Fornecedores de equipamentos também querem que a Anatel adie o leilão da faixa de 3,5 GHz, ainda que não pela preocupação das interferências na Banda C. A questão, no caso, é a discussão que acontece este ano na União Internacional de Telecomuncações (UIT) sobre essa radiofrequência e a possibilidade de que o órgão internacional sugira o uso também com tecnologias FDD, e não apenas TDD, como prevê o edital da agência.
“Há duas reuniões este ano na UIT, das quais inclusive a Anatel fará parte, e que podem reconfigurar a faixa de 3,5 GHz. Por isso, entendemos que seria imprudente avançar [com o leilão] antes da definição da UIT, para não começarmos a discutir, logo depois, uma mudança na faixa”, defendeu o diretor de relações governamentais e industriais da Ericsson, Ricardo Tavares.
O uso do FDD na faixa de 3,5 GHz é positivo para a indústria envolvida no desenvolvimento do LTE (do inglês Long Term Evolution), por vezes chamado de 4G. Na verdade, existe desenvolvimento de LTE também para tecnologias em TDD, mas há dúvidas sobre o interesse das operadoras em investirem nos equipamentos para as duas tecnologias.
Embora não produza equipamentos para a faixa de 3,5 GHz, representantes da Qualcomm também sugeriram que a agência poderia esperar um pouco mais para dar um novo desenho à utilização dessa frequência. O interesse da empresa, no momento mais concentrado na faixa de 2,5 GHz, está ligado aos produtos com tecnologia HSPA+ que precisarão de grandes blocos de espectro – superiores aos de 35 MHz definidos no edital da Anatel.
Mas a agência não acredita que a UIT vai sugerir o uso de tecnologias FDD – usada pelos serviços móveis – para a faixa de 3,5 GHz. Segundo o gerente geral de comunicações pessoais terrestres, Bruno Ramos, a discussão no órgão internacional está muito mais ligada a um pleito europeu para ampliação do uso do espectro na configuração da faixa de 3,5 GHz.
“Não acredito que, mesmo dentro das diversas possibilidade de recomendações da UIT, as modificações deste ano impactem nas definições à longo termo da faixa. De qualquer maneira, a proposta europeia é de subir até 3,8 GHz, o que é inviável no Brasil exatamente pela questão já existente com o satélite”, afirmou Ramos, referindo-se aos problemas já enfrentados de interferência da faixa de 3,5 GHz na Banda C (3,6 GHz a 4,2 GHz).
Site: Convergência Digital
Data: 09/06/2011
Hora: 15h33
Seção: Telecom
Autor: Luís Osvaldo Grossmann
Link: http://convergenciadigital.uol.com.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=26577&sid=8