Mercado de data centers amplia busca por certificações

29/04/2011

Com negócios globais e exigências cada vez maiores por segurança, empresas certificadas garantem diferencial e maior fatia de mercado.

A expansão no número de data centers comerciais no Brasil faz crescer também a busca por certificações, que garantem que a infraestrutura seguiu uma série de normas e padrões, obtendo qualidade internacional. O enquadramento aos padrões mínimos garante diferenciais e um mercado mais amplo, em que exigentes empresas multinacionais possuem importante papel como clientes.

A certificação não atesta somente que o data center está alinhado aos padrões, garante também uma série de benefícios, pois estão baseadas em normas que transcendem muito a antiga ideia de disponibilidade e segurança. Há alguns anos, e ainda hoje em alguns casos, há forte preocupação com redundância de recursos de processamento, elétricos e de climatização. O que ficava de lado era a preocupação com normatização em outros aspectos, incluindo a manutenção de profissionais treinados e comprometidos para lidar com qualquer tipo de ocorrência.

O gerente de certificações da TÜV Rheinland, Arnaldo Barbulio Filho, aponta três benefícios centrais no processo de certificação: começa pela parte de engenharia, passa pela construção da estrutura e termina na documentação, que terá um caráter completo, atualizado, pronto para consultas e embasamentos de alterações no futuro. “Muitas vezes, as áreas de engenharia e de execução de um data center mostram-se despreparadas para as exigências que um empreendimento de porte exige. A importância do acompanhamento por um órgão certificador começa aí, pois muitos sequer conhecem detalhes das normas”, avalia Arnaldo.

Usado pela TÜV e pelo instituto Uptime Institute na certificação de data centers, a norma TIA-942 é um padrão consagrado na América do Norte, que por força regional também é a mais adotada e conhecida no Brasil. Ela abrange arquitetura de rede, projeto elétrico, armazenamento, backup e arquivamento de dados, redundância, gestão de banco de dados, distribuição de conteúdo, regras ambientais, gestão de energia, entre outros pontos fundamentais para garantir níveis de serviço.

As certificações vão do Tier I ao Tier IV (do mais simples ao mais complexo), com diferentes garantias em relação à disponibilidade e à redundância de componentes. No Brasil, a mais popular é o Tier III, com garantia de 99,982% de disponibilidade, entre outros requisitos. A certificação ganhou destaque no mercado depois que alguns data centers comerciais anunciaram sua obtenção, por meio do Uptime Institute.

Nenhum data center brasileiro obteve o Tier IV, nível máximo no Brasil. E, segundo Barbulio, a explicação é simples: esse nível exige que a infraestrutura seja abastecida de energia por mais de uma empresa ou concessionária, com circuitos diferentes. Como no Brasil não existem localidades com mais de um circuito de eletricidade, esse nível de certificação torna-se inviável.

De olho em um mercado que deve exigir cada vez mais certificações, as principais companhias da área procuram avançar no mercado. O Uptime Institute inaugurou, em janeiro, uma comunidade no Brasil para observar o mercado local e criar programas de qualificação. Em passagem pelo País, o presidente da Uptime, Martin McCarthy, se disse impressionado com o estágio do mercado e a competitividade que se desenha entre as empresas de data center no Brasil. “Criamos o instituto por verificar enormes oportunidades no Brasil e no restante da América Latina.”

O conceito de computação em nuvem, segundo McCarthy, é um dos protagonistas da impulsão do mercado de data centers e a primeira vez que um conceito sai do lado do consumidor para se tornar importante no mercado corporativo. “E nessa nova fase, as entidades certificadoras terão papel fundamental”, avalia.

 A TÜV, que atua há algum tempo no Brasil com certificação de diversas atividades e, recentemente, estruturou seu processo de certificação de data centers, também está de olho em um mercado explosivo. Mas, segundo Barbulio, é uma tendência ainda em seu início e as certificações precisam se consolidar no mercado. “É um problema que acontece com todo o tipo de certificação, mas da mesma forma que isso já está consolidado nos EUA e na Europa, o mercado brasileiro logo perceberá a importância de ser certificado”, conclui.

Site: CIO
Data: 28/04/2011
Hora: 13h49
Seção: Gestão
Autor: Rodrigo Afonso
Link: http://cio.uol.com.br/gestao/2011/04/28/mercado-de-data-centers-amplia-busca-por-certificacoes/