Vendas de celulares para Argentina podem cair até 60%

18/02/2011

Presidente da Abinee diz que resolução do Ministério da Indústria argentino pode levar produtores a instalarem suas fábricas no país vizinho.

Para o presidente da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), Humberto Barbato, a decisão do governo argentino de ampliar o sistema de licenciamento não automático (LNA) para uma série de produtos vai ter forte impacto sobre as exportações de eletroeletrônicos do Brasil para aquele país. Na opinião do executivo, as vendas de celulares, produto mais importante da pauta de eletroetrônicos para a Argentina, devem cair entre 50% e 60%.

“A resolução afeta de forma violentíssima as exportações brasileiras. A Argentina é nosso maior mercado e o impacto vai ser muito forte em relação ao nosso principal produto, o celular, que no ano passado já apresentou queda de 27,2%. É preciso considerar que o telefone celular tem um tempo muito curto entre seu lançamento e sua colocação no mercado. Com essa medida, o importador não sabe quando terá o produto para vender. A importação fica inviável se, por exemplo, demorar 90 dias para ser liberado”, declarou Barbato.

Segundo ele, a medida reforça a decisão de fabricantes transferirem suas unidades para o país vizinho. “Se antes dessa medida três fabricantes instalados no Brasil [Nokia, Motorola e Samsung] já tinham anunciado que iriam para a Argentina, imagine como vai ficar agora.”
O presidente da Abinee afirma que a medida é mais um motivo para o Brasil rever sua posição em relação ao Mercosul. “É lamentável que essa ação afete o Brasil, que é parceiro no Mercosul, que trata a Argentina com consideração. Acho que chegou a hora do País repensar sua posição no bloco, que tem nos amarrado muito e prejudicado eventuais acordos internacionais. Deveríamos ser, no máximo, uma área de livre comércio”, declarou.

Para Barbato, o governo argentino tomou uma medida adequada aos interesses de sua indústria e para resguardar o nível de emprego naquele país. “Acho que é uma medida bastante inspiradora para o governo brasileiro adotar em relação a outros países que agridem a indústria brasileira. Não estou falando da Argentina mas, principalmente, da China."

Site: Computerworld
Data: 16/02/2011
Hora: 18h55
Seção: Negócios
Autor: Lucas Callegari
Link: http://computerworld.uol.com.br/negocios/2011/02/16/vendas-de-celulares-para-argentina-podem-cair-ate-60/