FBI critica encriptação de dados dos usuários da Apple e do Google

29/09/2014



A Apple e o Google, preocupados com as repercussões negativas sobre casos de vazamentos de informações, anunciaram, recentemente, que pretendem reforçar a encriptação de dados dos usuários de seus sistemas operacionais, o iOS e o Android. No caso da Apple, isso já é válido para o iOS 8, fazendo com que nem a própria empresa consiga acessar aos dados dos usuários armazenados no aparelho.

A notícia que foi comemorada por defensores da privacidade, no entanto, não agradou a agências do governo americano. Nesta quinta-feira (25), o diretor do FBI James Comey criticou em frente aos repórteres essa investida das empresas de tecnologia de criptografar as informações dos usuários, informa o The Verge.

Buscando suporte na legislação, Comey afirmou que acredita que “nós deveríamos poder obter um mandado de um juiz independente para ter acesso aos dados do smartphone de qualquer um”. Além da afirmação, o diretor completou sua crença com exemplos fortes. “A noção de que alguém anuncie um ‘armário’ que nunca possa ser aberto, mesmo que envolva um caso de sequestro de uma criança e um mandado judicial, para mim, não faz sentido”.

No caso da Apple o criptografia do iOS 8 inviabiliza que os dados do usuário sejam acessados mesmo com mandato judicial, uma vez que apenas o proprietário do aparelho possui a chave (que seria a senha de bloqueio do aparelho). No caso do Google, a empresa afirmou que a partir da edição “L”, que deve ser lançada em breve, todos os usuários irão possuir a encriptação dos dados, sendo uma função que já vem ativada nas configurações do aparelho.

A grande questão que envolveu este tipo de aumento de segurança por parte das empresas de tecnologia, porém, não tem tanto a ver com o tipo de situação usada como exemplo por Comey. O objetivo era conseguir proteger os dados dos usuários de órgãos governamentais que buscavam acessar essas informações sem um mandato, com coleta de dados não autorizada.

A Guerra de criptografia teve início ainda nos anos 1990 e judicialmente foi decidido que empresas como Microsoft e Apple poderiam oferecer serviços de criptografia completa dos dados aos usuários. O problema é construir uma backdoor que seja usada apenas pelos “mocinhos”.

Provavelmente o FBI e outras agências do governo continuarão a reclamar de aparelhos e serviços cada vez mais seguros, uma vez que a privacidade passou a ser um ponto fundamental de debate nos últimos anos e as empresas parecem cada vez mais destinadas a alcançar níveis maiores de segurança de dados para seus clientes.
 
Site: Canaltech
Data: 26/09/2014
Hora: 13h45
Seção: Internet
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