Apesar de estar ciente de que várias empresas no Brasil, entre elas, as teles fixas e móveis, estão, neste momento, montando suas estratégias para comprar a frequência - que deverá ser leiloada ainda este ano, conforme o cronograma da Anatel - a Telcomp diz que o momento para as médias e pequenas empresas apostarem na faixa passou.
"Demorou tanto para o processo ficar pronto que afirmo: é hora de a Anatel ir vender a frequência fora do Brasil para atrair novos investimentos", diz João Moura, presidente da Telcomp, em entrevista exclusiva ao Convergência Digital.
Moura assume que a briga das médias empresas pela faixa em 2007 - quando o leilão foi suspenso por ação judicial das Teles, que ficaram de fora da disputa nas suas áreas de concessão - 'teria maior apelo'. Agora, observa, é preciso fazer muita conta para fechar um equilíbrio financeiro.
"Apesar de tentarem mostrar desinteresse pela faixa, as teles vão, sim, brigar pelo espectro, para ampliarem a oferta de banda larga. Especialmente na faixa de 35 Mhz. Os da faixa de 10Mhz podem atrair provedores Internet, mas acredito que, nesse caso, eles vão ter que formar consórcios para custear o processo", pondera o executivo.
Mas o presidente da Telcomp admite que o custo de montagem de infraestrutura - seja na faixa de 35 Mhz seja na faixa de 10MHz - será praticamente o mesmo. "Fato é que a faixa de 10MHz terá uma cobertura maior, mas os provedores terão que fazer a conta para equilibrar a receita. Vai ser necessário atrair muito mais cliente do que na faixa de 35 Mhz", afirma.
E dentro dessa linha de pensamento, a Telcomp diz que o maior benefício para o mercado - que está fazendo as contas - é a Anatel divulgar, o quanto antes, as regras do edital.
"Transparência é a melhor receita para permitir que os consórcios se formem, para que tudo fique claro", salienta Moura.
Apesar de achar que vão existir consórcios nacionais brigando pela faixa, além das teles - fixas e móveis, João Moura diz que o momento é para a Anatel ir ao mercado fora do Brasil. "Há investidores interessados em vir pra cá. Se há frequência, eles podem vir. A agência deveria fazer road show nos EUA, na Ásia, na Europa. O Brasil não é a bola da vez? Pode ser também em Telecom, já que há espectro. E com isso teríamos mais competição, especialmente, nas faixas de 35 Mhz", salienta o presidente da Telcomp.
Neste momento, a Anatel conduz uma consulta pública sobre o leilão de 3,5GHz. Voltado para a banda larga, o leilão prevê a oferta de multisserviços. Ao uso do espectro estarão associadas autorizações de serviços móveis (SMP), fixos (STFC) e de comunicação multimídia (SCM).
A agência formatou o leilão em 545 lotes, sendo os primeiros nove relativos às três grandes regiões do Plano Geral de Autorizações – portanto, com três empresas em cada uma delas – em blocos de 35 MHz. Nesses lotes, a agência fixou obrigações de cobertura – que em cinco anos devem atingir, gradativamente, todos os municípios com mais de 30 mil habitantes, sendo que aqueles com mais de 100 mil moradores devem estar cobertos nos dois primeiros anos.
Os outros 536 lotes são de blocos de 10 MHz, restritos às áreas de registro do SMP, ou seja, àquelas regiões com o mesmo DDD. Para essas não foram definidas obrigações de cobertura.
A proposta da Anatel prevê ainda que as vencedoras terão que destinar pelo menos 30% dos investimentos em serviços e equipamentos com tecnologia nacional. A consulta pública vai até o dia 29 de junho.
Site: Convergência Digital
Data: 30/05/2011
Hora: 11h55
Seção: Telecom
Autor: Ana Paula Lobo
Link: http://convergenciadigital.uol.com.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=26455&sid=8