Fomento à P&D divide fabricantes nacionais e estrangeiros

18/05/2011

Políticas de indução de investimentos em pesquisa e desenvolvimento - e especialmente aquelas que envolvem algum tipo de preferência a tecnologias desenvolvidas nacionalmente - atraem naturalmente opiniões divergentes, com base na origem do capital dos afetados. A discussão sobre a proposta da Anatel para um regulamento de P&D e inovação não foi diferente.

Assim, a primeira crítica do dia à ideia da agência partiu da Nokia Siemens, preocupada tanto com a falta de participação de conversas com o setor produtivo quanto com a insistência em políticas que privilegiam, de alguma forma, serviços e equipamentos produzidos com tecnologia nacional. Para a multinacional, regras como a de preferência de compras são contestáveis. “A leitura é de que isso é reserva de mercado”, disparou o diretor de relações corporativas da Nokia Siemens, Mario Baumgarten.

Segundo ele, “não existem mais telecomunicações nacionais. Nosso playground é o mundo, não o Brasil. A ideia de fabricar aqui pode sair muito cara e não resolve nosso problema com a balança comercial porque não temos indústria de componentes, que hoje representam 90% do custo dos equipamentos”. O presidente da empresa no país, Aluizio Byrro, emendou mais tarde: “Não vale a pena produzir no Brasil”.

Não chega a surpreender que a avaliação seja distinta daquela feita pela Tropico, fabricante brasileira de equipamentos de redes. A concordância ficou no ponto em que produzir no Brasil é caro, especialmente por conta do câmbio pouco favorável. Para seu presidente, Raul Del Fiol, no entanto, a aposta em tecnologia nacional é essencial para o país.

“O Brasil precisa de uma alternativa local ao domínio de chineses e, quem sabe, indianos. E quem é dominante eleva preços”, destacou. Segundo ele, porém, faltam instrumentos, como um Processo Produtivo Básico para software, investimento no capital das empresas brasileiras e, até mesmo, o uso de tarifas alfandegárias.

“Por que os automóveis são o único setor produtivo em que o Imposto de Importação é o máximo permitido, de 35%, enquanto em telecom o imposto é de 16%? Ampliar isso já ajudaria na briga por aqueles 60% a 70% de vantagem que os preços de outros países têm por conta do câmbio atual”, arriscou o executivo.

Site: Convergência Digital
Data: 17/05/2011
Hora: 17h05
Seção: Inovação
Autor: Luís Osvaldo Grossmann
Link: http://convergenciadigital.uol.com.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=26297&sid=3