Infraestrutura de TI é um grande desafio para estádios na Copa e Olimpíadas
A infraestrutura dos estádios brasileiro, com problemas como a qualidade da conexão à internet, onde o sinal 3G ou de telefonia são muito ruins, estão entre os principais desafios apresentados aos empresários no encontro TI Esportes ocorrido no Rio Info 2011 para a realização dos grandes eventos esportivos que o Brasil realizará.
De acordo com José Vidal Bellinetti, diretor do Instituto de Tecnologia de Software de São Paulo (ITS-SP), nem mesmo as arenas que estão em obras ou em construção preveem instalação de redes wi-fi. “Como implementar soluções onde o sinal web é de baixa qualidade ou onde não há rede? A infraestrutura desses locais deve ser pensada e planejada para comportar as inovações. Se esses detalhes forem pensados faltando um mês para o início dos jogos, fatalmente os organizadores irão contratar grandes empresas internacionais para atuar nesse segmento, fazendo com que o empresário de TI brasileiro perca espaço nesse mercado.”
Cris Dissat, fundadora do Blog @Fimdejogo apresentou as dificuldades de se realizar uma cobertura jornalística dos jogos nos estádios do Maracanã e Engenhão. “Mesmo com todo aparato tecnológico que a imprensa utiliza hoje em dia, ainda existe a figura do motoboy, que vai ao estádio buscar o cartão de memória do fotógrafo para levar à redação. Isso ocorre pelo simples fato de não haver cobertura 3G de qualidade nesses locais”.
Cris também apresentou um mapa dos locais no entorno desses estádios onde o sinal era muito ruim ou inexistente. Esse material foi enviado pela blogueira para as operadoras que atuam nas regiões, porém, segundo ela, nenhuma providência foi tomada por parte das empresas para sanar o problema. “Houve vezes em que foi necessário quase oito minutos para fazer o upload de apenas uma foto de 127kb via 3G”, disse.
Mesmo com os desafios a serem enfrentados, o diretor da Add Tech, Aldo Pires, acredita que o Brasil está no caminho certo para receber os jogos e se mostra otimista. “Os jogos Pan Americanos e os Jogos Militares foram grandes laboratórios que deixaram um legado tecnológico para a Cidade do Rio de Janeiro. Com a vinda da Copa e Olimpíadas certamente deixaremos muito para gerações futuras”, disse.
Todos os palestrantes concordaram que o futuro está nas soluções mobile e a criação de aplicações nesse sentido poderá ter uma grande participação no mercado vindouro. “Imagine ter a possibilidade de fazer pedidos via internet pelo celular ou tablet nos estádios sem precisar sair do local onde está sentado. Essa é apenas uma das possibilidades de atuação da TI nas arenas”, afirmou Fernando Nery, diretor da Módulo Security, e acrescentou: “Na copa de 2006 não existia twitter, já no mundial de 2010 essa rede social foi um sucesso. Tudo está mudando muito rápido, mas podemos crer com certa segurança que a tendência tecnológica será a plataforma web mobile, 3D, em alta definição e possivelmente em 4G. Temos que nos preparar para isso desde já”.
De acordo com o Nery o Brasil está sendo reconhecido como um mercado seguro e salienta que o brasileiro precisa acreditar na capacidade tecnológica do país. “A imagem do Brasil no mundo mudou muito. No passado se tinha vergonha de ser apresentado como brasileiro em fóruns internacionais, mas atualmente ao falarmos de onde somos sempre surge algum empresário estrangeiro querendo fazer negócio. O mercado internacional já está reconhecendo que nós produzimos qualidade, temos que ter essa certeza também, assim vamos transformar Brasil e Rio em uma marca”, afirmou.
O coordenador adjunto do evento, Alberto Blois, explicou que o TI Esportes foi criado a partir da percepção de que a vinda dos grandes eventos esportivos para o país criará um grande mercado para atuação da TI brasileira. “Junto aos jogos chegaram muitas oportunidades e essa iniciativa nasceu para que o empreendedor nacional se prepare para pegar uma fatia generosa desse mercado”, disse.
Texto: Bruno Nasser
Edição: Ivan Accioly