Para simplificar – e reduzir custos – nas operações de câmbio, o Banco Central modernizou o sistema informatizado que funcionava desde 1985, adotando um modelo baseado em troca de mensagens, semelhante ao já utilizado no Sistema Brasileiro de Pagamentos.
Antigo, o sistema – construído ainda com a linguagem Natural – tinha limitações e riscos de sobrecarga devido ao uso ineficiente de robôs para lidar com o funcionamento baseado em telas e das mais de 20 mil operações diárias entre as 175 instituições financeiras autorizadas a negociar com moeda estrangeira no país.
“Tínhamos até restrições para fazer alterações normativas, porque antes de qualquer mudança era preciso verificar se os bancos também suportariam”, explica o assessor sênior da Gerência Executiva de Normatização de Câmbio e Capitais Estrangeiros, Lúcio Oliveira.
O novo sistema já está em testes de homologação, até aqui bem sucedidos, e entra em funcionamento a partir de 3 de outubro. Simplificado, o principal impacto será nos custos das operações, que o BC estima caírem 70%, de R$ 5 milhões para R$ 1,5 milhão por mês.
Os valores são referentes ao ressarcimento que as instituições financeiras devem ao Banco Central pelo uso dos recursos do sistema de informações da autoridade monetária – na prática, o BC tem tabelas com custo por megabyte. Com a mudança, a demanda por esses recursos será menor, daí a expectativa de forte queda nos custos.
Por exemplo, cerca de metade dos custos é relativa a consultas ao sistema, algo que as instituições financeiras poderão ter acesso diretamente a partir da alteração. Além disso, até aqui cabia ao BC a geração dos contratos de câmbio, o que também será descentralizado.
“Nossa expectativa é de que essa redução seja repassada ao cliente final e que as taxas cobradas sejam divulgadas. Com a redução nos custos dá para o Banco Central pressionar as instituições financeiras a transferirem o ganho aos clientes”, diz o chefe adjunto do Departamento de Tecnologia da Informação do BC, Haroldo Cruz.
O Banco Central estima que toda a modernização do sistema custe R$ 4,2 milhões, sendo a maior parte, de R$ 3,6 milhões, diretamente aplicada em Tecnologia da Informação – especialmente o custo de pessoal e alguma compra de equipamentos, como data warehouses.
O valor inclui as duas etapas da modernização do sistema. Na primeira, o alvo é o mercado primário – relações entre instituições e clientes. A segunda vale a partir de julho do próximo ano, para o mercado interbancário. “Ainda que o mercado interbancário tenha maior volume de recursos, priorizamos o mercado primário, que concentra 90% das operações”, explica Cruz.
Site: Convergência Digital
Data: 20/07/2011
Hora: 10h
Seção: Gestão
Autor: Luís Osvaldo Grossmann
Link: http://convergenciadigital.uol.com.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=26964&sid=16