O projeto piloto do Google para o Chrome tem um netbook atraente, com pontos positivos a serem acompanhados pela indústria. Há mercado para tablets e netbooks.
O projeto do CR-48 me chamou a atenção. O design preto fosco e sem emblemas ou marcas, o teclado – mesmo sendo diferente, sem as teclas de função e caps lock -, o tamanho e, claro, o sistema operacional, tudo muito marcante e único.
Agora, vale lembrar que ele veio em um momento que a indústria se despede dos netbooks. A atenção da imprensa aponta seus holofotes para os tablets e os netbooks, segundo eles, já vai tarde e não deixa saudade. Mas, e como fica o projeto CR-48? Acaso está fadado a ser um vaporware?
Sei que há semelhanças e disparidades entre os netbooks e o projeto do Google, mas há pontos positivos que devem ser lembrados para não se errar em um futuro próximo. Sendo assim, vejamos o que a indústria pode aprender com ele:
1. Design. Isso é marcante. Até a falta de marcas ou emblemas parece ter sido bem pensado. Imagine ele sendo um quadro negro pronto para ser escrito. Em outras palavras, uma área pronta para ser personalizada, para mostrar o seu estilo único e pessoal. Que tal adesivo dos seus personagens preferidos, das séries marcantes, dos sites preferidos ou dos aplicativos web-based mais utilizados?
2. Teclado. O Google foi ousado em remover as teclas caps lock e as funções, assim como a Apple foi, em 1998, ao retirar o disquete 1.44Mb de seus computadores.
Tirando os raros momentos de se digitar palavras maiúsculas, a tecla caps lock fica sem uso 99% do tempo, sendo assim, porque não removê-la? Ou melhor, trocá-lo por uma tecla que permite fazer uma busca direta nas bases de dados do seu criador? A propósito, porque ninguém pensou nisso antes?
E as teclas de funções? Sei que estão lá desde os primórdios, mas hoje, elas não têm sentido.
Há uma meia dúzia de atalhos – ajuda, execução de comandos ou fechar janelas – que ainda usam essas teclas. Mas, assim como o caps lock, não são usadas com frequência. Sendo assim, foram sabiamente substituídas pelas funções secundárias que elas tinham em alguns notebooks, como: aumentar e diminuir volume, mudo, ajuste de brilho da tela, recarregar, avançar e retroceder.
3. Mobilidade. O tamanho de 12″ não o torna pequeno demais, nem grande demais. Apenas móvel. Alguns netbooks de 7″ ou de 10″ não possuem uma boa ergonomia para todos. O tamanho do CR-48 o torna funcional. Ele também não possui drive de CD/DVD, assim como os netbooks. A bateria dele também contribui para a mobilidade do usuário, dura mais de 8 horas longe da tomada. Ele possui, ainda, um modem 3G/CDMA embutido e multi-região. Ou seja, basta colocar o chip da operadora de sua preferência e pronto, é só navegar.
4. Sistema operacional. Este é um outro ponto de ousadia do Google. O CR-48 usa o ChromeOS. Um Linux modificado para ter na área de trabalho apenas um browser. O sistema se atualiza sem intervenção do usuário durante o boot – que normalmente demora apenas 10s. Em parte, essa velocidade se dá pelo uso da memória flash (SSD) no lugar do disco rígido (HDD). Ao ligar a máquina, uma tela de login aguarda que o usuário entre com suas credencias do Google e assim, ao acessar o GMail, Reader, Calendar, Docs e outros serviços, não é preciso digitar login e senha novamente. Ao baixar a tampa e depois levantá-la novamente, o CR-48 está pronto para uso.
Diante do exposto, percebemos que o CR-48 é um companheiro do PC principal, independentemente do sistema operacional que o usuário está acostumado a usar. Isso porque ele foi feito para aquelas pessoas que já usam os diversos aplicativos disponíveis na nuvem para as mais diversas tarefas.
Por outro lado, a beleza do netbook está na capacidade de se ter um sistema operacional completo, onde você pode instalar seus softwares de mesa e ter uma boa mobilidade. Um dilema interessante é que o CR-48 tem uma boa ergonomia, mas não tem um sistema operacional completo.
No entanto, há pessoas que dependem de um sistema operacional completo, mas não precisam de um notebook super poderoso o tempo todo. Junte-se ao fato de que dois pontos negativos se destacam em boa parte dos netbooks disponíveis no mercado: o tamanho da tela e das teclas. Esses pontos é que não devem ser repetidos no futuro, mas serem lembrados como lições aprendidas. O projeto do gigante das buscas deve ser acompanhado de perto, pois acredito que se a indústria valorizar seus pontos positivos e não repetir os negativos, ainda haverá mercado para os netbooks 2.0 e os tablets.
Site: Webinsider
Data: 16/02/2011
Hora: 12h15
Seção: Design
Autor: Alexandre Figueiredo
Link: http://webinsider.uol.com.br/2011/02/16/a-inovacao-do-cr-48-netbook-piloto-do-google/