Corporações são a próxima fronteira da mídia social

16/09/2011

O uso das redes sociais no ambiente corporativo foi tema de debate no Futurecom 2011, evento realizado de 12 a 14 de setembro, na capital paulista. O consenso foi que as empresas estão tomando contato com seu uso, marcando presença, mas ainda longe de transformar as redes em uma ferramenta efetiva para o fechamento de negócios.

Como meio de comunicação, elas começam a mostrar resultados. Um exemplo foi o apresentado pelo secretário do Ministério do Planejamento, Delfino Natal de Souza. Ele lembrou que um dos desafios apresentados em sua chegada ao ministério foi a apresentação do marco civil da internet ao Congresso Nacional.

“Mesmo com todos os argumentos técnicos, um me deu segurança para enviar o texto: a consulta pública colocada em nosso site havia registrado 20 mil downloads e o texto teve duas mil contribuições”, disse. De acordo com Souza, isso só foi possível graças a amplitude que a divulgação do texto teve no Twitter.

O exemplo não foi o único. O secretário citou também o portal do software público, que oferece softwares aberto para uso de governos. Em um espaço específico para prefeituras municipais, onde existe hoje uma comunidade formada por 700 municípios e cerca de 3 mil participantes, que trocam informações e experiências sobre o uso dos aplicativos.

O hype gerado pelas redes sociais não atinge somente o governo. José Maurício Ferreira, da TIM, afirmou que as redes sociais têm sido fundamentais na estratégia da operadora. “Há dois anos adotamos a cobrança por chamada e, há um ano, passamos a usar o mesmo conceito para a oferta de web móvel”, lembra.

Com foco nas classes C e D, a operadora viu aumentar a venda de planos de dados e de netphones, basicamente alavancados pelo desejo dos consumidores de acessarem as redes. “Mantivemos o foco na estratégia e hoje temos 10 milhões de usuários únicos em internet móvel”, diz. Não é um uso efetivo de uma rede social, mas demonstra o impacto que ela pode ter em um negócio.

Para Marco Barcelos, diretor de marketing da Cisco Brasil, as empresas usam bem as redes, mas ainda não chegaram nem perto de seu real potencial. “Na verdade, as ferramentas existentes hoje são muito boas para a comunicação, mas não para fazer negócios. Acredito que no futuro veremos o surgimento de outras, desenvolvidas especificamente para este fim”, diz.

De fato, é um setor ainda em desenvolvimento e descoberta, que deve trazer ainda muitas mudanças. Ernani Uemura, diretor de desenvolvimento de novos negócios da NEC, as mudanças a serem provocadas pelas redes sociais deverão incluir o que ele chama de ressignificação das coisas. “Exatamente como ocorreu com os Correios quando surgiu o email. Eles deixaram de levar informação para levar produtos”, afirma.

Nesse processo, Uemura acredita que alguns movimentos serão notados. O primeiro deles será o fim dos intermediários, como caixas de banco e caixas de supermercado. Este deverá levar o mercado para o que o executivo chama de web 3.0, com comunicação máquina a máquina. O segundo é a massificação com personalização. E, claro, tudo isso baseado na nuvem.

Embora não haja previsão sobre quando estas mudanças ocorrerão, o consenso é que devem acontecer rapidamente. Felix Guanche, diretor de marketing regional da Genband, lembra que o Facebook cresceu 50% em apenas um ano, e que as redes sociais tem hoje mais de 1 bilhão de usuários em todo o mundo, ultrapassando o volume de usuários de email. “O fato é que as redes estão impactando o modo como as pessoas se comunicam, e isso está puxando a demanda por dispositivos móveis, redes e aplicativos”, diz.

De olho nesse movimento, a IBM vem trabalhando para ajudar seus clientes a descobrir como fazer negócios nas redes sociais. “A primeira fase do uso corporativo das redes foi a criação de perfis e fan pages. A fase dois será a transformação das redes sociais em negócios sociais”, explica Flávio Mendes, líder da área de colaboração, portais e negócios sociais da companhia para a América Latina.

Por enquanto, Mendes afirma que a ponta mais visível deste iceberg é o uso que algumas empresas têm feito das redes para iniciativas de inovação como, por exemplo, no desenvolvimento de novos produtos. “Esse tipo de colaboração não era possível sem as redes sociais”, afirma. O que todos esperam descobrir, e logo, é que tipo de aplicações serão possíveis no futuro.

Site: Convergência Digital
Data: 15/09/2011
Hora: 15h23
Seção: Segurança
Autor: Fábio Barros
Link: http://convergenciadigital.uol.com.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=27690&sid=18