O comércio eletrônico de produtos e serviços tem sido um dos segmentos preferidos dos investidores externos, por causa do mercado consumidor em expansão.
Em abril, a Bidu, maior corretora de seguros on-line do país, com 50% do tráfego do segmento, recebeu R$ 20 milhões de um fundo liderado pela Amadeus Capital, de origem britânica. Também participam os atuais investidores Monashees Capital, Bertelsmann e Otto Capital Partner, que em 2013 fizeram o primeiro aporte de valor não divulgado. "Em um ano, passamos de 15 funcionários para 160, nossas vendas aumentaram dez vezes e tivemos mais de R$ 40 milhões em prêmios vendidos", informa o CEO Eldes Mattiuzzo.
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Os recursos serão utilizados para triplicar a operação da empresa paulistana em 2014, por meio de novas parcerias que complementem as já existentes com Casas Bahia e Webmotors.
Essa expectativa se baseia no potencial de crescimento do mercado brasileiro: hoje, menos de 1% dos seguros são vendidos pela internet, embora as vendas on-line já façam parte do cotidiano. "Países menos avançados em termos de e-commerce, como Portugal, Espanha e Itália, já superaram os 20%", diz Mattiuzzo. Ele explica que só recentemente as seguradoras brasileiras fizeram integração on-line com as corretoras.
No ano passado, a empresa australiana 99 Designs, com escritórios em Melbourne, São Francisco e Berlim, adquiriu a LogoChef, criada em 2010 por dois amigos no Rio de Janeiro. "Éramos uma comunidade fechada de designers voltada para micro e pequenas empresas, mas não tínhamos volume, então buscamos um modelo aberto, que nos desse escala maior", conta o sócio Dan Strougo.
"Foram seis meses de namoro e a conversa evoluiu para uma aquisição estratégica, pois eles queriam entrar no Brasil." A 99 Designs conta com uma comunidade de 300 mil designers ativos em 150 países. Seu negócio consiste em intermediar, por meio de "concursos criativos", o contato entre profissionais e clientes. "Já distribuímos US$ 75 milhões para essa comunidade."
Com apoio do capital estrangeiro, uma startup fundada em 2009 em São Paulo consolidou a posição como líder brasileira no comércio eletrônico de roupas e acessórios de moda. Em 2011, o portal OQVestir recebeu o primeiro aporte do fundo Tiger Global, de Nova York, sócio de empresas como Facebook, Netshoes e Linkedin. "Depois desse investimento, crescemos mais de 600% em um ano", diz uma das sócias, Isabel Humberg. A empresa tem hoje 130 funcionários, um centro de distribuição de 2 mil metros quadrados e vende 180 marcas de roupas, sapatos, acessórios e presentes.
Em janeiro, o negócio recebeu R$ 30 milhões do fundo brasileiro TMG Capital, que nos últimos dois anos analisou mais de 400 empresas de diversos setores para adicionar ao seu portfólio. No segmento de moda, a única investida foi OQVestir. Para Isabel, a escolha se deveu em grande medida à gestão transparente e organizada. A estimativa das sócias é chegar ao final de 2015 com um faturamento de R$ 100 milhões e entrar no mercado de decoração.
Outra startup focada em vendas de roupas e acessórios pela internet que decolou com investimento estrangeiro foi a Bebê Store, fundada em 2009 em Barueri (SP) por um casal de empreendedores, Leonardo Simão e Juliana Della Nina. "Identificamos um grande potencial no mercado de produtos para bebês, com algo em torno de R$ 35 bilhões ao ano, em que a penetração online era praticamente nula", conta Simão.
Entre 2012 e 2014, a empresa recebeu US$ 30,5 milhões (R$ 67,3 milhões) em três rodadas, dos fundos Atômico - criado pelo co-fundador do Skype, Niklas Zennström - e W7 Brazil Capital, de capital nacional. O capital está sendo aplicado em infraestrutura, estoque e tecnologia.
O portal da Bebê Store oferece hoje mais de 55 mil itens ao seu público. "Crescemos mais de 140% ao ano nos últimos três anos", diz o empresário. Para as startups que buscam recursos externos, ele recomenda focar no negócio de forma obsessiva, satisfazer o cliente com preço justo e serviços diferenciados, e montar uma equipe brilhante de pessoas motivadas.
Site: Valor Econômico
Data: 30/07/2014
Hora: 05h
Seção: Empresas
Autor: Dauro Veras
Link: http://www.valor.com.br/empresas/3597956/startups-focadas-em-vendas-pela-internet-sao-queridinhas-do-setor