O avanço da computação em nuvem tem estimulado fabricantes de equipamentos a 'virtualizar' seus produtos, por meio do desenvolvimento de softwares que fazem a mesma função de uma máquina real. Esse movimento atingiu primeiro o mercado de servidores e começou a ganhar força em outras áreas, como armazenamento de dados e conversores para sinal de TV digital.
A Cisco Systems trouxe para o Brasil neste ano uma série de tecnologias que substituem equipamentos usados em redes de telecomunicações, entre eles um software para operadoras de TV a cabo que cumpre a mesma função do conversor digital usado na casa do assinante. O software é instalado na rede da operadora e permite aos usuários ter acesso a canais de TV e serviços de gravação e armazenamento de dados sem a necessidade de instalar um conversor em casa.
O custo médio de instalar um conversor na residência do assinante varia entre US$ 80 e US$ 120, incluindo gastos com deslocamento dos funcionários, manutenção e troca desses equipamentos. O custo das operadoras varia de US$ 140 milhões a US$ 160 milhões apenas com conversores.
Anderson André, diretor de operadoras da Cisco, disse que os conversores tradicionais têm capacidade limitada para armazenar conteúdos gravados pelo assinante de TV a cabo. "Essa capacidade de armazenagem está restrita ao limite do equipamento. O software permite ampliar rapidamente a capacidade de armazenamento do assinante, sem o custo de ir à sua casa para trocar o conversor", afirmou.
Henrique Cecci, diretor de pesquisa da consultoria Gartner, disse que a substituição de equipamentos de telecomunicação virtuais é um movimento relativamente novo no mercado. Na área de centros de dados, no entanto, essa substituição está em fase mais acelerada. No ano passado, de acordo com Cecci, o número de servidores virtuais era equivalente ao número de máquinas físicas no Brasil. Neste ano, na estimativa do consultor, 74% das vendas de servidores no país serão de máquinas virtuais e esse índice aumentará para 84% até 2016. "Nos Estados Unidos, para cada servidor físico existem cinco máquinas virtuais. O Brasil ainda está atrasado, mas evolui de maneira positiva", disse Cecci. Ele estima que o mercado de centros de dados como um todo crescerá 30% no país neste ano.
Além dos servidores, outro componente dos centros de dados que ganhou recentemente uma versão virtual foi o sistema de backup. Os dispositivos tradicionais de backup usam fitas magnéticas para gravar dados considerados relevantes pelas empresas. Versões mais recentes de dispositivos de backup incluem softwares que permitem aos donos dos dados o acesso remoto às informações armazenadas. As principais competidoras no segmento de backup são as americanas EMC, IBM e Hewlett-Packard (HP).
No ano passado, a americana Veeam Software trouxe ao Brasil um software que torna totalmente virtual o backup de dados. No mundo, a companhia vende o software a 91 mil clientes empresariais, sendo 4 mil centros de dados. A perspectiva da companhia é chegar a 100 mil clientes neste ano. No Brasil, a empresa atuava por meio de distribuidores desde 2012. Neste ano, a Veeam instalou escritório próprio em São Paulo, comandado por Ricardo Abud.
O executivo disse que a companhia tem condições de triplicar o número de clientes no país até o fim de 2014. "Em fevereiro, a empresa já tinha dobrado a receita no Brasil. Mesmo em um ano curto, com Copa e eleições, a demanda está bastante aquecida", disse. A Veeam não divulga dados de receita. A companhia informou apenas que, globalmente, teve um crescimento de 58% e que a meta é chegar a uma receita de US$ 1 bilhão até 2018.
Site: Valor Econômico
Data: 21/05/2014
Hora: 05h
Seção: Empresas
Autor: Cibelle Bouças
Link:
http://www.valor.com.br/empresas/3555860/computacao-em-nuvem-estimula-mercado-de-equipamentos-virtuais