O Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br) anunciou os resultados da 6ª Pesquisa sobre uso das Tecnologias da Informação e da Comunicação no Brasil — TIC Empresas 2010 – e da TIC Domicílios. Ambas foram conduzidas pelo Centro de Estudos sobre as Tecnologias da Informação e da Comunicação (CETIC.br) e revelam dados importantes sobre usuários e empresas do setor no país.
TIC Empresas
O levantamento analisou cinco mil empresas com dez ou mais funcionários em todo o território nacional. A pesquisa traz informações sobre a penetração e uso da Internet nas empresas brasileiras, incluindo dados gerais sobre os sistemas TIC, governo eletrônico, segurança na rede, comércio eletrônico e habilidades no uso das TICs.
Em 2010, os resultados da TIC Empresas apresentam um cenário de estabilidade em comparação ao que vinha sendo observado nos anos anteriores. A presença de computadores nas empresas investigadas permanece no patamar de 97%. Nas pequenas empresas (10 a 19 funcionários), o índice é de 97%, mesmo percentual registrado em 2009, enquanto as empresas com cinquenta funcionários ou mais registram índice de 100%. Considerando os segmentos de atividade econômica, o uso do computador cai para 89% entre as empresas do segmento “alojamento e alimentação”, menor índice entre os setores pesquisados. O segmento “transporte, armazenagem e correio” apresenta o índice de 100%.
O acesso à Internet está presente em 95% do universo pesquisado. Dentre as empresas com mais de 250 funcionários, 100% acessam a Internet. “A pesquisa de 2010 revela que esses indicadores estão atingindo estabilidade, o que indica um ponto máximo de expansão do uso do computador nas empresas com mais de dez funcionários”, diz Alexandre Barbosa, gerente do CETIC.br.
A universalização do computador e da Internet nas empresas brasileiras e o avanço da conectividade não refletem maior nível de apropriação da tecnologia. “Isso se comprova pela estabilidade no conjunto de indicadores que denotariam maior integração da cadeia produtiva, como os de transações realizadas no ambiente virtual. Agora que as empresas já substituíram o papel pelo computador, chegou a hora de aproveitar todo o potencial das TICs. Isso vai incrementar ainda mais as relações entre empresas, clientes e governo, apoiadas na Internet”, completa Barbosa.
Conectividade
A proporção de empresas com infraestrutura de rede LAN com fio permanece estável, no patamar de 81%, em 2010, enquanto a LAN sem fio experimenta uma expansão significativa desde 2005, primeiro ano em que foi realizada a TIC Empresas. As empresas com rede LAN sem fio representam hoje 50% do total pesquisado (eram 14% em 2005, passou para 28% em 2007 e subiu para 41% em 2009), proporção que aumenta consideravelmente (86%) quando são consideradas apenas as empresas com mais de 250 funcionários. “Verificamos que não ocorre substituição em relação à rede com fio, o que indica o uso concomitante e complementar dessas tecnologias”, ressalta Barbosa.
Em 2010, a TIC Empresas passou a pesquisar a proporção de empresas que têm conexão por link dedicado: 25% das entrevistadas possuem esse serviço, percentual que chega a 76% nas empresas de grande porte.
Presença na web
De acordo com a pesquisa, 56% das empresas entrevistadas possuem sítio na Internet, seis pontos percentuais acima do verificado em 2009. Considerando aquelas que estão presentes na Internet por meio de um sítio ou página de terceiros, 63% das empresas brasileiras com mais de 10 funcionários estão presentes na Internet (em 2009, eram 57%).
As regiões Sudeste (59%) e Sul (56%) destacam-se como as que apresentam maior proporção de empresas com sítio, à frente das regiões Nordeste (50%), Centro-Oeste (47%) e Norte (44%). Entre as empresas de grande porte (acima de 250 funcionários), a proporção de organizações com sítio sobe para 90%.
Os segmentos com maior presença de sítios são “Informação e comunicação, artes, cultura, esporte e recreação e outras atividades de serviços” (72%) e “atividades imobiliárias, atividades profissionais, científicas e técnicas, atividades administrativas e serviços complementares” (68%), enquanto no comércio a proporção é a mais baixa (43%).
Segurança
A TIC Empresas 2010 apresenta um crescimento expressivo na proporção de empresas que utilizam certificados digitais, passando de 38% em 2009 para 53% em 2010. Outras tecnologias também apresentam crescimento, considerando-se a série histórica da pesquisa: o uso de senhas e PINs passa de 57% em 2007 para 79%, e o uso de tokens e smartcards passa de 19% para 25%.
Confirmando-se a tendência já verificada nas pesquisas anteriores, quanto maior o porte, maior a proporção de empresas que utilizam alguma tecnologia de autenticação (apenas 1% não utiliza nenhuma das pesquisadas): 96% utilizam senhas, 73% certificados digitais e 34% tokens ou smartcards.
TIC Domicílios
Mais de 24 mil domicílios foram entrevistados em todas as regiões do Brasil sobre infraestrutura tecnológica nos domicílios brasileiros, perfil dos usuários brasileiros de computador e Internet, uso do computador e da Internet e mobilidade e portabilidade.
Presença de computador e Internet
Entre 2009 e 2010, a proporção de domicílios brasileiros no Brasil com computador passou de 32% para 35%, representando um crescimento de 9%. Na área urbana, essa proporção passa de 36%, em 2009, para 39%, em 2010, registrando uma taxa de crescimento de 8%. Esses resultados mostram que a proporção de domicílios com computador mais que dobrou na área urbana nos últimos seis anos, embora o crescimento desse ano seja menor que o da pesquisa anterior.
Em 2010, o acesso à Internet nos domicílios urbanos cresce 15% em relação ao ano anterior, taxa inferior à verificada em 2009, ano em que o crescimento foi o maior desde o início da série. A média anual composta do crescimento do acesso à rede nos domicílios brasileiros urbanos foi de 19% no período entre 2005 e 2010.
“Continuamos a verificar um aumento na presença dos computadores e da Internet; a oscilação do ritmo de crescimento é bastante natural e pode ser influenciada por inúmeros fatores socioeconômicos”, relata Alexandre Barbosa, gerente do CETIC.br.
Perfil do usuário de Internet
Nota-se que o maior crescimento proporcional de usuários de Internet está entre indivíduos com baixa escolaridade, especialmente analfabetos/ ensino infantil, que passou de 9% em 2009 para 13% em 2010; 43% dos entrevistados com ensino fundamental que acessam a rede, perante 36% em 2009, representando 19% de crescimento.
Tipo de conexão à Internet
Nessa edição, percebe-se a queda de usuários de acesso discado, presente em apenas 13% dos domicílios da zona urbana, e um aumento proporcional das conexões de banda larga fixa, que estão em 68% dos domicílios com acesso à Internet na zona urbana do país. Os indicadores retratam, ainda, um aumento expressivo de conexões de banda larga móvel, reflexo da ampliação de novas tecnologias móveis, principalmente a tecnologia 3G.
Verificou-se o crescimento expressivo das conexões de banda larga fixa, especialmente na zona rural do país: entre 2009 e 2010, a proporção de domicílios com conexão de banda larga cresceu nove pontos percentuais.
Observa-se também que conexões de banda larga móvel (como o 3G), cresceram tanto nas áreas urbanas como nas rurais. Nas áreas urbanas, esse crescimento foi de 67% em relação a 2009 e nas áreas rurais foi de 63% em relação à edição anterior.
Local de acesso à Internet
Em 2010, observa-se crescimento considerável do acesso à Internet no domicílio. Entre o total da população brasileira urbana, o crescimento foi de sete pontos percentuais em relação a 2009. “Trabalho” (22%), “escola” (14%), “casa de outras pessoas” (27%) e “centros públicos de acesso gratuito à Internet (telecentros)” (4%) mantiveram os mesmos patamares da edição anterior.
Outro resultado bastante expressivo em 2010 foi a queda do uso da Internet em lan houses. Em 2010, observa-se uma queda significativa de 10 pontos percentuais no total de usuários de lan houses em relação à edição de 2009 para o Total Brasil. Embora essa tenha sido a queda mais expressiva da participação das lan houses desde o início da pesquisa TIC Domicílios, elas continuam sendo o segundo lugar que os brasileiros mais utilizam para acessar a Internet. Para uma parcela considerável da população de baixa renda elas constituem uma oportunidade para a participação cidadã e para o trânsito no mundo cultural, educacional e de lazer, por meio das tecnologias de informação e comunicação.
O brasileiro na Era das redes sociais na Internet
No que se refere aos brasileiros que usam as redes sociais, considerando a participação em sites como Orkut e Facebook, observa-se que é expressiva a proporção de internautas que participam dessa atividade na rede. A Região Nordeste desponta como um destaque, alcançando a marca de 75% de internautas que fazem uso de redes sociais, seguido das regiões Sul e Centro-Oeste, com 70%, Norte com 68% e Sudeste com 67%.
Em relação à faixa etária, 82% os internautas mais jovens, na faixa de 16 a 24 anos participam de alguma rede social, uma diferença considerável de 12 pontos percentuais para os internautas entre 25 e 34 anos, faixa em que 70% dos internautas participam das redes sociais. Entre a população de usuários de Internet com idade acima de 65 anos, 45% fazem uso de redes sociais.
Barreiras para a conexão de internet
As barreiras para o acesso à Internet nos domicílios brasileiros estão associadas a problemas de custo e de infraestrutura. Dentre os domicílios que possuem computador, mas não dispõem de acesso à Internet, no Total Brasil observa-se que: 49% não possuem acesso à Internet devido ao alto custo do serviço e 23% pela falta de disponibilidade na área. A falta de interesse (16%) e falta de habilidade (12%) são citações mais tímidas, porém relevantes, pois refletem barreiras que não são referentes à infraestrutura, mas à falta de apropriação da tecnologia pela população.
Barreiras para o uso da web
Entre as dificuldades encontradas pelos cidadãos no uso e navegação na Internet relacionadas à acessibilidade, as principais se referem a “acessar sites ou páginas demora muito/ páginas são muito pesadas” (37%), “não encontro a informação desejada no site” (22%), dificuldades relacionadas a “ler um texto longo” (14%) e “acessar páginas com janelas que aparecem na tela” (11%). “É comum que as pessoas confundam a Internet com sua interface gráfica, a web”.
A busca pela mobilidade: o uso das TICs o tempo todo e em qualquer lugar Em 2010, observa-se um crescimento expressivo de tecnologias que favorecem a mobilidade: a proporção de domicílios com computadores portáteis (notebooks) e telefones celulares aumentou de maneira expressiva.
A penetração dos notebooks nos domicílios brasileiros com computador cresceu mais de 60%, passando de 14% em 2009 para 23% em 2010. Ainda em relação aos computadores portáteis, o crescimento acontece especialmente em áreas urbanas e classes sociais mais elevadas. As áreas rurais apresentam estabilidade em relação à medição anterior: apenas 15% dos domicílios rurais possuem computadores portáteis. Por outro lado, nota-se um aumento expressivo da posse de computadores portáteis nas diferentes classes sociais: enquanto 70% domicílios da classe A que tem computadores possuem um notebook, nas classes C e DE, esse percentual cai pela metade.
Telefones celulares tiveram crescimento expressivo, especialmente entre os segmentos sociais menos favorecidos economicamente. Os maiores crescimentos proporcionais dos domicílios com telefone celular ocorreram na zona rural – crescimento de 10 pontos percentuais em relação a 2009; na região Nordeste – o total de domicílios com aparelho celular passou de 63% em 2009 para 77%; e na classe DE, na qual o crescimento de 2009 para 2010 foi de nove pontos percentuais, passando de 54% em 2009, para 63% em 2010.
Os indicadores das duas pesquisas estão disponíveis no endereço http://www.cetic.br/.