Platform-As-a-Service: desenvolvedores estão no comando

09/06/2011

A falta de segurança e de bons produtos ainda são responsáveis pela baixa adesão das empresas ao PaaS, que veio para ficar, segundo o Gartner.

O modelo de nuvem PaaS (Plataforma como serviço), que tem como prerrogativa a entrega de serviços ligados a aplicativos e a desenvolvimento, além de autenticação, autorização de acessos, gestão de sessões e de metadados, como no Amazon Web Services, pode ganhar força como opção de implementação para programadores. Mas o mercado ainda está em fase inicial e os desenvolvedores estão à frente das decisões. 

Atualmente, PaaS é um mercado de US $ 2,8 bilhões, mas "ele se tornará um mercado de US $ 10 bilhões, nos próximos 10 anos" diz o analista da empresa de pesquisas Forrester, Stefan Ried, que recentemente publicou um relatório sobre PaaS. O Windows Azure, da Microsoft e o Force.com, da Salesforce.com são hoje as principais plataformas para programadores no mercado PaaS, segundo a Forrester. Mas a lista de candidatos é longa, e vai do Google App Engine a serviços de empresas como a Caspio, EngineYard, LongJump, OrangeScape, Tibco e WaveMakers, afirma Ried. Na definição da Forrester PaaS é uma plataforma completa de aplicações para ambientes hospedados na nuvem, incluindo ferramentas de desenvolvimento, execução e administração, e ferramentas de gestão e serviços.

Os usuários elogiam o PaaS, mas devido aos problemas de segurança típicos de modelos da computação em nuvem, a WebFilings, companhia que oferece assistência online para preenchimento de relatórios para a comissao de valores mobiliários nos Estados Unidos, ancorou o seu negócio no Google App Engine. "Olhamos para o Google e sua forte reputação de segurança e dissemos, "bem, em vez de gerenciar e manter toda essa plataforma, vamos contar com o Google para isso". O que remove uma camada de complexidade e permite à empresa focar em inovação para o seu mercado ", afirmou Dan Murray, diretor da WebFilings.

Mas Treb Ryan, CEO da computação em nuvem da vendedora de serviços OpSource, observou baixa adoção de PaaS até o momento: "Tem sido lento - para nossa surpresa, na verdade." Embora a expectativa de desenvolvimento seja o principal motor para PaaS, infraestrutura como serviço (IaaS) teve "muito mais" adoção, no caso da OpSource. Os problemas que seguram o crescimento do PaaS incluem ofertas exclusivas de laçamentos e a necessidade de reescrever as aplicações. O IaaS "é muito mais fácil de adotar", declarou Ryan, que espera a melhora das plataformas PaaS  e, finalmente, o sucesso.

O relatório da Forrester ressalta que PaaS continua sendo "um mercado imaturo de alto risco para os compradores", escreveu o analista. Mas ele também acredita que o IaaS oferece menos valor: "Você só pega o hardware virtualizado". Os desenvolvedores que usam ofertas de IaaS como a Amazon Elastic Compute Cloud (EC2) devem lidar com máquinas virtuais, storage blocks, ameaças na execução e conexões de rede.

A WebFilings mantém 10% de suas operações na plataforma da Amazon, mas se a companhia tivesse sido criada hoje, Murray diz que a opção pela Amazon EC2 provavelmente não seria necessária, graças a melhorias subsequentes da App Engine.

Desenvolvedores que conduzem o crescimento de PaaS - primeiro indivíduos, depois empresas - serão impulsionados, em parte, pelos criadores de aplicativos que não quiseram investir muito em reunir os componentes de middleware, afirmou Ried. "Cloud computing é emocionante para o desenvolvimento de aplicativos corporativos porque oferece acesso imediato a recursos para desenvolvimento e testes; a implantação é feita em minutos; é simples, com o dimensionamento automático para download e upload, e os serviços pagos de acordo com o uso", escreveu no seu relatório.

Hoje, a grande maioria dos usuários de PaaS é formada por desenvolvedores individuais que focam em construir aplicações relativamente simples na nuvem, afirma Massimo Pezzini, analista da Gartner. Mas a adoção de empresas está crescendo ao menos no  desenvolvimento e realização de testes, não necessariamente para a implantação. O motivo é que ainda existem entraves, como a segurança, confidencialidade dos dados, e as preocupações com a qualidade do serviço. "Com um produto como o App Engine, você realmente não tem nenhuma qualidade do serviço garantida",  declara Pezzini.

Muitos desenvolvedores de linguagens de programação que procuram uma oferta de PaaS podem encontrar uma que provavelmente seja adequada à linguagem de sua escolha.

O Google App Engine é compatível principalmente com Java, Python e um suporte para a linguagem experimental Go já previsto. O Azure suporta .Net, PHP, Java e Python. A Force.com usa HTML, JavaScript e Adobe Flash, como parte do quadro da empresa UI Visualforce, e o código Apex próprio para procedimentos de banco de dados. A nuvem do Engine Yard requer programação em Ruby on Rails.

A variedade existe porque nenhuma linguagen PaaS dominante emergiu, argumenta Pezzini. "No momento, a sobrevivência Darwiniana do mais forte [na batalha] está acontecendo concomitantemente com llinguagens de programação para PaaS." Provavelmente o Java estará entre os sobreviventes, assim como as linguagens dinâmicas como Ruby, afirma: "No entanto, as novas liguagens, projetadas especificamente para aproveitar melhor as capacidades do  multicore e do paralelismo em nuvem, como o Scala, e ambientes model-driven, como BPMN, desempenharão também um papel importante. "

Vem aí o iPaaS
Com a integração do PaaS está emergindo o iPaaS - ou, mais simplesmente a iinterligação do serviço . Ele está se tornando importante para a conexão de um aplicativo em cloud computing com outro ou para aplicativos instalados no PC, afimrou Pezzini. (o analista usa o termo "PaaS aplication", ou aPaaS, para se referir ao "tradicional" PaaS). E estima que existam de 2.5 mil a 3 mil organizações que utilizam o iPaaS.

Nuvens como o Azure e o recém lançado MuleSoft Mule Ion oferecem o serviço de iPaaS. “O problema e é que estamos criando silos na nuvem”, declarou Ross Mason, CTO da MuleSoft, que oferece serviços de integração.

A adoção de PaaS  por empresas é inevitável. A não ser em situações em que as empresas querem ter maior controle e, nesse caso, eles optam pelo IaaS, em vez do PaaS, disse Murray, da WebFilings. Mas o PaaS é a escolha certa para a construção e implantação de aplicativos de forma rápida, acrescenta. "Eu definitivamente acho que mais empresas vão começar a usar PaaS".

Embora o PaaS já enfrente alguns problemas de crescimento - até mesmo com o Google e com a Microsoft que ainda oferecem produtos incompletos, completa a Forrester  -, a Forrester prevê aumento de adoção do PaaS no setor financeiro, já que o modelo claramente facilita a implementação de aplicações na nuvem. "Com bons produtos PaaS, desenvolvedores de aplicativos vão aproveitar rapidamente os benefícios da nuvem", afirma o relatório da Forrester.

Que também adverte: "sem bons produtos PaaS”, a criação na nuvem é muito difícil para a maioria dos desenvolvedores corporativos e os benefícios da cloud computing chegará lentamente com uma ampla variedade de lojas de aplicativos PaaS."

A Forrester espera que haja bons produtos em breve e, portanto, uma migração para o PaaS.

Site: CIO
Data: 08/06/2011
Hora: 09h04
Seção: Tecnologia
Autor: Paul Krill
Link: http://cio.uol.com.br/tecnologia/2011/06/07/platform-as-a-service-desenvolvedores-estao-no-comando/