Para atender as particularidades do Brasil, o MercadoLivre decidiu implantar no País um centro de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D). O novo projeto foi anunciado ontem à noite (03/10) pelo Chief Technology Officer (CTO) da companhia argentina de e-commerce, Daniel Rabinovich, durante visita à sede da subsidiária, em Barueri (SP).
Atualmente, o MercadoLivre conta com dois centros de P&D localizados na Argentina e está prevista a abertura de mais dois: um em Palo Alto (EUA) e outro no Brasil, somando ao todo quatro unidades. A expansão faz parte de uma reestruturação, iniciada na empresa há 18 meses para redesenhando da plataforma de comércio eletrônico, tornando uma arquitetura aberta. O objetivo da mudança é para atrair desenvolvedores inovadores, que queiram fazer negócio nesse segmento.
“Até agora o nosso processo de inovação era interno. Estamos abrindo o código-fonte da nossa plataforma e vamos buscar parceiros de desenvolvimento”, anunciou Rabinovich em entrevista à COMPUTERWORLD e IDG NOW!
Segundo o executivo, o MercadoLivre percebeu que sua vantagem competitiva não é mais a sua arquitetura fechada, mas sim o conhecimento adquirido em 12 anos de operação, que fez com que a empresa se tornasse a 8ª maior do mercado mundial no segmento de varejo online.
A companhia vai liberar suas APIs para que desenvolvedores do mercado possam criar soluções de comércio eletrônico. O CTO do MercadoLivre cita como exemplo sistemas para gerenciamento de vendas. Ele constata que estão surgindo muitas aplicações novas e que a companhia quer fazer alianças com empresas que tenham ideias criativas.
Como resultado dessa iniciativa, o MercadoLivre está lançando, nesta terça-feira (04/10), oficialmente no Brasil os aplicativos para os sistemas operacionais iOS (Apple) e Android. As ferramentas chegam quase dois meses após o app para smarpthones BlackBerry. Os três foram desenvolvidos por parceiros estratégicos.
O software para iPhone e Android foram criados por um grupo de três desenvolvedores da Argentina e o para BlackBerry pela empresa brasileira Navita. Rabinovich informa que nada impede que outros desenvolvedores criem versões com inovação para esses três sistemas operacionais.
Modelo de negóciosO modelo de negócio do MercadoLivre para se associar a desenvolvedores não foi revelado, mas Rabinovich sinalizou a possibilidade de acordos baseados no compartilhamento de receita.
Um concurso deverá ser realizado no começo de 2012 para seleção de projetos de desenvolvedores brasileiros interessados em trabalhar com o grupo. Também não foi descartada a intenção de a companhia adquirir novas empresas por meio dessas alianças.
“Com as novas APIs, podem surgir negócios complementares ou totalmente diferentes”, afirma o diretor geral do MercadoLivre no Brasil, Hellison Lemos. Ele deixa claro que a nova estratégia da empresa não é entrar no ramo de investimento, mas sim de alianças estratégicas.
“Temos 12 anos de operação e quatro unidades consolidadas e estamos abrindo mais uma (EUA)”, diz o executivo, que garante que o MercadoLivre tem negócio bem-sucedido e está saudável. Entretanto reconhece a necessidade de mudanças para enfrentar a competição com os novos concorrentes de compra coletivas.
Nesse período de atuação, a empresa vinha disputando mercado com cerca de 30 concorrentes mas no ano passado começou a se deparar com o crescimento dos sites de compras coletivas, que hoje são 1,6 mil competidores.
Soluções brasileirasO centro de P&D do MercadoLivre no Brasil está sendo projetado para suportar as mudanças da empresa e também nasce olhando o mercado de exportações. Lemos informa que a subsidiária tem um grande peso nos negócios da companhia, representando 60% de sua receita.
No primeiro semestre de 2011, o site vendeu mais de 22,5 milhões de produtos, crescimento de 32% sobre o mesmo período do ano anterior, atingindo um volume 2 bilhões de dólares.
Até agora a filial brasileira se apoiava no centro de P&D da matriz, mas Lemos afirma que o mercado local demanda de aplicações desenvolvidas aqui devido às características do País. Um exemplo são as soluções de logística, que precisam trazer o banco de CEPs das ruas brasileiras, algo não utilizado em outros mercados como Argentina e México.
“Não faz sentido desenvolvermos essas aplicações no Brasil. Tem empresas que já fazem isso, como é o caso dos Correios e outras que cruzam as informações de CEP com as de satélite”, conta o executivo, dizendo que algumas soluçoes serão criadas pelo MercadoLivre e outras não.
A instalação do centro do Brasil está prevista para 2012, depois que o MercadoLivre cumprir o seu planejamento de conclusão do redesenho da sua plataforma, abri-la para parceiros estratégicos e tornar as APIs públicas.
Site: IDG Now!
Data: 04/10/2011
Hora: 15h
Seção: Mercado
Autor: Edileuza Soares
Link:
http://idgnow.uol.com.br/mercado/2011/10/04/mercadolivre-vai-instalar-centro-de-pesquisa-e-desenvolvimento-no-brasil/