MercadoLivre vai instalar centro de pesquisa e desenvolvimento no Brasil

05/10/2011
Para atender as particularidades do Brasil, o MercadoLivre decidiu implantar no País um centro de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D). O novo projeto foi anunciado ontem à noite (03/10) pelo Chief Technology Officer (CTO) da companhia argentina de e-commerce, Daniel Rabinovich, durante visita à sede da subsidiária, em Barueri (SP).

Atualmente, o MercadoLivre conta com dois centros de P&D localizados na Argentina e está prevista a abertura de mais dois: um em Palo Alto (EUA) e outro no Brasil, somando ao todo quatro unidades. A expansão faz parte de uma reestruturação, iniciada na empresa há 18 meses para redesenhando da plataforma de comércio eletrônico, tornando uma arquitetura aberta. O objetivo da mudança é para atrair desenvolvedores inovadores, que queiram fazer negócio nesse segmento.

“Até agora o nosso processo de inovação era interno. Estamos abrindo o código-fonte da nossa plataforma e vamos buscar parceiros de desenvolvimento”, anunciou Rabinovich em entrevista à COMPUTERWORLD e IDG NOW!

Segundo o executivo, o MercadoLivre percebeu que sua vantagem competitiva não é mais a sua arquitetura fechada, mas sim o conhecimento adquirido em 12 anos de operação, que fez com que a empresa se tornasse a 8ª maior do mercado mundial no segmento de varejo online.

A companhia vai liberar suas APIs para que desenvolvedores do mercado possam criar soluções de comércio eletrônico. O CTO do MercadoLivre cita como exemplo sistemas para gerenciamento de vendas. Ele constata que estão surgindo muitas aplicações novas e que a companhia quer fazer alianças com empresas que tenham ideias criativas.

Como resultado dessa iniciativa, o MercadoLivre está lançando, nesta terça-feira (04/10), oficialmente no Brasil os aplicativos para os sistemas operacionais iOS (Apple) e Android. As ferramentas chegam quase dois meses após o app para smarpthones BlackBerry. Os três foram desenvolvidos por parceiros estratégicos.

O software para iPhone e Android foram criados por um grupo de três desenvolvedores da Argentina e o para BlackBerry pela empresa brasileira Navita. Rabinovich informa que nada impede que outros desenvolvedores criem versões com inovação para esses três sistemas operacionais.

Modelo de negócios
O modelo de negócio do MercadoLivre para se associar a desenvolvedores não foi revelado, mas Rabinovich sinalizou a possibilidade de acordos baseados no compartilhamento de receita.

Um concurso deverá ser realizado no começo de 2012 para seleção de projetos de desenvolvedores brasileiros interessados em trabalhar com o grupo. Também não foi descartada a intenção de a companhia adquirir novas empresas por meio dessas alianças.

“Com as novas APIs, podem surgir negócios complementares ou totalmente diferentes”, afirma o diretor geral do MercadoLivre no Brasil, Hellison Lemos. Ele deixa claro que a nova estratégia da empresa não é entrar no ramo de investimento, mas sim de alianças estratégicas.

“Temos 12 anos de operação e quatro unidades consolidadas e estamos abrindo mais uma (EUA)”, diz o executivo, que garante que o MercadoLivre tem negócio bem-sucedido e está saudável. Entretanto reconhece a necessidade de mudanças para enfrentar a competição com os novos concorrentes de compra coletivas.

Nesse período de atuação, a empresa vinha disputando mercado com cerca de 30 concorrentes mas no ano passado começou a se deparar com o crescimento dos sites de compras coletivas, que hoje são 1,6 mil competidores.

Soluções brasileiras
O centro de P&D do MercadoLivre no Brasil está sendo projetado para suportar as mudanças da empresa e também nasce olhando o mercado de exportações. Lemos informa que a subsidiária tem um grande peso nos negócios da companhia, representando 60% de sua receita.

No primeiro semestre de 2011, o site vendeu mais de 22,5 milhões de produtos, crescimento de 32% sobre o mesmo período do ano anterior, atingindo um volume 2 bilhões de dólares.

Até agora a filial brasileira se apoiava no centro de P&D da matriz, mas Lemos afirma que o mercado local demanda de aplicações desenvolvidas aqui devido às características do País. Um exemplo são as soluções de logística, que precisam trazer o banco de CEPs das ruas brasileiras, algo não utilizado em outros mercados como Argentina e México.

“Não faz sentido desenvolvermos essas aplicações no Brasil. Tem empresas que já fazem isso, como é o caso dos Correios e outras que cruzam as informações de CEP com as de satélite”, conta o executivo, dizendo que algumas soluçoes serão criadas pelo MercadoLivre e outras não.

A instalação do centro do Brasil está prevista para 2012, depois que o MercadoLivre cumprir o seu planejamento de conclusão do redesenho da sua plataforma, abri-la para parceiros estratégicos e tornar as APIs públicas. 

Site: IDG Now!
Data: 04/10/2011
Hora: 15h
Seção: Mercado
Autor: Edileuza Soares
Link: http://idgnow.uol.com.br/mercado/2011/10/04/mercadolivre-vai-instalar-centro-de-pesquisa-e-desenvolvimento-no-brasil/