Os dispositivos vestíveis (wearable devices) começam a chamar atenção. Algumas estimativas apontam que em cerca de cinco anos podem chegar a ser um mercado global de mais de 50 bilhões de dólares.
Um sinal da importância do mercado é o crescente investimento de empresas de peso como Google, Apple e Samsung.
Na verdade, esses dispositivos não devem ser vistos apenas como curiosidades tecnológicas, mas como propulsores de novos negócios e aceleradores de Big data/Analytics. O volume de informações que os dispositivos vestíveis coletarão é imenso. Basta pensar um pouco e identificamos de imediato que eles não só rastreiam onde você está, mas também o que você está fazendo. Conseguem gerar muitas informações sobre como a pessoa interage com o ambiente à sua volta. É o nirvana para o marketing personalizado.
Para uma empresa interessada em chamar sua atenção para algum produto isto é absolutamente fantástico. Olhou por vários minutos um produto e não comprou? Opa, algo pode ser feito de imediato. Na prática isto muda o conceito de você ver o mundo através dos seus óculos para o mundo ver você através destes mesmos óculos! Tudo isso, claro, abre uma longa e intensa discussão sobre questões de privacidade…
Além de alavancar Big data os dispositivos vestíveis dependem também do conceito de nuvem, pois é impossível armazenar todas as informações que captura. Um método que provavelmente será bastante usado será o envio de insformações para um smartphone ou tablet, via Bluetooth, e daí para uma nuvem.
Estes dispositivos também vão interagir com outros objetos, alavancando a Internet das Coisas. Imagine um óculos (talvez um Google Glass) que se conecte com seu laptop. Ao se aproximar dele, já abrirá a tela, enviando a senha de acesso. Ao se afastar dele, o acesso será automaticamente bloqueado.
Na área médica, um sensor acoplado a sua camisa pode monitorar seu batimento cardíaco e alertar o seu médico em caso de arritmia. Um case interessante é o BodyGuardian que coleta dados clínicos da pessoa permitindo um monitoramento remoto por parte do médico.
Entretanto, apesar de ilimitadas oportunidades, ainda estamos dando os primeiros passos. O Google Glass é um bom exemplo, mas seu uso ainda é muito restrito. Poucas áreas estão utilizando estes dispositivos e talvez o setor que mais os utilizem seja o esportivo. A iniciativa FuelBand da Nike é um exemplo de sucesso.
Vamos usar o Google Glass como exemplo de iniciativa em dispositivos vestíveis. É diferente de um smartphone. Pode até usar muito da tecnologia do smartphone, mas é um aparelho bem diferente. Por isso não podemos considerá-lo – e a outros dispositivos vestíveis – como substitutos dos smartphones, mas como equipamentos complementares.
Você usa um smartphone para postar um comentário no Facebook, acessar apps específicos e eventualmente pesquisar a Web. Não é isso que se espera de um usuário de um Glass.
Inimaginável você ficar lendo mensagens de e-mail no seu óculos… Sim, o Google Glass é um computador disfarçado de óculos com câmera e microfone. Ele vê o que você vê e ouve o que você ouve. Simples, mas na prática ele propõe uma nova forma de interação home-máquina, mais intimista.
Um smartphone é visível a todos quando em uso, mas um Google Glass pode estar filmando você sem você saber, o que tem gerado inconvenientes sociais. Estes movimentos contra o uso do Google Glass têm gerado muita discussão e naturalmente reações do próprio Google. Ele também muda algumas regras de etiqueta social e isto gera amplo debate e reações como um restaurante proibindo seu uso.
Os desafios são além das questões de privacidade e de desenhar dispositivos vestíveis que realmente sejam usados por serem úteis e não intrusivos (um individuo usando um Google Glass como ele é hoje incomoda muita gente) e apps que sejam realmente inovadores. Um exemplo interessante de apps inovadoras vem da start-up CloudOptic.
Outro interessante é de outra start-up FacialNetwork, que identifica criminosos sexuais, cujo vídeo demo está no YouTube.
Algumas montadoras como a Hyundai estão lançando veículos com apps para Glass. Mas, temos ainda um longo caminho pela frente… Por ouro lado, temos grandes oportunidades a explorar com os wearable devices.
Site: IDG Now!
Data: 23/06/2014
Hora: 07h30
Seção: Tópicos
Autor: Cezar Taurion
Link: http://idgnow.com.br/blog/tecnologia/2014/06/23/grandes-tecnologias-precisam-de-wearables-mais-do-que-voce/