O TI Rio dá início hoje, 22 de setembro, a uma série de entrevistas com alguns candidatos nas eleições 2014, que possuem algum tipo de compromisso com a área de Tecnologia da Informação (TI). O nosso objetivo é que cada parlamentar convidado, seja ele candidato pela primeira vez ou à reeleição, possa apresentar um minicurrículo e as suas propostas para o setor.
Deputado Federal
John Lemos Forman (PSDB)
Fundou a Tecso Informática em 1986, onde ficou por 20 anos e foi seu representante na fundação da Riosoft, bem como na Assespro-RJ e TI Rio/Seprorj, tendo participado da diretoria/conselho de todas estas entidades. Representante da Assespro Nacional no Conselho da Softex, colaborou com a renovação da governança da entidade e acabou aceitando convite para ser seu Diretor de Capacitação e Inovação, onde permaneceu por cinco anos. Se filiou ao Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) em 2013 para, pela primeira vez, disputar um cargo eletivo.
Quais são suas propostas para o setor da tecnologia da informação no Estado do Rio de Janeiro?
Como deputado federal quero muito defender os interesses do Rio de Janeiro no Congresso Nacional, buscando conciliar isto com os interesses do Brasil. Atualmente, o Rio é lembrado como capital brasileira do petróleo e a mudança nas regras de distribuições dos royalties impactaram diretamente nosso estado. Poucos ainda se lembram que o Rio foi também a capital brasileira da informática e concentra até hoje as principais universidades e centros de pesquisa do setor. Tanto assim que os novos centros internacionais de pesquisa que estão vindo se instalar no Brasil, ligados a grandes empresas multinacionais, tem escolhido o Rio para sediar estes empreendimentos. Por outro lado, ainda que a pesquisa desenvolvida no Rio possa ser aplicada no Brasil e no mundo, temos que aproveitar esta oportunidade para incrementar a interação universidade-empresa e potencializar o crescimento e consolidação de novos negócios de base tecnológica, em especial negócios envolvendo TICs. Isto não é um desafio fácil de ser alcançado, mas quero melhorar a legislação vigente para ajudar o Rio e o Brasil a chegar lá. As principais entidades de TI e de Telecom brasileiras prepararam documentos com propostas para os candidatos à presidência. Boa parte destas propostas passa pelo congresso e quero trabalhar para ajudar a alavancar as TICs em benefício do Brasil.
Em 2013, segundo a IDC (International Data Corporation) o mercado de TI no país teve um crescimento de 15,4%, o sétimo maior do mundo. Que propostas o senhor tem para ajudar o setor a crescer mais nos próximos anos?
Taxas de crescimento com mais de um dígito não são para qualquer um, especialmente para setores de um país que vem crescendo cada vez menos como o Brasil. As TICs estão cada vez mais presentes em todos os setores da economia, propiciando ganhos reais de produtividade e eficiência. Nos poderes da república (executivo, legislativo e judiciário) elas podem ainda resultar em maior transparência e engajamento com a sociedade. Mas um crescimento desta magnitude é explicado também pela defasagem que o Brasil tem em relação a países mais desenvolvidos. A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) divulgada recentemente pelo IBGE, já considerando a versão corrigida, mostra que temos motivos para comemoração mas que o uso da internet no país esta como o copo de água. Para uns esta meio cheio e para outros meio vazio. Meu entendimento é que precisamos continuar investindo para deixar o copo cheio e o maior número de brasileiros com acesso a banda larga. Isto por sí só já garantiria taxas excelentes de crescimento por muitos anos. Mas, precisamos ir além.
Precisamos investir em TI para buscar mais produtividade e eficiência de modo a tirar o máximo proveito dos recursos públicos arrecadados a cada ano. E para garantir que o congresso tenha condições de acompanhar o uso destes recursos, é preciso usar a TI para dar mais transparência a todo o processo, permitindo inclusive gerar indicadores que facilitem o acompanhamento também pela sociedade, assim como a identificação de eventuais problemas e a aplicação das correções que se fizerem necessárias.
A carência de mão de obra qualificada é um dos principais problemas da área de TI hoje no Brasil e no Estado do Rio de Janeiro. Caso eleito, como o senhor trabalhará para chegar a uma solução desta questão?
Me parece que o país está se dando conta da importância de se investir em Educação para garantir um futuro melhor para o Brasil. A carência de pessoal qualificado é um problema sério no setor de TI e também em diversos outros setores. Por outro lado, a TI pode ser aplicada na educação para aumentar o acesso ao conhecimento e melhorar a experiência do aluno em relação ao seu processo de aprendizagem. Mas, a tecnologia está avançando com muita rapidez e seu impacto na sociedade ainda não é plenamente entendido. Tive oportunidade de coordenar o seminário de TI na Educação durante o Rio Info 2014 e a troca de informações e experiências foi muito rica. A notícia ruim é que, a exemplo do que se sabe sobre o desenvolvimento de software com qualidade, não existe uma solução mágica que vai resolver o problema rapidamente. Além disto, todo mundo precisará saber usar as TICs se quiser ter um emprego bem remunerado no futuro, seja na indústria, no comércio ou no setor de serviços. Por isso, não podemos pensar a solução para o problema de qualificação de mão de obra apenas para um setor específico. Na minha opinião, precisamos investir no ensino fundamental e médio em tempo integral, com um currículo mínimo que poderá ser complementado com disciplinas eletivas. No currículo mínimo deveriam constar, dentre outras, um idioma além do Português e o domínio no uso de computadores e o acesso a informações pela internet. Já como eletivas, além da prática esportiva na própria escola, teríamos disciplinas de cunho artístico e cultural, mais idiomas e cursos técnicos/tecnológicos. Assim cada aluno poderia ir montando uma grade de disciplinas mais de acordo com suas habilidades e interesses. Importante também que o aluno aprenda a trabalhar em grupo e a descobrir novas fontes de conhecimento que o permitam continuar aprendendo depois que tiver se formado.
Neste cenário, voltando ao problema do setor de TI, um aluno que fosse se interessando pelas disciplinas "básicas" relacionadas com o uso da informática poderia escolher eletivas para aprender uma linguagem de programação mais sofisticada ou a trabalhar com redes de computadores. Assim, concluiria o ensino médio em condições até de iniciar um estágio numa empresa do setor.Mas para que isto se torne realidade e funcione é preciso pensar a legislação pertinente de forma que a mesma não seja prescritiva e que engesse o sistema. É preciso apontar a direção e garantir autonomia para que o sistema educacional tenha flexibilidade para se apropriar das tecnologias que julgar pertinentes e se ajustar à evolução destas tecnologias e da própria sociedade.
Para mais informações sobre as propostas do candidato acesse: www.JohnLemosForman.com.br