Computação em nuvem impulsiona a produtividade

01/08/2014
O avanço da computação em nuvem no Brasil é uma ótima notícia para empresas de pequeno e médio portes. Para muitos negócios, a nuvem será a porta de entrada para a informatização de processos, instalação de sistemas de gestão empresarial (ERP), gerenciamento do relacionamento com clientes (CRM) ou operação no comércio eletrônico. "É uma forma eficiente de oferecer infraestrutura e softwares que antes só estavam ao alcance de grandes corporações. Trata-se de democratizar a tecnologia", destaca Rui Gonçalves Pereira, diretor da unidade de negócios empresariais da Oi.

Para Victor Gureghian, diretor de novos negócios da Microsoft, o impacto na produtividade e na competitividade, a partir da adoção de tecnologia da informação (TI), é significativo. "Para fortalecer as cadeias produtivas, o avanço tecnológico é primordial. Empresas organizadas ampliam suas chances de crescimento", afirma.

O executivo cita estudo realizado com empresas brasileiras pelo The Boston Consulting Group (BCG), a pedido da Microsoft. De acordo com a pesquisa, empresas de pequeno e médio portes que adotaram TI aumentaram a receita anual em 16% e criaram mais empregos - e 11% mais rápido - do que as concorrentes entre os anos de 2010 e 2012.

A pesquisa identificou ainda que, se mais empresas de pequeno e médio portes utilizassem tecnologias como software de produtividade, internet e serviços baseados na nuvem, o acréscimo no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro seria de US$ 122 bilhões no período. Na seara dos empregos, seriam 2,5 milhões de novos postos de trabalho. A conta não considera lucros potenciais da economia informal, estimada em 33% do PIB e 27% da mão de obra pelo Banco Mundial e Organização Internacional do Trabalho. "A demanda é grande em todos os segmentos da tecnologia da informação. A empresa de menor porte tem de ser mais competitiva para sobreviver no mercado", diz Gureghian.

A grande vantagem da nuvem está no compartilhamento da infraestrutura de base para a tecnologia da informação - que exige a instalação de computadores com alta capacidade de processamento, soluções complexas de segurança, discos rígidos para armazenar informações e a instalação de softwares para controlar toda a operação. Na prática, a empresa contrata pacotes de serviços e infraestrutura moldados às suas necessidades, o que derruba o preço de instalação das soluções e evita compras desnecessárias de maquinário. "É o provedor de serviço que mantém o centro de dados com os recursos necessários para rodar as soluções e também se responsabiliza pela atualização tecnológica constante", explica Eduardo Carvalho, presidente da Alog.

Segundo ele, em 2014 a receita com soluções em nuvem deve ficar perto de US$ 1 bilhão no Brasil. No ano passado, os provedores registraram faturamento de US$ 300 milhões com a plataforma. "O amadurecimento da estrutura em nuvem permitirá o avanço", comenta Carvalho.
Outra vantagem para negócios em trajetória de crescimento está no que o mercado chama de "escalabilidade". "O cliente pode mudar de patamar rapidamente, contratando maior capacidade de processamento quando necessário. Se tem um pico de crescimento, ajusta a infraestrutura de tecnologia em questão de horas", afirma.

O mesmo vale para aumento da demanda computacional em períodos sazonais (como datas comemorativas para o comércio) ou campanhas especiais de lançamento de produtos. Nesse caso, ao término do período, a empresa 'devolve' ao provedor a capacidade adicional e volta a operar com sua infraestrutura anterior. O pagamento pelo uso é um dos principais atrativos. Além disso, destaca Leonel Nogueira, CEO da Global TI, para empresas que declaram imposto pelo sistema de lucro real, existe vantagem fiscal. "O parque tecnológico deixa de ser um ativo da empresa para ser uma despesa, como o aluguel, no balanço."

As empresas em processo de internacionalização também ganham com a solução, afirma Nogueira. "Com as soluções em nuvem, é possível acessar os sistemas da companhia de qualquer parte do mundo. Facilita muito a gestão e a operação global dos negócios." Nas contas do executivo, os custos com instalação de um sistema de ERP, por exemplo, caem entre 40% e 50% quando a arquitetura de nuvem é utilizada. "Vale lembrar que os investimentos em centro de dados próprios e armazenamento de dados caem 100%."

Se a opção for pagar o software como serviço, os ganhos financeiros são ainda melhores. Segundo André Bretas, diretor da Totvs, existem soluções para organizar a empresa a partir de R$ 99,00 por mês.

A oferta é possível pela própria dinâmica das ferramentas de ERP: são modulares. "O cliente pode contratar de acordo com a sua necessidade e ir avançando à medida que a complexidade do negócio aumenta", explica. Ao adquirir os softwares, a empresa leva no pacote toda a experiência das desenvolvedoras dos sistemas, que já atuaram na implementação de soluções em empresas dos mais diferentes tamanhos e setores.

Mauricio Fernandes, presidente da Dedalus, afirma que a computação em nuvem está se mostrando estratégia eficiente para seus clientes de menor porte. Mais da metade da carteira da empresa é formada por empresas com até 200 funcionários. "São companhias que não mantêm uma área de TI e precisam de um provedor que se ocupe com a tecnologia, enquanto os gestores cuidam do negócio", explica. Entregar a infraestrutura e todas as questões relacionadas ao licenciamento de software nas mãos de um terceiro exige, lembra Fernandes, afinidade com provedor - que fará o papel da equipe de TI da empresa. "São muitas opções de formatação dos serviços. Por isso, é preciso entender o que o cliente precisa. Antes de contatar, vale uma boa conversar e, é claro, a construção de um contrato que preveja todas as obrigações", aconselha.

A computação em nuvem é uma plataforma em rede que permite o acesso a serviços online. Na prática, as empresas não precisam manter em seus prédios infraestrutura com servidores de alta capacidade para instalar e executar softwares corporativos. Com a nuvem, é possível operar sistemas e serviços pela internet.

Os equipamentos e softwares necessários para executar as soluções de tecnologia da informação ficam em centros de dados que estão ligados à rede (ou à nuvem). A tecnologia permite acesso a documentos, bancos de dados e sistemas de qualquer lugar do mundo, a partir de dispositivos (computadores, notebooks, tablets ou smartphones) com acesso à internet. As informações geradas também ficam armazenadas na nuvem.

A tecnologia reduz o investimento em ativos de tecnologia da informação (hardware e software). Para ter acesso aos serviços, as empresas precisam de conexão à internet e computadores com menor capacidade de processamento e armazenamento. Também não é necessário adquirir licenças de software e soluções de segurança, que podem ser contratadas em nuvem.

Os serviços mais procurados são do de virtualização de servidores - que envolvem a instalação dos softwares das empresas nas máquinas dos centros de dados -, serviços de mensageria (web mail), softwares de produtividade (como pacote Office), backup e armazenamento de dados. Com o crescimento da oferta, os provedores esperam explosão na contratação de sistemas de gestão empresarial (ERP) e gestão de relacionamento com o cliente (CRM).

Site: Valor Econômico
Data: 31/07/2014
Hora: 5h
Seção: Empresas
Autor: Ediane Tiago
Link: http://www.valor.com.br/empresas/3632714/computacao-em-nuvem-impulsiona-produtividade