As desigualdades sociais e digitais são evidenciadas no uso da Tecnologia no Brasil, em especial no uso da Internet, conforme apura a pesquisa TIC Domicílios 2013, realizada pelo Comitê Gestor da Internet, com informações coletadas em mais de 17 mil domicílios brasileiros entre setembro de 2013 e fevereiro de 2014.
O estudo aponta que apesar das políticas públicas de fomento à massificação da banda larga, apenas 43% dos domicílios brasileiros têm o serviço contrato, ou 27 milhões de lares. E a justificativa para não ter o acesso à Internet mais citada, entre os lares que já têm computadores - 30,6 milhões - é o custo da banda larga. Tanto que 24,2 milhões de domicílios com renda familiar de até dois salários mínimos ainda estão desprovidos de acesso à Internet.
"O custo do acesso à Internet segue sendo a maior barreira. O brasileiro não tem condições de pagar o acesso à Internet. Essa é uma mensagem muito clara do TIC Domicílios 2013, mesmo reconhecendo que houve um avanço nos últimos cinco anos na contratação da banda larga, com preços caindo e maior disponibilidade", sustentou Alexandre Barbosa, gerente do Centro de Estudos sobre as Tecnologias da Informação e da Comunicação (CETIC.br) e um dos responsáveis pelo estudo do CGI.br, durante hangout realizado nesta quinta-feira, 26/06, para a divulgação dos resultados do TIC Domicílios 2013.
O levantamento revela que na classe A, a proporção de domicílios com acesso à Internet é de 98%; na classe B, 80%; na classe C, 39%; e nas classes D e E, apenas 8%, um claro sinal que ainda se precisa fazer muito para levar a Internet para as classes mais desfavorecidas. Nas áreas urbanas, a proporção de domicílios com acesso à Internet é de 48%, enquanto nas áreas rurais fica em apenas 15%. "Temos que ressaltar que na região Sudeste, que concentra a maior parte dos lares com acesso à Internet, 13 milhões de brasileiros não têm acesso à Internet. Há ainda muito por fazer", analisa Barbosa.
Nos lares com acesso à Internet, 66% das conexões são feitas por meio da banda larga fixa. O estudo mostra ainda que 22% dos lares usam o modem 3G, das teles móveis como meio de conexão e, revela que, mesmo em baixa nas próprias teles, o acesso discado sobrevive com 10% de usuários. Nos lares com PCs, os computadores portáteis são os preferidos, com os tablets aparecendo, especialmente, nas classes A e B. A TIC Domicílios 2013 constatou que 49% dos domicílios têm computador, o que representa um crescimento de três pontos percentuais em relação a 2012.
O estudo mostra também que cresceu a presença dos portáteis (laptops e notebooks), alcançando 57% dos domicílios com computador. Em 2012, essa proporção era de 50%. O que também aumentou foi a presença de tablets, que estão presentes em 12% dos domicílios com computador, representando uma proporção superior à registrada em 2012, que era de 4%.
A região Norte segue sendo a de maior desigualdade digital - apenas 26% dos domicílios da região têm acesso à Internet. No nordeste, esse percentual é de 30%, no Centro Oeste, 44% e no Sul e no Sudeste, esse percentual chega a 51%. Segundo o CGI.br, o principal motivo para não ter acesso à Internet é a indisponibilidade do serviço. "Muitos lares têm PCs, mas não têm Internet e porque essas casas não têm de onde contratar o acesso. Isso precisa ser revisto nas novas políticas públicas", completa Barbosa.
Site: Convergência Digital
Data: 26/06/2014
Hora: 11h50
Seção: Internet
Autor: Ana Paula Lobo
Link: http://convergenciadigital.uol.com.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=37070&sid=4#.U6x0ApSrrkU