da Search Consultoria em RH, especializada no recrutamento de executivos, Ilana Lissker.
Segundo a consultora, em 2010, por causa da forte expansão do setor, a procura por profissionais para os níveis de diretoria e de média gerência aumentou cerca de 20% em relação ao ano anterior. “A demanda por esses profissionais ‘inflacionou’ a remuneração, sobretudo a parcela variável, que pode girar em torno de 40% do salário para alguns deles. Quando as metas são atingidas, o salário variável passa a ser calculado com aceleradores. Por isso, um bom executivo de vendas, por exemplo, pode chegar a dobrar o salário”, informa Ilana.
Segundo ela, para atender à procura crescente por indivíduos qualificados para empresas de TI e de outros setores, entre os quais financeiro, industrial e de consumo, a Search recrutou profissionais com diferentes perfis, tais como técnicos, profissionais com experiência em vendas diretas para o consumidor, via distribuidor, ou parceiro e os que atuam no B2B, no relacionamento com grandes empresas e canais de vendas. Geralmente, as companhias buscam indivíduos que tenham qualificação técnica, conhecimento estratégico e capacidade de operação. “Com as estruturas das companhias cada vez mais enxutas, ganha destaque o executivo que sabe montar rapidamente um bom time e ainda coloca a mão na massa”, conclui Ilana.
*Com Agência Brasil
Site: CIO
Data: 02/02/2011
Hora: 06h02
Seção: Gestão
Autor: ------
Link: http://cio.uol.com.br/gestao/2011/02/02/governo-fara-censo-para-avaliar-apagao-de-mao-de-obra-de-ti/