Provedores recomendam armazenamento no Brasil

01/10/2014

A preocupação das empresas brasileiras com o domicílio de seus dados está levando os principais provedores a enfatizar o armazenamento no Brasil, ou a chamada nuvem com CEP.

Além da segurança e a inviolabilidade dos dados há requisitos técnicos de performance que levam em conta a latência, ou atraso, que é uma limitação da velocidade da luz. Quanto mais próximo o processamento, menor o tempo de resposta (ou a latência). Em aplicações de missão crítica ou de comércio eletrônico, em que cada milissegundo pode fazer a diferença para o fechamento de uma venda, o delay pode ser fatal.

Quanto à inviolabilidade dos dados há temores com fatores como a legislação dos EUA, que obriga provedores de serviços americanos ou qualquer companhia com ações nas bolsas de Nova York a entregar informações de empresas caso o governo considere relevante para a segurança nacional, no que é conhecido como USA Patriot Act, ("Lei Patriótica").

Empresas como IBM e HP admitem que estão sujeitas ao ato patriótico, mas José Luís Spagnuolo, chief technology officer para cloud da IBM Brasil, diz que a exigência pode ocorrer em qualquer país caso a Justiça determine a entrega da informação. "No Brasil, se um juiz emitir um mandado de segurança temos de atender. A demanda de clientes que exigem que o dado esteja no Brasil acentuou-se após o episódio NSA, mas há clientes que preferem rodar fora do Brasil em alguns dos nossos datacenters", garante Spagnuolo.

Antônio Couto, estrategista de cloud da HP, ressalva que não é qualquer informação que tem de ser entregue, mas, sim, algo muito específico. Ele admite, porém, que empresas nacionais sem ações nas bolsas de Nova York são as únicas que podem garantir que a informação não será entregue. Os provedores nacionais - como Alog, UOLDiveo, Tivit e Localweb - sabem que esse é um diferencial, mas têm preferido não explorar esse viés. Gil Torquato, CEO do UOLDiveo prefere ressaltar os diferencias da empresa, como os dois datacenters tier 3.

"Oferecemos serviços na nuvem desde 2007 e, em 2014, fizemos um upgrade e uma parceria tecnológica para oferta de cloud enterprise com granularidade. São mais de 3 mil clientes em clouds públicas, privadas e híbridas. Não há multa para sair, o cliente paga o que usar, independente da capacidade alocada, e a medição é de hora em hora", distingue Torquato.

Fernando Cirne, diretor de marketing da Locaweb, diz que pensou em fazer uma campanha de marketing mas desistiu por considerar que poderia parecer oportunista. A maior parte das receitas ainda é de hosting, mas cloud é o serviço que mais cresce. São três ofertas de nuvem de 512 Mb a 2 Gb e a empresa criou uma nova unidade para o mercado enterprise, em que atua por projeto para clouds gerenciadas.

A Tivit ganhou um reforço com a recente aquisição da Synapsis, e agora conta com nove datacenters, sendo quatro no Brasil e cinco na América Latina. Segundo Carlos Gazaffi, vice-presidente de gestão, a estratégia é ter nuvens locais em cada país. Ele diz que há o aspecto cultural por questões de segurança e privacidade e também o de custos de conectividade.

"Dependendo da aplicação, um link internacional pode inviabilizar o serviço", observa Gazaffi.
A Alog opera no Brasil com dois datacenters tier 3 e lançou a oferta cloud exchange, que permite ao cliente corporativo contratar infraestrutura em qualquer provedor de nuvem que utilize a infraestrutura da Equinix - que adquiriu a Alog - nos EUA, Europa e Ásia. "Os maiores provedores de cloud usam infraestrutura Equinix", diz Eduardo Carvalho, presidente da Alog.

Site: Valor Econômico
Data: 30/09/2014
Hora: 5h
Seção: Empresas
Autor: Carmen Nery
Link: http://www.valor.com.br/empresas/3715544/provedores-recomendam-armazenamento-no-brasil