O programa Um Computador por Aluno (UCA) já distribuiu quase 123 mil laptops a professores e estudantes, em 300 escolas públicas do ensino básico. Mas a próxima fase do programa, que envolve mais 600 mil equipamentos, ainda esbarra em uma dificuldade. A linha de crédito do BNDES para as secretarias de educação permanece intocada, pois não recebeu nenhum pedido de financiamento.
Com isso, aparentemente não houve impacto a redução do valor destinado ao programa. Segundo o MEC, o banco de fomento teria R$ 660 milhões para o UCA, mas o BNDES informa que o efetivamente reservado para as linhas de financiamento são R$ 100 milhões.
O efeito é mais significativo na encomenda dos 600 mil laptops a serem fornecidos pela Positivo Informática, vencedora do pregão realizado em outubro do ano passado, com equipamentos a R$ 344 ou R$ 377, a depender da região do país onde eles deverão ser entregues.
Até aqui, a fase 2 do programa – que previa a entrega de 150 mil laptops – parece muito próxima de ser concluída. Isso porque algumas escolas ouvidas pelo Convergência Digital receberam mais equipamentos do que o descrito na listagem mais atualizada do Ministério da Educação – por sinal, com números bem diferentes daqueles informados no portal do UCA (www.uca.gov.br), onde constam somente 50 mil distribuídos.
O uso dos computadores, no entanto, obedece ao ritmo de cada escola. E aí se encontram diferenças gritantes. Em Acrelândia, no Acre, a escola Marcílio Pontes dos Santos recebeu 393 laptops que já fazem parte do processo pedagógico. Há um blog geral, com páginas específicas para cada professor.
“Alunos e professores estão empolgados e já utilizam os computadores de forma diária. Além do blog, estamos procurando usar outras ferramentas como o twitter e redes sociais, de formar a tirarmos o máximo do equipamento”, conta o diretor da escola, Eudes Caetano de Souza.
Já em Arapiraca (AL) e Anamã (AM), os computadores recebidos no ano passado permanecem em caixas, nas respectivas coordenadorias de ensino das secretarias de Educação. Em Anamã, os professores da escola Presidente Tancredo Neves ainda aguardam o curso de formação e só depois disso poderão utilizar os equipamentos.
“Houve um curso em Manaus para treinamento dos multiplicadores e estamos começando hoje [9/5] o trabalho com os professores. Por enquanto, nossa internet é via Gesac. Houve a instalação da rede UCA, mas ainda não temos acesso porque falta a chave [senha] da rede”, conta o professor Afrânio Pinheiro, um dos multiplicadores no Amazonas.
Em Arapiraca, a escola José Tavares também espera a conexão à internet e, enquanto isso, os laptops também ficam guardados junto à coordenadoria de ensino. “O material chegou, mas não temos internet. E de qualquer maneira, ainda não temos condições de segurança para deixar os equipamentos na escola”, diz a diretora Luciene Azevedo Martins.
A questão da segurança é importante, como descobriu a escola Desembargador Boto de Menezes, em João Pessoa (PB). “Somos a única escola no programa em João Pessoa. Recebemos 393 computadores, mas cerca de 250 deles foram roubados. Alguns já foram recuperados, mas não temos condições de mantê-los aqui”, conta a diretora Genilda Ribeiro de Oliveira.
Os equipamentos chegaram à escola em julho do ano passado. A secretaria de educação se comprometeu a montar armários para guardar os laptops com mais segurança, mas isso nunca aconteceu. Dois meses depois, ainda nas caixas, os computadores foram levados por três assaltantes armados que renderam um funcionário, uma professora e quatro técnicos do TRE, que preparavam a escola para funcionar como seção eleitoral.
Site: Convergência Digital
Data: 10/05/2011
Hora: 8h
Seção: Inclusão Digital
Autor: Luís Osvaldo Grossmann
Link: http://convergenciadigital.uol.com.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=26195&sid=14