A demora da presidenta Dilma Rousseff, em nomear alguns dos principais cargos na área de Tecnologia da Informação vem causando constrangimentos, tanto para quem deveria ter deixado o governo ou sido remanejado para outras áreas, quanto para quem está entrando, mas não pode assumir oficialmente a função para a qual foi convidada.
Depois de quatro meses de governo, ainda não se sabe oficialmente quem irá ocupar alguns dos principais cargos na área de TI do governo. Ou se serão mantidos os atuais ocupantes, apesar de alguns órgãos terem sofrido mudanças em sua cúpula, em função de negociações políticas. Quem ainda não conseguiu resolver o problema das contratações está se virando como pode.
Curiosamente as maiores dores de cabeça vêm ocorrendo em órgãos e empresas estatais aonde o controle do PT não foi alterado, em função das negociações políticas que a presidenta foi obrigada a fazer, durante a montagem de sua base de sustentação com apoio de outros partidos no Congresso Nacional.
A Secretaria de Logística e Tecnologia da Informação (SLTI) tem sido um desses exemplos. Desde o dia 25 de fevereiro o novo secretário Delfino Natal de Souza aguarda para ser nomeado. Delfino foi indicado pela ministra Miriam Belchior naquela data, mas até agora não assumiu a função e nem tem a menor expectativa de quando isso ocorrerá.
Funcionário de carreira da Caixa Econômica Federal, como não pode assumir oficialmente o cargo, restou à Delfino apenas dar o expediente diariamente na SLTI, mas sem poder assinar nenhum documento em nome desta secretaria.
Nesta terça-feira, por exemplo, a SLTI divulgou a Portaria No- 17, que trata do "período de validação das especificações técnicas dos equipamentos de TI". Trata-se das especificações de hardware que o governo deseja imprimir na Administração Federal, no sentido de orientar aos órgãos sobre as compras desses equipamentos. Quem assinou ontem essa Portaria foi a Chefe de Gabinete da SLTI, Maria Lúcia de Carvalho Porto.
Por essa nova Portaria, os fabricantes ou fornecedores de desktops e notebooks terão o período de 4 a 18 de maio para apresentar contribuições ao documento que servirá de base para futura Instrução Normativa contendo padronização de hardware para compra pelos órgãos federais. Mas fica a pergunta: Os fabricantes e fornecedores se reportam à quem, se tiverem alguma reclamação à fazer: Delfino? Ou Maria Lúcia?
Além da falta de nomeação do secretário, a SLTI também permanece com os seguintes cargos abertos:
Secretário-Adjunto;
Coordenador-Geral de Normas;
Coordenador-Geral do Sistema Integrado de Administração de Serviços Gerais;
Coordenador-Geral do Sistema de Concessão de Diárias e Passagens (mantém um interino)
Diretoria do Departamento de Integração de Sistemas de Informação;
Coordenador-Geral de Gestão Corporativa;
Coordenador-Geral de Inovações Tecnológicas;
Diretor do Departamento de Serviços de Rede (era ocupado até hoje por Cristiano Rocha Heckert, que migrou para o Ministério da Integração Nacional)
Coordenador-Geral de Análise Estatística.
Estatais
Nas estatais as mudanças estão se processando lentamente, quer seja por demora nas nomeações, ou por inércia política. Na Dataprev a última previsão é de que a atual diretoria não mudará. Isso, depois de uma disputa interna no PMDB ( que detém o controle do ministério) ter travado as nomeações junto à Casa Civil da Presidência. A permanência de petistas na estatal, contudo, vem desagradando setores do PMDB, que preferem não bater de frente com a presidenta, neste momento, mas admitem que só estão adiando esse confronto político.
Mas o maior problema vem ocorrendo com o Serpro, a principal empresa de processamento de dados do governo federal. Por falta de nomeações, as atividades da estatal só não sofreram um colapso administrativo, porque alguns membros da diretoria que permaneceram vêm se desdobrando para suprir a lacuna deixada em seus quadros.
A empresa conta com sete diretorias, mas em três não houve mudanças. Foram mantidos em seus cargos o presidente, Marcos Mazoni, além do Diretor-Superintendente, Gilberto Paganotto e o diretor de Relações com os Clientes, Jorge Barnasque.
A única nomeação ocorrida até agora no Serpro foi na Diretoria de Gestão Empresarial. Com a saída espontânea de Antonio Sérgio Cangiano, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, acabou indicando Laerte Dorneles Meliga para o cargo. Por suposta sugestão do ex-ministro e ex-governador do Rio Grande do Sul, Olívio Dutra (PT).
Porém, as principais diretorias da estatal (Operações, Administração e Desenvolvimento) encontram-se numa espécie de "limbo administrativo", desde fevereiro deste ano. As indicações para ocupar essas diretorias já foram definidas no Ministério da Fazenda, mas o Serpro continua aguardando as nomeações.
Não se tem uma previsão de quando vão sair e isso vem afetando outros órgãos federais, que se ressentem com a falta de interlocutores na empresa, para continuar negociando e tocar novos projetos, além dos que estão em andamento. Essas diretorias controlam em sua estrutura outras 11 superintendências e coordenações ( além de uma universidade corporativa), que também ficam à espera das mudanças nos quadros de comando dentro da empresa.
A última previsão otimista dava conta de que as nomeações sairiam nesta semana. Mas ela já foi atropelada com uma nova desculpa: A presidenta Dilma está com princípio de pneumonia e por hora não pretende tratar desse tipo de assunto.
Site: Convergência Digital
Data: 03/05/2011
Hora: 12h12
Seção: Gestão
Autor: Luiz Queiroz
Link: http://convergenciadigital.uol.com.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=26123&sid=16