Natal sem Apple "made in Brazil"

26/09/2011
Apesar de todos os esforços, o governo não conseguiu viabilizar um modelo de Processo Produtivo Básico (PPB) que facilite a entrada da Foxconn no Brasil para a fabricação dos smartphones da Apple. A proposta encontrou resistências entre os fabricantes já instalados no país.

Segundo uma fonte governamental, os fabricantes ganhariam uma "flexibilização" no atual modelo de PPB para produção dos smartphones. Os ministérios da Ciência, Tecnologia e Inovação e do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, esperavam obter o respaldo da indústria local, mas a idéia não foi bem aceita pelos fabricantes.

Os chineses já deixaram transparecer que terão dificuldades em cumprir o atual modelo de PPB para produzir aqui os smartphones da Apple. O atual Processo Produtivo Básico exige localmente a montagem e solda de todos os componentes nas placas de circuito impresso; além da montagem das partes elétricas e mecânicas. Em troca do total produzido, podem descontar um pequeno volume em importações de componentes, levando-se em conta os seguintes percentuais:

- 15% de Placas de Circuito Impresso,
- 15% de Carregadores,
- 20% de Subconjuntos e
- 40% de Baterias.

A compra dos componentes no Brasil para sempre sai mais caro do que os importar, ainda mais com o dólar em queda. Por várias vezes os empresários chegaram a pedir essa flexibilização, mas o governo sempre alegava que precisava incrementar a produção local desses componentes.

A cada ano o governo faz alterações no PPB, às vezes para atender as demandas de fabricantes, mas na maioria dos casos para obrigar a indústria a adquirir os componentes localmente - política chamada agora de "conteúdo nacional".

Mas para os chineses, ainda que o PPB permitisse a dispensa da montagem de algumas partes mais complexas e tenha cotas para importações de outras, o modelo atual de produção não se encaixaria nas necessidades da Foxconn. Este benefício funciona quando se produz mais de um modelo, onde se nacionaliza os modelos de grande volume, que geram cotas de importação para se produzir os modelos de baixos volumes, sem a necessidade de se nacionalizar componentes, normalmente neste caso os aparelhos mais caros.

A Apple não tem opções distintas de celulares para oferecer ao mercado mundial, só produz o iPhone, portanto, o benefício das importações não resolve o problema da empresa.

A produção de iPhones e iPads no Brasil iria começar em Julho, foi adiada para agosto, depois setembro e agora provavelmente só no ano que vem. O adiamento foi ventilado em um evento da ABDI em São Paulo na ultima terça-feira, onde estava presente o coordenador de microeletrônica do Ministério de Ciência e Tecnologia, Henrique Miguel, um dos técnicos do governo designados para negociar as demandas da Foxconn em relação ao Processo Produtivo Básico.

Site: Convergência Digital
Data: 23/09/2011
Hora: 16h45
Seção: Governo
Autor: Luiz Queiroz
Link:  http://convergenciadigital.uol.com.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=27805&sid=7