Empresa prepara oferta de serviços locais ao mesmo tempo em que lança produto capaz de reduzir consumo de banda em aplicações de cloud computing.
Há quase cinco anos no Brasil, a empresa americana Blue Coat prepara-se para trazer ao país a oferta de software como serviço com base em data centers locais, informou a empresa na quinta-feira (14/7).
“Nosso data center será local, mas faremos outsourcing”, explicou o diretor de marketing da Blue Coat para a América Latina, José Porto. “Devemos fazer o anúncio oficial daqui a três meses.”
A iniciativa deverá ajudar a elevar a participação dos serviços na receita da Blue Coat, que ainda tem os produtos como carros-chefe. Suas soluções de segurança na web permitem, por exemplo, regulamentar o acesso a redes sociais a partir dos computadores da empresa, deixando que a equipe de TI especifique que sites e conteúdos podem ser acessados.
O novo equilíbrio entre produtos e serviços encaixa-se no que o CEO Mike Borman, no cargo desde setembro de 2010, chamou de “transição”. No comunicado que divulgou os resultados do ano fiscal de 2011 encerrado em abril, Borman foi direto: “Não estou satisfeito com nossa performance em receita, por não termos entregue os resultados 'top' que acredito sermos capazes de atingir”.
No ano fiscal de 2011 encerrado em abril, a Blue Coat informou uma receita líquida de 487,1 milhões, menor que os 496 milhões registrados em 2010. Mas a receita de serviços, que era de 174 milhões em 2010 (35% do total), saltou para 195 milhões em 2011, ou 40% do total.
“A Blue Coat está bem posicionada em dois grandes mercados [otimização de WAN e segurança], mas está em um processo de transição”, completou.
Otimização WAN
Os produtos de otimização WAN têm um papel importante, declarou Borman, que trabalhou na IBM por 30 anos. “Esta linha de negócio contribuiu para um aumento de receita com os produtos MACH5 na comparação ano a ano.” MACH5 é o nome que identifica os appliances de otimização WAN da empresa, incluindo os appliances virtuais.
E essa importância deve aumentar também no Brasil. Na manhã de quinta-feira, em São Paulo, a empresa apresentou uma solução que acelera o uso da Internet e de aplicativos web tanto em ambiente WAN quanto na computação em nuvem. Cerca de 20 dos quase 40 parceiros de negócio que a empresa tem no País estiveram presentes, afirmou Porto.
Com a solução, chamada CloudCaching Engine – e que roda no MACH5 –, empresas poderão atender a milhares de acessos simultâneos com desempenho que, em alguns casos, chega a ficar 93 vezes melhor que os casos em que a tecnologia não é usada, explicou o diretor de desenvolvimento de negócios da Blue Coat para a América Latina, Francisco Abarca.
"Normalmente a otimização de WAN utiliza uma abordagem simétrica, com 'caixinhas' que aceleram a entrega de dados em ambas as pontas [da conexão]", explica Abarca. "Mas, na nuvem pública, você não consegue colocar essa 'caixinha' na infraestrutura do seu fornecedor."
A abordagem proposta pela Blue Coat emprega uma única 'caixinha' numa das pontas - o software CloudCaching Engine, instalado como parte do gateway web ProxySG - para gerenciar uma área de cache que será compartilhada por todos os usuários da empresa. Para conteúdos de vídeo, o software faz o compartilhamento do streaming (stream-splitting) que chega à rede da empresa, baixando a demanda por largura de banda entre a empresa e o mundo exterior.
Demonstração
Para demonstrar a solução, a Blue Coat criou um ambiente de teste e baixou, sem aceleração, um PDF de uma página web criada com Microsoft SharePoint em 26 segundos. Com a aceleração, o primeiro download foi feito em 11 segundos e os outros, em cerca de 1 segundo.
No caso dos vídeos, o teste consistiu na exibição, em janelas diferentes, de vídeos streaming da BBC, disparados com um intervalo de poucos segundos. Por meio do recurso de stream-splitting, a segunda exibição aproveitou-se da primeira, oferecendo um ganho de desempenho (informado pelo sistema) de 79%.
Abarca destacou que essa tecnologia pode aumentar o desempenho de aplicações baseadas em
cloud e reduzir os custos com largura de banda nas empresas. "Quando enfrentam problemas com largura de banda, geralmente as empresas pensam em comprar mais banda, mas nosso produto mostra que há outras soluções", diz.
Em outro teste controlado, cujos resultados foram divulgados no encontro pela Blue Coat, o CloudCaching Engine permitiu atender a 500 sessões de vídeo sob demanda de 6 minutos por meio de um link de 1,5 Mbps. Houve um consumo de 35% da banda por pouco mais de um minuto; depois, a demanda (por banda externa) caiu para algo próximo de zero.
Abarca disse que a solução poderia ser aplicada, por exemplo, em empresas que fornecem conteúdo de vídeo sob demanda, como a Netflix. “Mas, para serem entregues pelo CloudCaching, os vídeos devem ter um formato padrão, o que não costuma ocorrer com esses conteúdos, que gealmente são protegidos contra pirataria”, diz. O executivo disse haver empresas de vídeo sob demanda entre os clientes da Blue Coat, mas não quis revelar nomes – no mundo, a empresa afirma atender a mais de 15 mil clientes.
O CloudCaching Engine é vendido de acordo com o número de usuários da empresa e da largura de banda, informa a Blue Coat. Os preços são fornecidos com base nos perfis dos clientes.
Site: Computerworld
Data: 15/07/2011
Hora: 8h
Seção: Tecnologia
Autor: Robinson dos Santos
Link: http://computerworld.uol.com.br/tecnologia/2011/07/15/blue-coat-tera-data-center-no-brasil/